Ramon Jacinto, 23 Anos, Licenciado em Gestão de Empresas, pela Universidade do Algarve, filho de Louletanos, nascido no Brasil, a viver em Portugal desde os 8 meses de idade, resolveu abrir uma loja de Merchandising da cadeia italiana Cannabis Store Amsterdam em Faro. Inaugurada a 27 de outubro, nessa data era a primeira loja deste tipo no Algarve, dias depois, surgiu uma outra loja da mesma marca em Lagos. Atualmente já existem mais de 130 espaços no mundo com mais de 200 produtos à venda. Os artigos comestíveis são feitos à base de CBD (canabidiol) uma das 113 substâncias da erva que não cria efeitos psicoativos.
A Voz de Loulé - De onde nasceu a ideia de abrir uma loja de produtos da marca Cannabis Store Amsterdam ?
Ramon Jacinto - A ideia surgiu quando, estando em Palma de Maiorca de férias com a minha namorada, no início do mês de setembro, vimos uma loja da Cannabis Store Amsterdam e decidimos entrar. Imediatamente pensámos em abrir uma loja destas em Portugal, sem sequer saber da existência de outras no nosso País. Quando chegámos a Portugal, vi no Instagram uma foto do rapper Sam The Kid, com um chapéu da marca, que identificava a loja de Lisboa.
Depois tentei entrar em contacto com as várias lojas que fui descobrindo para assim tentar obter informação e conseguir o meu próprio espaço de venda no Algarve.
VL - Porque escolheu abrir uma loja da Cannabis Store Amsterdam na cidade de Faro?
RJ - A minha ideia inicial era ter um espaço em Loulé, mas por razões diversas, optei por Faro, primeiro porque encontrei um espaço comercial livre, e depois porque é a capital do Algarve uma Cidade Universitária e a proximidade ao aeroporto como local de entrada de muitos turistas.
VL - Como funciona o licenciamento deste tipo de loja? Qual o papel do Infarmed na autorização de comercialização?
RJ - O infarmed não tem que nos dar autorização porque, aquilo que vendemos é cânhamo industrial ou cannabis sativa L. Sendo a nossa loja um franchising, foi a empresa mãe, que lidou com todo o processo de licenciamento para operar em Portugal, eu apenas tive que garantir a licença de porta aberta, como em qualquer espaço comercial.
VL - Que produtos vendem?
RJ - Temos uma gama de produtos muito extensa. Temos a parte do merchandising, roupas e acessórios como mochilas, temos também a parte dos comestíveis e das bebidas, desde bolachas e chupa-chupas a refrigerantes e cerveja. Temos também acessórios como mortalhas, filtros, cachimbos ou grinders e artigos de decoração/souvenirs. Temos cosméticos, óleos à base de CBD (canabidiol) que podem ajudar a relaxar e a minimizar a dor em diversas doenças como Parkinson, Alzheimer, cancro ou epilepsia.
VL - Qual o investimento inicial para abrir esta loja?
RJ - Neste tipo de franchising há dois tipos de modalidade de investimento. A maior parte dos franqueados e até eu, optámos pela versão mais económica sem a parte da coffeshop, ficando assim o investimento inicial em 25000€, fora outros gastos como a aquisição da mercadoria da primeira encomenda, para além de gastos gerais como as despesas do espaço comercial, pintura, alarme, água e luz, software de faturação para alem da renda mensal.
VL - Qual a estimativa do volume de vendas para os primeiros anos?
RJ - A nossa previsão inicial foi obter cerca de 50000€ no primeiro ano, sendo que teremos que pagar todos as despesas iniciais e tentar duplicar no segundo ano e subir, ou pelo menos manter, nos anos seguintes.
VL - Quando se fala em Cannabis, existe a ideia de que se trata de produtos com efeitos psicoativos. Desmistifique esta ideia.
RJ - A planta de Cannabis é composta por diversas substâncias entre elas as mais conhecidas THC e CBD. O THC é a parte psicoativa da planta, o que é ilegal em Portugal e na União Europeia a partir de um certo limite. O CBD é a parte medicinal da planta e é o que contém alguns dos nossos produtos para ajudar a combater certas doenças como já anteriormente referi.
VL - Está preparado para lidar com alguma desinformação da população em geral?
RJ - Sim claro, todos os dias têm aparecido pessoas na nossa loja a perguntar as diferenças entre CBD e THC e até mesmo a perguntar o que é o CBD, mesmo pessoas que consomem cannabis convencional, que compram na rua e já o fazem há muitos anos, têm uma certa ignorância sobre o assunto porque acabam por consumir substâncias psicoativas que não sabem, porque também não se informam, de como é constituída essa planta e os químicos que leva no seu crescimento.
Na nossa loja tentamos sempre explicar e aconselhar da melhor maneira possível cada cliente.
VL - Tendo aberto duas lojas da marca há pouco tempo no Algarve, é de esperar a abertura de novas lojas nos próximos anos? Qual a sua perspetiva?
RJ - A marca chegou a Portugal em junho, em Lisboa, Braga e Espinho os primeiros espaços comerciais e agora prevê-se que fique com cerca de 25 espaços nos próximos meses, sendo um franchising e um responsável por cada espaço salvo exceções em que um proprietário tem mais de 1 espaço.
Ao nível do Algarve a marca já tem mais alguns contratos assinados para a região sendo que até ao fim do primeiro semestre de 2020 suponho eu, irão existir 7 ou 8 lojas, a contar já com as que estão abertas. Penso que as próximas cidades serão Portimão, Albufeira, Quarteira ou Vilamoura e Tavira.
VL - A vossa aposta incide em que tipo de cliente. Qual a principal faixa etária?
RJ - O nosso principal cliente pensava eu segundo me informei com outras lojas antes de abrir a minha, seriam os turistas e pessoas acima dos 40 anos. Até agora para grande surpresa minha, e ainda bem, temos tido pessoas de todas as idades, principalmente entre os 18 e os 50 anos de idade. Temos também muitos turistas, sobretudo franceses e do Reino Unido.
Temos artigos para todas as pessoas, para todos os gostos e todas as idades para também ajudar a quebrar o tabu que infelizmente ainda existe no nosso país sobre este tema.
Por: Nathalie Dias