Os esclarecimentos dados pela Câmara Municipal de Tavira não convenceram o grupo de habitantes que pretendem travar a construção de uma nova ponte na cidade “numa solução que vai contra a vontade da população”, revelaram hoje.

A câmara “veio falar, mas não veio esclarecer”, afirmou à Lusa Marta Rogado, do movimento ‘Tavira Sempre’, adiantando que o grupo fará “tudo o que estiver ao seu alcance” para parar a obra e usará “todos os meios possíveis e necessários para o impedir”, não especificando, no entanto, quais.

O movimento considera que o comunicado nada adianta sobre “a pouca importância que a câmara deu ao centro histórico da cidade e à população” desde o momento em que lançou o caderno de encargos e o porquê de criar “mais uma ponte rodoviária” depois da construção de outros duas, havendo cinco travessias em quilómetro e meio.

Afirmam que se mantêm as três razões que mobilizam o movimento e que, somados, se traduzem na posição: “Este projeto não!”: A componente arquitetónica, “numa imagem completamente básica, um mono de betão desproporcionado ao local onde está inserido”, a de mobilidade, “voltando a colocar o trânsito num parque central e pedonal contrariando o conceito “slow city” abraçado pela cidade e, por fim, facto de “todo o processo ter sido feito à revelia das pessoas, construindo uma ponte com 10 metros de largura, bem maior que a atual”, destacou Marta Rogado.

Em comunicado, a autarquia revelou que o avanço do projeto que pretende substituir a antiga ponte militar foi noticiado no site, nas redes sociais e na comunicação social em março de 2016, revelando ser “uma estrutura de betão, assente em dois pilares”, face à distância entre as margens e a vontade de “manter aberto o trânsito automóvel num único sentido”.

Adiantou ainda, que o desenho da nova ponte corresponde a “uma reinterpretação contemporânea das construções formais existentes no local” e que a infraestrutura caracteriza-se pela “simplicidade, leveza e qualidade de acabamentos”.

Argumentos que não demovem o movimento que admite “ter acordado tarde” e ter havido alguma passividade por parte da população, que apenas “despertou para a situação” quando os tapumes foram colocados. “Ainda estamos no momento de parar, porque ainda não foi lá feito nada”, afirma Marta Rogado.

O movimento gostaria que houvesse bom senso da câmara municipal e “suspendesse” a obra, abrindo o debate à população, com uma sessão de esclarecimento às questões colocadas sobre “os estudos de mobilidade, de impacto ambiental e integração arquitetónica” e que fosse tomada uma decisão “em conjunto”, mas isso, remata a porta-voz, seria “num mundo ideal”, por isso mantêm a contestação.

O projeto em causa pretende substituir a atual ponte provisória, edificada na sequência das cheias de 1989 e colmatar os danos causados na antiga ponte sobre o rio Gilão, que acabou por se manter ativa durante 30 anos, mas interdita ao transito automóvel há três anos por razões de segurança.

 

Por: Lusa