Como será a casa em 2030? E a profissão de agente imobiliário como vai ser? Que desafios enfrenta e enfrentará o setor imobiliário em geral e residencial em particular?

Estas e outras questões foram colocadas esta quinta-feira (dia 26 de setembro de 2019) durante o IMOCIONATE iTEC, que se realizou no Centro de Congressos do Estoril – o idealista foi media partner. O estudo «A casa e as tendências dos consumidores: Os impactos futuros na mediação imobiliária», da autoria de António Alvarenga, CEO da ALVA Research & Consulting, e realizado para a UCI, procurou dar respostas.

Nos próximos anos irão convergir vários tipos de tecnologia e materiais de construção, coincidindo, naturalmente, com as preocupações do consumidor, quer a nível ambiental e social, quer a nível pessoal – profissional ou emocional. Estas convergências e sinergias terão impacto no tipo de casas existentes mas também no tipo de casa exigida pelos consumidores. Questões económicas e novos estilos de vida levarão a uma maior procura de casas com dimensões menores e novas técnicas e materiais de construção irão proporcionar uma maior flexibilidade na evolução/adaptação das habitações, lê-se no estudo, a que o idealista/news teve acesso.

Segundo o documento, a casa em 2030 será personalizável – permitirá «customizar as casas e as suas divisões de acordo com as necessidades e gostos dos consumidores»– e modular: «São casas concebidas e desenvolvidas na última década e que refletem a mudança de paradigma que já está a ocorrer no setor da construção e nos desejos e gostos dos consumidores». 

O uso de materiais ecológicos irá ganhar força, havendo cada vez mais gabinetes de arquitetura e engenharia a testar e inovar nos materiais e nas técnicas de construção, e a sustentabilidade ambiental será cada vez mais uma realidade, com os imóveis a utilizar «da melhor maneira os recursos naturais». 

O estudo permite ainda concluir, por exemplo, que a moda das «'smart houses»será uma tendência. Falamos de «casas adaptadas para interagir com a tecnologia, em que todas as funcionalidades de uma casa poderão ser controladas através de um touchscreen, smartphone, computador ou tablet, sendo que cada divisão terá programas relacionados com a funcionalidade da divisão».

E mais: os espaços e casas co-living vão ganhar peso no mercado: «A partilha de espaços e de imóveis é funcional e prática numa economia global em que a portabilidade e mobilidade estão presentes e que influencia a nossa vida profissional. Podemos trabalhar em vários pontos do globo e mudar de emprego de maneira cada vez mais dinâmica. Neste contexto, o conceito de co-living é muito pertinente», lê-se no documento.

O agente imobiliário em 2030 será…

O papel de agente imobiliário também tenderá a sofrer mudanças ano após ano, sendo «um player fundamental que articula as prioridades, os desejos e as preocupações do consumidor com a oferta de casas disponíveis». 

«As tecnologias e os novos paradigmas e padrões de consumo implicam a reinvenção do agente imobiliário»

De acordo com o estudo, é por isso «fundamental considerá-lo e enquadrá-lo nos desafios do mercado imobiliário em 2030». «As tecnologias e os novos paradigmas e padrões de consumo implicam a reinvenção do agente imobiliário. É uma inevitabilidade: de um lado, a indústria da construção em profunda mudança, criando novos paradigmas depois de décadas onde não se verificaram grandes disrupções e, por outro lado, os consumidores cada vez mais exigentes e com padrões de consumo em mutação».

Em termos práticos, dentro de 11 anos, o agente imobiliário terá de ter «capacidade de interagir e colaborar a priori com o setor da construção para que as futuras residências consigam dar resposta a novas e mutáveis exigências». 

E mais: deverá conseguir «proporcionar, por exemplo através de plataformas digitais, a possibilidade dos clientes ‘criarem a sua casa de sonho’, ou seja, uma personalização em vários parámetros».

Destaque ainda para a necessidade de fomentar e/ou aprofundar a criação de parcerias com plataformas que operam em áreas diferentes, como por exemplo turismo, arquitetura, design e decoração, de forma a tirar partido de sinergias que existem entre as atividades.

Igualmente importante para o agente imobiliário do futuro será «monitorizar e avaliar com regularidade o setor, de modo a antecipar subtilezas e nuances que caracterizam as tendências e que podem ter impactos na oferta de habitação», conclui o estudo.

Qual será o perfil do consumidor?

Quem é que andará «às compras» (imobiliárias) em 2030? Segundo a investigação, dentro de 11 anos, «os principais novos consumidores serão a geração Millennials, nascidos entre 1981 e 1996 e que terão entre 36 a 49 anos, e a Geração Z, ‘pós-Millennials’, nascidos entre 1997 e a atualidade e que terão entre 11 e 35 anos».

O estudo destaca ainda, em termos de público consumidor, a Geração X (pessoas nascidas entre 1961 e 1981 e que terão entre 50 e 70 anos) e a geração anterior, os babyboomers (pessoas nascidas entre 1951 e 1960). «Com o aumento da esperança média de vida e a melhoria das condições de vida e de saúde, estas gerações terão também um papel ativo e exigente no mercado imobiliário», conclui.

«[Em 2030] Os principais novos consumidores serão a geração Millennials, nascidos entre 1981 e 1996 e que terão entre 36 a 49 anos, e a Geração Z, ‘pós-Millennials’, nascidos entre 1997 e a atualidade e que terão entre 11 e 35 anos»

No que diz respeito à geração Z, jovens que em 2030 terão até 35 anos, «tem uma total imersão tecnológica», pelo que «a sua primeira escolha para a compra de casa será online». «Assumirão como comodidades básicas todos os gadgets e conexões de uma ‘casa inteligente’. Fazendo parte de uma geração mais prática e desapegada, eles darão maior importância a aspetos funcionais e práticos que melhorem e facilitem o seu dia a dia», refere o estudo, salientando que nesta geração «o arrendamento será uma opção precoce» e que haverá uma maior «preocupação com as questões ambientais».

Já a geração Millennials é tida como a geração co-living e os consumidores – entre 36 e 49 anos em 2030 – terão uma maior consciência ambiental e confiarão nas plaraformas digitais. 

«O espaço é importante, mas os Millennials estão mais preocupados com o quão sustentável e funcional cada espaço poderá ser. Eles procuram casas eficientes em termos energéticos e com aparelhos inteligentes que permitam simplificar a sua vida e torná-la mais sustentável», conclui o estudo.

 

Por: Idealista