A praia fluvial do Pego Fundo, em Alcoutim, é a maior atração turística de um concelho bem apetrechado em infraestruturas, mas que não consegue inverter a tendência para a desertificação e o envelhecimento da população.

Os comerciantes de Alcoutim não têm dúvidas: a praia fluvial traz diariamente à sede do concelho, durante o verão, centenas de pessoas, a maior parte de Espanha, que animam o centro da vila.

Situada na ribeira de Cadavais, próximo da foz com o rio Guadiana e a 500 metros do centro da vila de Alcoutim, é uma praia de areia dourada, bastante bem equipada e com um vasto leque de infraestruturas e serviços.

O presidente da Câmara Municipal reconhece que a praia é a maior atração turística de Alcoutim e só lamenta que não traga turistas que também durmam no concelho.

“A praia fluvial é uma atração muito importante no verão, mas, infelizmente, isso não é acompanhado por dormidas em hotéis e quartos no concelho”, diz Osvaldo Gonçalves à agência Lusa.

A praia foi inaugurada em 1997, na presidência de Francisco Amaral, que liderou a autarquia durante 20 anos, de 1994 até 2013.

A entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia (CEE) permitiu a construção de inúmeras infraestruturas, muitas vezes com uma comparticipação de fundos de Bruxelas até 75% do custo dos projetos de investimento público.

O concelho pobre do interior algarvio, separado de Espanha pela barreira natural que é o rio Guadiana, investiu fortemente em obras públicas que colocaram as suas populações a beneficiar de infraestruturas essenciais para o final do século XX.

Nos últimos 30 anos houve, assim, um grande desenvolvimento na rede viária, abastecimento de água, rede elétrica ou construção de escolas.

O castelo de Alcoutim também foi reabilitado e um núcleo museológico apareceu, sempre com a ajuda dos dinheiros de Bruxelas.

A autarquia construiu ainda uma doca que é utilizada por inúmeras embarcações de recreio, principalmente veleiros, que sobem o Rio Guadiana.

O Grupo Desportivo de Alcoutim, que gere o Centro Náutico e a escola de canoagem, também tem uma função importante no concelho, principalmente quanto a atividades ligadas ao tempo livre dos jovens.

O habitante mais conhecido de Alcoutim, Carlos Brito - que foi um destacado dirigente do PCP, tendo rompido com o partido por discordâncias com a direção, a gozar agora a sua reforma -, elegeu o Lar Centro de Dia de Alcoutim, construído há precisamente 30 anos, como a obra mais importante da vila.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Brito não tem dúvidas em afirmar que este lar, “para um concelho empobrecido como é Alcoutim, representou muito para muitos idosos e criou postos de trabalho para muitas mulheres”.

“Criámos todas as infraestruturas, mas não há a fixação de pessoas”, lamenta Osvaldo Gonçalves, acrescentando que, infelizmente, os jovens são mais atraídos pelas zonas urbanas e pelo litoral”.

 

Por: Lusa