O Município de Olhão e o Projeto SER Mental, da Associação Movimento Juvenil em Olhão (MOJU) promoveram, na passada sexta-feira,

o Fórum A saúde mental em Olhão - situação atual e caminhos futuros, que contou com a participação de cerca de 40 técnicos da área, assinalando-se desta forma o Dia Mundial da Saúde Mental.

O fórum, que decorreu online devido às atuais circunstâncias impostas pela covid-19, juntou em torno do mesmo tema representantes de entidades tão diversas como o Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Administração Regional de Saúde do Algarve (Grupo de Apoio à Saúde Mental Infantil e Cuidados Continuados), Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Olhão, agrupamentos de escolas de Olhão, câmaras municipais de Albufeira e Cascais ou Associação de Saúde Mental do Algarve, entre outros.

Elsa Parreira, vereadora do Município de Olhão com o pelouro da Saúde, justificou a realização deste ‘encontro’ virtual com “a transferência de competências ao nível da saúde” para as autarquias.

À semelhança de outros concelhos, “em Olhão quer-se construir um caminho partilhado por diversos agentes em torno da promoção da saúde, criando-se mecanismos como os fóruns e outras iniciativas para a partilha de conhecimentos”, referiu ainda a autarca olhanense, que assumiu “a necessidade de se fazer melhor no nosso concelho.

Queremos aprender com quem faz mais e melhor que nós, daí o importante contributo que foi dado neste fórum pelos colegas de Albufeira e Cascais, que mostraram como desenvolvem o seu trabalho”.

Angelique Alho, psicóloga educacional da Divisão de Educação e Ação Social do Município de Albufeira, partilhou o processo de criação e o funcionamento de uma rede concelhia de profissionais da saúde mental, designada por “Macramé”.

Ricardo Caldeira, Chefe de Divisão de Promoção da Saúde do Município de Cascais, deu a conhecer um vasto conjunto de projetos e atividades desenvolvidas no âmbito da promoção da saúde junto dos munícipes daquele concelho, destacando o Fórum Concelhio para a Promoção da Saúde, constituído por um plenário, um grupo de coordenação e diversos grupos de trabalho.

A importância da intervenção precoce na área da saúde mental foi destacada ao longo desta manhã de partilha de experiências.

Entre muitos outros contributos, foi referida a recente criação, pela Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL) de mais uma resposta na área da saúde mental: a Unidade Sócio-Ocupacional para Adolescentes (USOA).

Trata-se de mais um instrumento que integra a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados, como referiu a psicóloga da Associação, Elisabethe Noronha, para quem deve ser dada à saúde mental a mesma importância que damos à saúde física.

“É necessário estarmos bem psicologicamente, porque isso é a base de tudo”, testemunhou.

“Esta USOA é uma resposta inovadora e pioneira que dá apoio especializado aos jovens a partir dos 13 anos e até aos 17, com perturbações mentais e/ou do desenvolvimento e estruturação da personalidade”, referiu aquela especialista.

Qualquer concelho pode referenciar os casos que existem na sua área de atuação, uma vez que a unidade, apesar de ter sede em Loulé, é de âmbito regional. Aliás, a Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO) é uma das instituições parcerias.

A USOA dispõe de apoio nas áreas de reabilitação, treino de autonomia e desenvolvimento de competências sociocognitivas, apoio e reabilitação psicossocial nas atividades de vida diária, apoio sócio-ocupacional, incluindo atividades psicoeducativas, lúdicas e desportivas, atividades de psicoeducação para familiares e outros cuidadores e de articulação com estabelecimentos de ensino, incluindo apoio e encaminhamento para serviços de formação profissional.

A diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, fez outra das intervenções marcantes do fórum, alertando para o facto de “a crise atual que vivemos, vai trazer consequências para a nossa saúde mental”.

Aquela dirigente destacou ainda “o bom trabalho que se faz nesta área no Algarve.

O problema é que os serviços estão dimensionados para os residentes, mas quem recorre às nossas instituições são muitos mais, pessoas que vivem cá mas não têm cá residência, apesar de usufruírem da mesma forma dos nossos serviços”.

Por este motivo, Margarida Flores exortou à ”defesa do Algarve”, referindo a importância de “dizer o que estamos a fazer bem, que existem muitos e bons projetos nesta área”.

Este fórum, o primeiro de vários, de acordo com a vereadora Elsa Parreira, “foi muito produtivo, tivemos importantes contributos; entre outros, os dos colegas dos municípios de Albufeira e Cascais, que mostraram como fazem bem; foram muito inspiradores.

Estivemos a refletir para construír com inspiração”, referiu a vereadora, destacando que “a pandemia pôs muito mais a descoberto esta problemática da saúde mental.

Como tal, é imperioso continuar a trabalhar nesta área”.

Carla Fernandes, psicóloga clínica e coordenadora do Projeto SER Mental, moderou a discussão entre as entidades convidadas em torno da construção dos caminhos futuros com o intuito de recolher contributos para o reforço da resposta concelhia na área da saúde mental.

O SER Mental – Serviço Especializado em Rede para a Promoção da Saúde Mental na Infância e Adolescência, é um serviço comunitário de intervenção especializada com base no trabalho de parceria, cujo principal objetivo é prevenir precocemente os fatores de risco e promover os fatores de proteção na saúde mental das crianças e jovens no concelho de Olhão.

Esta iniciativa destina-se a jovens entre os 13 e os 21 anos, a famílias com pelo menos um filho (até aos 21 anos), a alunos do 3º ciclo do ensino básico e secundário, a pessoal docente e não docente, técnicos e/ou outros profissionais da comunidade e à sociedade civil em geral.

O projeto desenvolve diversas atividades estruturadas em quatro eixos (SER Jovem, SER Família, SER Escola & Comunidade e SER Digital) e é co-financiada pelo Portugal Inovação Social, CRESC Algarve, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu, que conta com cinco investidores sociais locais: o Município de Olhão e as freguesias de Olhão, Quelfes, Pechão e Moncarapacho-Fuseta.

No Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, aproveitou-se a efeméride para lançar um website dedicado à promoção da literacia em saúde mental, em  www.sermental.pt.

Por: CM Olhão