A fileira do imobiliário e da construção continua de pedra e cal, mesmo com os constrangimentos trazidos pela pandemia e pela guerra da Ucrânia que provocaram uma subida a pique dos preços dos materiais. O dinamismo sentido nos setores em 2022 foi tal que o número de trabalhadores contratados e os salários médios brutos subiram mais de 5% no trimestre terminado em setembro de 2022 face ao mesmo período do ano passado, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quinta-feira. Apesar da subida salarial, estas atividades económicas continuam a ser das menos bem remuneradas no país.
Qual é o salário dos trabalhadores do imobiliário e da construção?
No contexto nacional, “a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 4,0% no trimestre terminado em setembro de 2022 (3.º trimestre do ano), em relação ao mesmo período de 2021, para 1.353 euros”, revela o boletim do INE publicado esta quinta-feira, dia 10 de novembro. Já tendo em conta a inflação no país - que atingiu os 10,2% em setembro -, a remuneração bruta total média diminuiu 4,7%.
E os maiores aumentos dos salários médios brutos foram observados na educação (+7,1%), nas atividades de consultoria, científica, técnicas e similares (+6,8%) e nas atividades de informação e de comunicação (+6,4%).
Também o imobiliário e a construção fazem parte da lista dos 10 ramos empresariais em que os salários dos trabalhadores mais subiram num total de 20 atividades económicas consideradas pelo instituto:
- Imobiliário: os trabalhadores viram os salários subir 5,8% entre o terceiro trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, uma evolução que lhe valeu a 6ª posição entre os maiores aumentos salariais. A remuneração bruta no imobiliário por trabalhador fixou-se em 1.199 euros mensais no trimestre terminado em setembro.
- Construção: os salários dos trabalhadores subiram 5,2% entre estes dois momentos para 1.076 euros brutos mensais. A evolução anual dos salários na construção foi a nona mais elevada da lista, mostram os dados.
Apesar das subidas nas remunerações aos trabalhadores, a construção e o imobiliário continuam a estar entre as atividades económicas menos bem remuneradas do país, estando entre as 10 mais baixas, numa lista em que o setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca ocupa o último lugar – aqui são pagos 894 euros brutos mensais.
Neste período, não foram observadas variações negativas da remuneração total média por trabalhador, tendo as menores variações homólogas sido observadas nas atividades de administração pública e defesa e segurança social obrigatória (0,5%), nas atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (0,8%) e nas atividades financeiras e de seguros (0,8%).
O INE também destaca que os menores aumentos salariais foram registados nas empresas com 500 ou mais trabalhadores (1,8%), no setor das administrações públicas (2,0%) e nas empresas de serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento (0,8%). Já as maiores subidas na remuneração dos trabalhadores foram observadas nas empresas de 1 a 4 trabalhadores (6,6%), no setor privado (4,9%) e nas empresas de serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento (6,4%).
Quantos trabalhadores estão empregados no imobiliário e na construção?
Há também mais pessoas empregadas na maioria das atividades económicas – 17 em 20. Foi o setor do alojamento, restauração e similares que viu o número de trabalhadores crescer mais no terceiro trimestre de 2022 face ao mesmo período de 2021, um momento que coincide com o verão, uma época em que surge naturalmente mais emprego neste ramo para responder à chegada de turistas ao país.
E também o setor da construção e do imobiliário viram o número de trabalhadores crescer num ano:
- Construção: este é um setor onde há falta estrutural de mão de obra qualificada. Mas este verão esteve a contratar, havendo hoje mais 5,6% de profissionais do que havia no ano passado. Contam-se 322 mil trabalhadores na construção em Portugal no final de setembro, revelam os dados do INE.
- Atividades imobiliárias: também há mais 5,3% de profissionais a trabalhar nesta área, perfazendo um total de 52,6 mil trabalhadores. A dinâmica atual do imobiliário, alimentada pela procura de casas para comprar, está a tornar esta profissão mais atrativa.
Por outro lado, houve três setores que viram o número de trabalhadores cair. A maior queda foi observada na educação (-6,2%), seguida do ramo da eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (-2,7%) e das atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (-0,5%)
De notar que estes resultados abrangem 4,5 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações, refere o instituto.
Por: Idealista