Voz do Algarve: O Teatro das Figuras fez 15 anos este ano. Conte-nos um pouco da história de existência do Teatro?
Gil Silva: O teatro abriu em 2005 integrado na rede Nacional de teatros pelo Ministro Manuel Maria Carrilho em que abriram vários espaços e foram reconstruídos outros tantos e a cidade foi contemplada com a possibilidade de entrar nesta rede. Para além disso, nesse ano Faro foi a Capital da Cultura. Desde essa altura até agora temos sido uma casa de referência a nível nacional e a Sul do tejo talvez sejamos o melhor equipamento que existe.
VA: Relativamente ao Covid-19, qual é o balanço que faz da pandemia no que toca ao impacto que teve no Teatro das Figuras?
GS: Tínhamos a nossa programação toda agendada para este ano. Em março vimo-nos forçados a encerrar as nossas atividades ao público e a reagendar a maior parte dos espetáculos que tínhamos previsto. Cancelámos dois apenas, Gal Costa e Carminho por dificuldade de datas. Uma porque as viagens para o Brasil agora estão mais complicadas e não sabemos como as coisas vão correr e a Carminho pela maternidade da mesma. Relativamente aos outros espetáculos, estamos a reagendá-los, alguns no último trimestre de 2020 e no primeiro e segundo trimestre de 2021. Para além disso, percebemos a urgência da classe artística de Faro e lançamos uma série de medidas em parceria com a Câmara Municipal de Faro de apoio aos artistas, especialmente três medidas que tiveram bastante adesão. Uma delas foi o Ciclo Figuras em Casa em que apoiamos 25 projetos e em que os artistas gravavam a partir de suas casas e nós transmitimos a partir das nossas plataformas digitais e que futuramente em 2021 os convidamos a apresentar o resultado da residência aqui no teatro. Outro exemplo, foi o Ciclo Bandas ao Figuras em que apoiamos 12 projetos de bandas locais também para dar apoios a estas estruturas e artistas.
VA: Em relação à economia, qual foi o impacto que o covid-19 provocou no Teatro das Figuras?
GS: A nível económico o principal impacto foi nas receitas, porque estávamos a prever ter determinadas receitas com os espetáculos e com toda a situação não obtivemos as receitas esperadas. Obviamente que isso teve algum impacto, mas estamos a caminhar e tranquilos.
VA: Quais as medidas tomadas pelo Teatro das Figuras para combater o covid-19?
GS: Temos tido o cuidado de respeitar as normas de segurança e orientações da Direção Geral de Saúde e do Ministério da Cultura. Respeitaremos nos nossos espetáculos as distâncias de segurança e teremos também setas a indicar a entrada e a saída do edifício. Para além disso, temos os dispensadores de gel desinfetante, ou seja, temos diversas medidas para que os espetáculos decorram em segurança.
VA: Quais serão as medidas futuras para a retoma das atividades?
GS: Como já disse, estamos a seguir as normas da DGS e em setembro pretendemos abrir o teatro. Já tivemos uma experiência agora em junho com o concerto do Diogo Piçarra que decorreu bastante bem e que esgotamos. Esse concerto estava inserido num festival que existiu a nível nacional, mas a partir de setembro vamos ter programação regular, obviamente sempre condicionados à evolução da pandemia. Neste momento, o que estamos a fazer é limitar os auditórios a metade da lotação. Temos uma capacidade de cerca 800 lugares e reduzimos para sensivelmente 300 e poucos lugares.
VA: Irão ter alguma campanha? preços mais baixos? o que vão fazer para aliciar o público?
GS: Ao nível dos valores praticados, obviamente que estamos a ter em conta e exemplo disso foi no nosso aniversário dos 15 anos do Teatro das Figuras, em que implementámos um valor simbólico de 5 euros. Depois depende dos espetáculos que recebemos, muitas vezes não temos qualquer poder para negociar os valores dos bilhetes, mas o que pretendemos e queremos programar será com um preço mais acessível.
VA: Que mensagem gostaria de deixar aos artistas e aos amantes de cultura nestes tempos conturbados?
GS: A mensagem que se pode deixar nesta altura é de esperança para dias melhores em que esta pandemia seja terminada e que voltemos a uma rotina mais consentânea com as nossas vontades e com as nossas necessidades. No fundo, que o papel da arte não se perca porque é um papel fundamental e que neste período de confinamento a arte se tenha revelado importante nas nossas vidas e que por isso nos ajudou a passar muito do nosso tempo. Se nós não tivéssemos acesso ao cinema, às séries de televisão e a outras manifestações artísticas, seria muito mais difícil passar este tempo isolados. É importante que se perceba que a arte tem um papel muito importante na vida de todos nós.
Por: Carolina Figueiras