O Museu Municipal de Faro inaugura a 25 de julho a exposição de arte contemporânea «Incómodo», numa parceria com o projeto Manicómio, exibindo obras de pintura e escultura/cerâmica.

O diretor artístico do projeto Manicómio, Sandro Resende, disse à Lusa que a exposição do projeto “têm sempre um nome provocador” e, neste caso, é o “incómodo que o estigma proporciona tanto às pessoas com saúde mental, como às que não o têm”. “Mas é um incómodo artístico, visual, de estética”, sustentou.

O projeto Manicómio nasceu em março de 2019, em Lisboa, como espaço de criação de arte em Portugal promovendo trabalhos de artistas com experiência de doença mental e incentivando a empregabilidade dos doentes e a sua inclusão social.

Em Faro, vão estar patentes obras de Cláudia R. Sampaio, Bráulio, Anabela Soares, Joana Ramalho e Pedro Ventura, artistas que “querem trabalhar a arte pela arte” e que entraram recentemente no mercado na arte contemporânea podendo “incomodar outras pessoas, na forma de ver a arte e na estética do que se produz”.

A pandemia de covid-19 adiou algumas das exposições do projeto para este ano, quer no território nacional quer no estrangeiro, mas mantiveram-se uma patente no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, e a que vai ser inaugurada em Faro.

Para o diretor do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes, esta exposição «insere-se no espírito do museu em receber arte sem tabus, sem preconceitos e dar oportunidade de todos em poder mostrar os seu talento artístico e as suas manifestações culturais e pensamentos”.

“Já seguia o trabalho do Sandro Resende e do Manicómio e pareceu-me interessante trazer ao Museu Municipal de Faro esta perspetiva do que é um trabalho alternativo, diferente, quase disruptivo, de artistas que praticamente não aparecem nos circuitos museológicos tradicionais”, afirmou Marco Lopes.

O responsável destacou que o papel de um museu municipal “vai para além de ser apenas um espaço expositivo da sua coleção, do seu acerco ou da história”, sendo também o de mostrar o que é feito nos dias de hoje, algo que tem acontecido nos último anos em Faro, “conciliando os dois mundos do objetivo museológico que conta as memórias do passado e das origens da cidade mas também a arte contemporânea”.

Marco Lopes adiantou que neste domínio o Museu irá receber ainda este ano uma exposição do artista Pedro Cabrita Reis.

O projeto Manicómio foi pensado por Sandro Resende e José Azevedo, fundadores da Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico P28, onde dão aulas de artes plásticas a doentes do Hospital Júlio de Matos, também em Lisboa. O trabalho resultou em várias exposições que uniram artistas com doenças mentais, a nomes consagrados do meio, tanto portugueses como internacionais. Foi o caso de Emir Kusturica, Pedro Cabrita Reis, Jeff Koons e Jorge Molder.

A exposição poderá ser visitada até final do mês de agosto, de terça a sexta, das 10:00 às 18:00, e sábados e domingos, das 10:30 às 17:00. O acesso será limitado a 20 pessoas e com restrições do ponto de vista da segurança.

 

Lusa