No seguimento do anúncio do INEM, no final de dezembro, de que a partir de 1 de janeiro de 2024 o dispositivo de socorro do operado pela Avincis teria apenas dois helicópteros a fazer turnos de 24 horas (H24, em Macedo de Cavaleiros e em Loulé) e dois com turnos apenas de dia (12H, em Viseu e em Évora), o SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil fez o balanço da primeira semana de 2024, onde denuncia que o atual dispositivo noturno dos helicópteros do INEM, apelidado também como “suficiente” e “redundante” pelo Ministro da Saúde, apresentou falhas graves logo na sua semana de funcionamento.
Não esquecendo o episódio de atraso do socorro denunciado pelo Sindicato, no dia 2 de janeiro de 2024, causado por ausência do helicóptero de Viseu no período noturno, às 00h30m de 1 de janeiro, para um transporte do Hospital da Covilhã para o Hospital de Coimbra, o SPAC denuncia, ao longo da primeira semana de 2024:
- Vários doentes, transportados do Hospital de Bragança para o Porto pelo INEM, tiveram um atraso de aproximadamente 50 minutos – atraso causado pela decisão de se colocar em Macedo de Cavaleiros um helicóptero maior, modelo Aw139.
- Vários doentes transportados do Hospital de Bragança para o Hospital de Vila Real, tiveram um atraso de aproximadamente 40 minutos – atraso também causado pela decisão de se colocar em Macedo de Cavaleiros um helicóptero maior, modelo Aw139.
Além destes atrasos, que comprometem o sucesso das missões de socorro, que depende muito do objetivo “Golden Hour”, que consiste em assegurar uma intervenção hospitalar para doentes em menos de 60 minutos, com as ausências de helicópteros do INEM, no período noturno, fica cada vez mais claro que o socorro à população esteve comprometido durante a primeira semana de 2024, pela análise dos seguintes factos:
- Dia 2 de janeiro de 2024: perto das 21h00m, houve uma tentativa de acionamento do helicóptero de Viseu, para socorrer uma criança. Felizmente não se confirmou essa necessidade de transporte para Coimbra, mas caso tivesse existido essa necessidade, teria havido atraso no socorro, por ausência do helicóptero de Viseu (12H) no período noturno.
- Dia 3 de janeiro: no primeiro dia em que o helicóptero transferido de Évora chegou a Macedo de Cavaleiros, um doente socorrido no distrito de Bragança, demorou mais 20 minutos a chegar ao Hospital de Bragança do que seria o tempo normal, dado que o helicóptero, o Aw139 transferido para a base de Macedo de Cavaleiros, teve que ir aterrar no aeródromo local;
- Dia 4 de janeiro: o helicóptero de Macedo de Cavaleiros (24H) ficou retido no Porto essa noite, devido a condições meteorológicas. Pelo novo dispositivo, significa que o país todo apenas ficou com um helicóptero para cobrir todo o país, e que se encontrava em Loulé;
- Dia 7 de janeiro: o helicóptero de Loulé (24H) esteve inoperativo nessa noite. Mais uma vez, com o novo dispositivo apenas tivemos um helicóptero a cobrir todo o território nacional, e que se encontrava em Macedo de Cavaleiros;
- Dia 8 de janeiro: o helicóptero de Viseu (12H) saiu para fazer um transporte do Hospital de Bragança para o Hospital de Santo António, no Porto. Normalmente este transporte seria feito pelo helicóptero de Macedo de Cavaleiros (24H), mas tendo presente o atraso que o doente iria sofrer devido às restrições operacionais desse helicóptero, foi decidido, para bem do doente, alocar o helicóptero de Viseu a esta emergência.
O SPAC recorda que haverá ainda mais casos semelhantes, mas não reportados, o que apenas reforça esta denúncia de que são demasiados casos para apenas uma semana e para se continuar a ignorar o problema real.
Pelo que acima se denuncia, a “redundância” que o Ministro da Saúde referiu, em dezembro, falhou em todas estas situações. Se os quatro helicópteros do INEM estivessem a operar em modo H24, no cenário de um helicóptero não poder voar, por algum motivo (meteorológico ou avaria), haveria sempre outro meio disponível de socorrer a serviço dos portugueses, algo que não se verifica com o atual formato 24H / 12H.
Como o SPAC tem vindo a alertar, estas decisões operacionais do Instituto Nacional de Emergência Médica têm sido a causa de muitos atrasos no socorro prestado à população, algo que consideramos inaceitável por se tratar de um Instituto que tem como principal missão a salvaguarda do socorro pré-hospitalar, no território Nacional. Quando será que o Presidente do INEM e o Ministro da Saúde assumem que esta foi uma decisão errada?
Perante isto, questionamos até se será necessário que ocorra uma tragédia, para que se apurem responsabilidades desta ausência de socorro aos Portugueses e desta gestão pouco clara do dinheiro dos Contribuintes, com o ajuste directo dos helicópteros INEM /Avincis por seis meses?
Para o SPAC estas situações apenas provam que estamos sob risco de “roleta russa”! Até aqui tem corrido tudo bem…, mas isso vai durar até quando!?
Unimagem