A CDU votou contra o Programa de Ajustamento Municipal, proposto pela maioria PSD na reunião de Câmara Municipal de Vila Real de santo António realizada no dia 28 de setembro,

por este ser contrário aos interesses do Município e das populações deste concelho confrontadas que estão com o agravamento das taxas e tarifas municipais, a acelerada degradação dos serviços públicos e ausência de rumo e de perspetiva de resolução dos problemas numa autarquia que tem sido conduzida para o desastre e que continua a endividar-se.

Segue em baixo a declaração de voto do vereador da CDU - Álvaro Leal - que foi proferida na reunião de câmara que apreciou este assunto.

O FAM foi criado pela lei 13/2014 de 25 de agosto.

O Fundo de Apoio Municipal permite a um Município adotar medidas para se manter dentro dos limites de endividamento previstos no Artigo 52 da lei 73/2013 de 3 de setembro, celebrando um contrato entre o FAM e o município, denominado PAM, Programa de Ajustamento Municipal.

O município tem de apresentar o PAM à direção do FAM e este tem de ser aprovado pela Assembleia Municipal.

Esta decidiu em 28/4/2016 a aprovação do PAM e o contrato com o FAM foi celebrado em 11/5/2016.

Apesar da assinatura do contrato, o município continuou a endividar-se desviando-se das metas e das medidas com que se havia comprometido.

Apesar deste desvio, só em 23/7/2018, mais de dois anos depois do endividamento ė que a direção executiva do FAM reagiu.

Nesse intervalo, realizaram-se as eleições autárquicas com a autarquia folgada para os óbvios gastos.

Só a partir do mês de junho de 2019, após sete anos de assistência, a direção executiva do FAM assinala aquilo a que apelidou como "uma efetiva viragem na assunção dos compromissos a que a câmara municipal se encontra vinculada”.

Em 7/5/2019, a direção executiva do FAM solicitou ao município uma proposta de revisão do PAM no prazo de 60 dias.

A câmara municipal executou-a em 11/7/2019.

 A seguir, a direção executiva do FAM passou quase um ano em discursos e análises até que, em 22/5/2020, já em plena pandemia, foi consolidada a versão final da proposta de revisão do PAM, a qual obteve parecer favorável do ROC e a aprovação da direção executiva do FAM.

A CDU não aceita que a comissão executiva do FAM tenha negligenciado a sua função de regulador e permita à câmara municipal aumentar significativamente o endividamento neste Fundo para 101 milhões de euros, a quem tem dado provas de que não cumpre e com base em argumentação subjetiva que estende os encargos e medidas de máxima austeridade sobre a população até ao ano de 2051.

Tanto mais que as verbas que terão de ser desembolsadas rondam os 2,4 milhões de euros por ano e as receitas do município encontram-se gravemente afetadas pela transferência para as concessões de muitas das receitas que antes faziam parte dos cofres da autarquia.

Perante este panorama, o descontentamento popular sobe porque é visível que as empresas a quem foram cedidas as concessões, pela sua lógica de funcionamento, não executam com o mesmo zelo os serviços antes prestados diretamente pela autarquia.

A CDU lembra também que a direção executiva do FAM volta a colocar à disposição desta autarquia, como já o fez nas vésperas das autárquicas de 2017, um volume de verbas que a maioria PSD, que a governa, instrumentalizará para fins eleitorais e, como é seu apanágio, não cumprirá os compromissos assumidos.

Tal como fez com o primeiro PAM e antes com o PAEL.

Por estes motivos votamos contra a revisão do PAM, apresentado pela presidência da câmara Municipal de Vila Real de Santo António, de maioria absoluta PSD.

Por: PCP