O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) vai receber menos 30,5% de verba para a aquisição de medicamentos em 2020, comparativamente a 2019, de acordo com os principais agregados da despesa entre o Contrato-Programa do ano passado e o previsto no Orçamento de Estado de 2020.

Tal significa que há menos 13,4 milhões de euros para a aquisição de medicamentos, numa engenharia financeira entre os diversos campos do contrato programa. No total geral, o CHUA terá menos 4.6 milhões de euros, no Orçamento de Estado 2020, passando para 224.3 milhões de euros, enquanto em 2019 o orçamento foi de 228.6 milhões de euros.

Para o deputado Rui Cristina “face a estes dados, a promessa da Ministra da Saúde sobre a construção de um Hospital no Algarve, feita em Albufeira, merece as maiores dúvidas e esconde um desinvestimento real na Saúde do Algarve”.

O parlamentar manifesta o seu descontentamento, já que “a Ministra não explica, mesmo quando questionada pelos deputados do PSD eleitos pelo Algarve em audição na Assembleia da República, como se vai diminuir a escandalosa lista de espera, com um orçamento inferior do CHUA”.

Recorde-se que, no cômputo atualizado em agosto de 2019, existiam 5891 utentes a aguardar por consultas e cirurgias programadas, as quais chegam a ter 1390 dias de espera, como é o caso de consultas de ortopedia prioritárias, 20 vezes mais do que o Tempo Máximo de Resposta Garantida que o Serviço Nacional de Saúde deveria cumprir.

O CHUA também terá menos verba para o pagamento de horas extraordinárias em 2020, quando é do conhecimento das entidades gestoras, designadamente da administração hospitalar e da Administração Regional de Saúde do Algarve que, sem este horário suplementar de médicos, enfermeiros e técnicos, os serviços que estão à beira da rutura, entrariam em colapso.

Para Rui Cristina “é uma oportuna cortina de fumo para esconder o real desinvestimento do Governo socialista, a promessa da construção de um hospital em 2021, quando não existem verbas destinadas ao projeto no Orçamento de Estado destinado à execução da obra, ou no plano plurianual até 2023”.

“Os Algarvios exigem um hospital, mas pretendem igualmente que, até à sua construção, haja um investimento sério e urgente que venha colmatar as sérias dificuldades existentes e que muitas vezes põe em causa a qualidade mínima do serviço prestado aos doentes”, refere o deputado.

E cita a título de exemplo o que recentemente aconteceu, ao avariar o único aparelho de Tomografia Axial Computadorizada (TAC) existente em Faro, obrigando à transferência de doentes urgentes para unidades privadas a fim de realizarem exames essenciais ao diagnóstico.

“Os Algarvios recusam continuar a ser tratados como cidadãos de segunda, a quem são feitas promessas sem fundamento orçamental”, conclui Rui Cristina anunciando que vai continuar a questionar a titular da pasta da saúde sobre as verbas que foram retiradas ao CHUA no Orçamento de 2020.

 

Rui Cristina

Deputado