O atual executivo camarário completou, no passado dia 19 de outubro, 3 anos desde a sua tomada de posse na Câmara Municipal de Loulé. Tempos vividos ao ritmo de uma conjuntura macro económica favorável, como o próprio afirma, que terá facilitado o trabalho de Vítor Aleixo, que faz hoje um balanço do seu mandato à frente da Autarquia Louletana.

Voz do Algarve –   Completou em outubro  do ano passado 3  anos de mandato. Como viveu este mandato até aqui  e que  balanço faz até ao momento?

Vítor Aleixo - Ao fim de pouco mais de três anos de mandato vividos intensamente, com muito trabalho para o Concelho e para as pessoas, sinto que os objetivos que nos propusemos foram atingidos.

Fizemos face a um passivo pesadíssimo de 80 milhões de euros mas reequilibramos as finanças municipais, ajudámos pessoas e famílias em situação muito difícil e pelo meio ainda fomos fazendo várias obras públicas e inúmeras realizações de grande qualidade nas áreas do Desporto e Cultura.

 

V.A. – Qual considera  ser  a sua  maior realização  autárquica  até ao momento?

Vítor Aleixo - O reequilíbrio financeiro das contas municipais que nos permite encarar o futuro com  confiança e otimismo.

Passámos momentos de grande aperto em 2013 e 2014 mas graças a uma conjuntura macroeconómica favorável e à nossa boa gestão municipal conseguimos voltar a uma situação de normalidade e com uma lição aprendida: nunca se deve gastar os dinheiros públicos com ligeireza e ao menor sinal de crise ou de redução das receitas deve-se ser cauteloso porque estamos sempre a falar da vida das pessoas e dos serviços que são prestados nas escolas, em recintos desportivos, em lares de idosos, no licenciamento de processos, higiene das ruas, jardins e tantos outros ainda.

 

V.A. -   Que projetos e obras  concluiu  até à data  e quais  espera  ainda  concretizar  até ao final do mandato?

Vítor Aleixo - Concluímos algumas grandes obras que encalharam durante anos. A nossa primeira prioridade mal chegámos foi retomar essas empreitadas para as concluir a tempo de não ter de devolver muito dinheiro comunitário. Falo da estrada da Goncinha até ao IKEA, do Passeio das Dunas (1ª fase), da Avenida da Fonte Santa e da Papa Francisco em Quarteira ou da Av.ª 5 de Outubro em Almancil.

Ao mesmo tempo que concluímos essas, fomos encomendando novos projetos e lançando outras obras de nossa iniciativa.

Na política local, com ciclos políticos de quatro anos, é sempre assim. Quem chega de novo, se for capaz e dedicado, termina o que está por concluir. Depois têm início novos projetos e obras que depois outros, ou os mesmos, concluirão no mandato seguinte. Foi sempre assim. E pouco adianta o paleio de feira que muitas vezes se ouve por aí.

Do anterior ciclo político só não concluí o que na minha opinião representava gastos exagerados ou obras sobredimensionadas para as nossas necessidades. Por exemplo uma Avenida de 4 vias, com separador e derrube de dezenas de pinheiros para chegar a Quarteira. Ou ainda uma nova estrada cujo projeto teve que ser todo alterado pelas mesmas razões que ligará a Rotunda das Pereiras na EN 396 perto do Aquashow às Escanxinas na Freguesia de Almancil.

Se falamos de concretização tenho de referir as muitas obras já lançadas ou a lançar por todo o Concelho, do interior ao litoral, passando pela cidade de Loulé que serão concluídas nos primeiros anos do mandato seguinte. É uma grande lista e só vou falar de algumas. As mais volumosas. Solar da Música Nova, Palácio dos “Espanhóis”, 2ª Fase do Parque Municipal, Requalificação do Convento de Santo António e toda a sua envolvente e uma nova Avenida, a “Via Marroquia”, em Loulé. Nova Escola D. Dinis e Pavilhão Desportivo, 2ª Fase do Passeio das Dunas, novo Quartel da GNR, Novo Espaço Cultural em Quarteira. Para Almancil e Boliqueime temos em curso projetos e empreitadas de abastecimento de água e esgotos, um novo Quartel da GNR (Almancil), uma nova avenida da EN125 até ao centro da povoação (Boliqueime).

 

Do anterior ciclo político só não concluí o que na minha opinião representava gastos exagerados ou obras sobredimensionadas para as nossas necessidades. Por exemplo uma Avenida de 4 vias, com separador e derrube de dezenas de pinheiros para chegar a Quarteira. Ou ainda uma nova estrada cujo projeto teve que ser todo alterado pelas mesmas razões, que ligará a Rotunda das Pereiras na EN 396 perto do Aquashow às Escanxinas na Freguesia de Almancil.

 

V.A. –   Como  tem sido a relação  desta autarquia  com as  Juntas de  Freguesia  do Concelho? E com os  Clubes Desportivos e Associações Culturais, Sociais e Recreativas?

Vítor Aleixo - Ora bem, estamos a falar de relações distintas.

Com as Juntas de Freguesia elas são por um lado institucionais e de respeito porque estamos a falar de autarquias locais com autonomia própria e por outro lado de grande cooperação e de grande abertura para a resolução dos problemas mais prementes das populações que representam.

Aliás mantivemos e reforçámos a figura dos Contratos Programa com todas elas, que diga-se têm uma longa tradição no nosso Município. Por via dos Contratos Programa as Juntas Freguesia desenvolvem as suas atividades com base nos seus programas e ideários e sempre com forte apoio financeiro da Câmara.

Para que se tenha uma ideia aproximada do que é a cooperação da Câmara deixo esta informação, por cada euro que uma Junta recebe do Orçamento Geral do Estado a Câmara acrescenta 3,77euros. Durante este ano iremos transferir para as Juntas um valor muito próximo dos 3.400.000.00 euros (três milhões e quatrocentos mil euros)

Para além disso prestamos todo o apoio que nos é solicitado nas mais diversas iniciativas e em áreas para as quais nem sempre têm capacidade de concretização como acontece com a manutenção dos espaços verdes e da higiene pública.

Posso dizer-lhe que independentemente do governo de cada uma delas, o tratamento e disponibilidade que lhe temos dado, entendemo-los como exemplares e assim iremos prosseguir até ao final deste nosso mandato.

Essa mesma justiça e equilíbrio estão bem evidentes e expressas nas nossas relações com as mais diversas coletividades, clubes e associações do nosso Município.

As regras foram definidas e concertadas com cada uma delas de acordo com a sua representatividade e desde que observadas a Câmara têm vindo a disponibilizar, em tempo, os apoios financeiros, logísticos e materiais indispensáveis à concretização dos seus planos de atividades.

Digamos que vivemos um período de acalmia reivindicativa porque todos compreendem as regras do jogo e todos sabem que têm um papel insubstituível nas dinâmicas sociais, culturais e desportivas e por isso mesmo são nucleares para um Município que se quer vivo e líder.

 

No caso do IKEA e Mar Shopping Algarve trata-se de uma nova e poderosíssima centralidade entre Faro e Loulé que obrigará a reequacionar muita coisa nestas duas cidades. Mobilidade e política de transportes, cultura e património, desporto e qualidade dos espaços citadinos serão os termos de uma equação a partir de agora em aberto.

Quer para Loulé quer para Faro.

 

V.A. –   Sendo do interesse geral da população,  pela expectativa de criação de  muitos postos de trabalho, como  vê  a concretização do IKEA  e Mar Shopping Algarve,  assim como os restantes processos relacionados com grandes  projetos no nosso Concelho, nomeadamente o  Ombria Resort,  o Alma Plaza Lifestyle Center,  em Almancil, a  Quinta do Freixo e  o Algarve  Cluster Multiusos?

Vítor Aleixo - Creio que estará a meter no mesmo saco investimentos de natureza diferente. Uma coisa são grandes projetos e investimentos de muitas centenas de milhões de euros para a área do turismo, do lazer / entretenimento, da logística e da inovação e outra, bastante diferente, são os projetos de Grandes Centros Comerciais.

Em relação aos primeiros não duvido em momento nenhum do seu impacto positivo na economia do turismo e na criação líquida de muitos e bons postos de trabalho. Os segundos talvez sejam aconselhável aguardar para o arranque da sua atividade para um ano ou dois depois se fazer um juízo mais definitivo. Aqui a atitude, na minha opinião, claro, deve ser: esperar para ver.

Dito isto o que importa neste momento é encarar as oportunidades que aqueles investimentos representam para nós. No caso do IKEA e Mar Shopping Algarve trata-se de uma nova e poderosíssima centralidade entre Faro e Loulé que obrigará a reequacionar muita coisa nestas duas cidades. Mobilidade e política de transportes, cultura e património, desporto e qualidade dos espaços citadinos serão os termos de uma equação a partir de agora em aberto. Quer para Loulé quer para Faro.

Vêm aí grandes desafios e muito trabalho.

 

V.A. –  Do ponto  de vista das aprovações camarárias,  qual o ponto de situação de cada um destes projetos e qual a previsão para o início da implantação e construção destes investimentos?

Vítor Aleixo – Como referi anteriormente basta passar por ali, a construção avança e a intenção dos investidores é a partir do próximo verão abrirem portas ao público.

Relativamente aos outros, com excepção da Quinta da Ombria que está já com muitos trabalhos no terreno enquanto as novas fases se ultimam em termos de projeto, encontram-se na fase de tramitação processual a fim de que possam ser licenciados no melhor prazo possível. Estamos atentos e cooperantes relativamente a todos eles.

 

V.A. –   Tendo em vista a estimativa de investimento no Concelho  e  de oferta de empregos diretos e indiretos,  qual  o  impacto económico e social  que estes terão no  Concelho de Loulé a curto,  médio e longo prazo?

Vítor Aleixo - De tal ordem é importantíssimo para nós a criação de mais postos de trabalho que este ano isentámos as empresas sediadas neste concelho do pagamento da Derrama como medida de estímulo à economia e criação de emprego. Acrescento apenas que toda a criação de novos postos de trabalho é muito bem-vinda e se me é permitido também gostaria de expressar o desejo de que o trabalho das pessoas fosse mais valorizado e melhor remunerado.

 

V.A. –   Foi um dos “lutadores” contra a pesquisa, prospeção e exploração do petróleo e gás no algarve. Tendo em conta as recentes decisões do governo, que balanço faz desse dossier?

Vítor Aleixo - Faço um balanço positivo, para já, embora não possamos ainda estar absolutamente tranquilos. Registo e saúdo a coragem deste governo que na pessoa do senhor Secretário de Estado, Jorge Seguro, em boa hora denunciou dois dos três contratos no ativo. Falta um. O que respeita ao Barlavento Algarvio na Costa Vicentina e Bacia do Alentejo. Tenho confiança na palavra daquele membro que nos assegurou que manterá a mesma atitude de rigor e vigilância sobre o teor do contrato ainda em vigor a fim de o poder denunciar, se tal oportunidade se apresentar.

Gostaria também de manifestar a minha confiança nos movimentos cívicos que muito lutaram, nas associações empresariais, nos meus colegas presidentes de câmara e nos algarvios em geral para que continuem atentos a fim de que o espectro da Região Petrogarve, expressão cunhada com toda a felicidade pela investigadora Luísa Schmidt, desapareça definitivamente das nossas preocupações em 2017.

 

V.A. –   As  alterações climáticas têm sido uma das bandeiras deste mandato autárquico. O que pensa que se pode fazer à escala local, do concelho, se a região e o País não se envolverem na mesma causa?

Vítor Aleixo - Está a partir de um pressuposto errado. A Região o País e todo o Mundo irão envolver-se nesta questão. Cada vez mais. Não há volta a dar. O que está em causa é a nossa vida no planeta. Em todo o mundo existem milhões e milhões de pessoas cada vez mais conscientes de que aquecimento global só poderá abrandar se cada um de nós mudar alguma coisa na sua vida. Andar mais nos transportes públicos, andar a pé ou usar mais a bicicleta, ser capaz de aprender a viver bem com conforto mas consumindo menos. Poupar e reutilizar, preferir a economia local à global sempre que isso for possível. Todas estas escolhas só dependem de nós e é a maior ajuda que se pode dar se queremos deixar um futuro para os nossos filhos e netos.

Em Loulé somos dos primeiros em Portugal a aprovar e adotar uma Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) e somos conhecidos no país inteiro também por essa causa ética.

Temos vinte e oito Opções de Adaptação para implementar no futuro próximo. Tenho a certeza que vamos vencer também este desafio. Todos estão convidados para fazer a sua parte.

 

V.A. –   Estando no último ano deste mandato autárquico, já tomou a decisão da sua próxima candidatura? Ou ainda não é o momento oportuno para essa divulgação?

Vítor Aleixo - Mais à frente, no momento próprio, a candidatura do PS e de muito mais gente à Câmara será anunciada. Não temos pressa ainda há muitos meses de trabalho pela frente.

 

V.A. –   Gostaria de acrescentar algo que ainda não lhe perguntei?

Vítor Aleixo - Pode ficar para outra entrevista?

 

V.A. –   Claro que sim, estamos sempre disponíveis para novas entrevistas e assim ajudar no esclarecimento dos nossos leitores.

Vítor Aleixo - Muito Obrigado por esta entrevista e Bom 2017 para todos os leitores da Voz do Algarve.

 

Nathalie Dias