O Hospital de Portimão encerrou os cuidados intensivos destinados à covid-19 para obras «urgentes» no corredor de acesso àquela área, obrigando à transferência de três doentes para Faro, disse hoje à Lusa a presidente do centro hospitalar do Algarve.

“Uma vez que estamos em fase descendente da covid-19 e perspetivamos que, podendo haver uma segunda onda, não será tão cedo, achámos que era razoável fazer o trabalho agora”, explicou Ana Paula Gonçalves, sublinhando que os três doentes foram transferidos “um a um” e “com cautela” para Faro.

Em causa está a necessidade “urgente” de obras para resolver “um erro de construção” no piso do corredor de acesso à área da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) destinada a doentes covid-19, adjudicadas “ao fim de quatro concursos públicos”, o primeiro dos quais lançado há um ano.

Enquanto decorrerem as obras – que se prevê que arranquem em 18 de maio e se estendam por, pelo menos, dois meses – os doentes com covid-19 a necessitar de cuidados intensivos vão ser todos tratados na unidade de Faro do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), indicou.

Segundo Ana Paula Gonçalves, na data da reunião em que foi tomada a decisão de avançar com a obra não havia qualquer doente com covid-19 internado em Faro, mas existiam três internados em Portimão, onde há um total de seis camas de cuidados intensivos para estes doentes.

Aquela responsável garantiu que a Unidade de Cuidados Intensivos para doentes não covid-19 continua a funcionar normalmente, mantendo-se no hospital de Portimão uma área para doentes internados com a doença, mas que não necessitam de cuidados intensivos.

“Tendo em conta a diminuição constante do número de doentes com necessidade de internamento em cuidados intensivos, e mesmo de internamento em cuidados gerais, tudo nos leva a crer que teremos tempo para fazer a obra com toda a calma e preparar a unidade para voltar a ser covid, quando vier a ser necessário”, sublinhou.

Entretanto, os deputados do PSD eleitos pelo Algarve, Cristóvão Norte, Rui Cristina e Ofélia Ramos, anunciaram hoje que vão questionar o Ministério da Saúde sobre o sentido de oportunidade “do encerramento, durante dois meses”, da unidade.

“Durante este período, a região verá diminuída a sua capacidade de resposta, drasticamente no caso do barlavento algarvio, o que, em razão da incerteza reconhecida pelo Governo sobre a evolução da doença, causa apreensão e pode vir a revelar-se uma decisão precipitada”, consideraram, em comunicado.

Admitindo que as obras sejam necessárias, os parlamentares dizem não estar seguros “que esta opção esteja isenta de riscos”, sugerindo “que seja reavaliada, no que diz respeito à oportunidade e duração”.

Aproveitaram, ainda, para apelar, caso a “decisão se venha a manter”, que a obra “seja realizada de modo rápido”, já que se trata “de um mero arranjo de chão de um corredor”, considerando que “não faz sentido que uma obra de tão pouca envergadura obrigue a tanto tempo de encerramento”.

 

Lusa