Entrevista com Julio Delgado, CEO do Ombria Resort.

Enquadrada na freguesia de Querença, o Ombria Resort, será composto pelo hotel de 5 estrelas Viceroy at Ombria Resort, pelas Viceroy Residences at Ombria Resort, um campo de golfe de 18 buracos, apartamentos, moradias em banda e villas para venda, promete ser um empreendimento sofisticado que irá dinamizar a serra algarvia, mais propriamente do Concelho de Loulé.

Julio Delgado, natural de Espanha, CEO do Ombria Resort, falou com “A Voz de Loulé” e deu a conhecer melhor este empreendimento, cuja evolução do projeto conta já com mais de duas décadas.

 

 

A Voz do Algarve – Em que anos foram adquiridos os primeiros terrenos e iniciado o processo de licenciamento por parte das várias entidades intervenientes? Quais os principais entraves no desenvolvimento deste processo?

Julio Delgado – É do conhecimento público que este projeto surgiu há mais de duas décadas. O processo de licenciamento foi iniciado com a elaboração de um Estudo de Impacte Ambiental (EIA) realizado entre abril e outubro de 2002 e que, por sua vez, culminou com a aprovação do Plano de Pormenor (PP) em janeiro de 2008 e posteriormente alterado em junho de 2012.

Ao longo de todo o processo, a nossa preocupação foi sempre garantirmos uma oferta única no mercado nacional, a integração do projeto com a natureza e o respeito pelos habitats e espécies animais existentes na região. O tempo despendido no processo de licenciamento permitiu melhorar o projeto e otimizar a sua integração com a envolvente, bem como aplicar medidas energeticamente focadas no futuro, na inovação e sustentabilidade.

 

V.A. – Quando obteve o pedido de viabilidade camarária e quando conseguiu a licença de construção das infraestruturas?

J.D. – O alvará de obras de urbanização relativo às infraestruturas foi emitido em julho de 2012. Em setembro de 2015 foi emitido um aditamento deste alvará inicial devido a um pedido da nossa parte de alteração e ampliação das infraestruturas.

 

V.A. – O projeto «Quinta da Ombria» já foi, desde o seu início, alvo de várias alterações, quer a nível de gestão quer a nível de imagem. O que tem justificado essas alterações?

J.D. – Do ponto de vista de gestão, as mudanças registadas são normais tendo em conta a longevidade do projeto. Em termos de imagem, e referindo-me apenas à mudança mais recente, por ter sido a única a acontecer durante a minha gestão, a razão principal prende-se com a vontade de fazer evoluir a marca. A nova imagem pretende refletir a singularidade ambicionada para este empreendimento turístico, garantindo, em simultâneo, uma imagem mais moderna e mais ajustada aos valores atuais da marca. O padrão cromático da marca também foi ligeiramente alterado, sendo agora inspirado pelo ambiente natural no qual o resort está inserido. As cores dominantes são agora o verde escuro, remetendo para a flora, e o castanho, em representação da terra. Este logo transmite herança, exploração, descoberta, natureza e acesso, palavras-chave para o novo posicionamento do “Ombria Resort”.

 

V.A. – Uma vez que este projeto já se estende ao longo de mais de duas décadas, qual a razão para essa demora? O que os levou a escolher o Concelho de Loulé, e mais propriamente uma zona do interior? Durante todo este tempo, ponderaram alterar a sua localização?

J.D. – A demora acontece, pela preocupação em assegurar a melhor oferta possível para os nossos clientes. O contexto no qual irá surgir o Ombria Resort é muito sui generis e, como tal, tivemos de dar muita atenção a todos os pormenores por forma a garantir uma integração perfeita sem, com isso, prejudicar o equilíbrio ambiental existente. Todas as infraestruturas foram projetadas numa lógica eco-friendly e todos os materiais utilizados serão de tecnologia inovadora exatamente com o propósito de respeitar a herança e património ambiental e local que nos foram confiados.
A localização, por sua vez, foi escolhida pelas suas qualidades biofísicas (colinas, ribeiras), mas também por ser próxima de Loulé, bem como do aeroporto e das praias. Por tudo isto, considerámos esta uma localização única e ideal devido, também, à sua envolvente natural e por estar em contacto com "O verdadeiro Algarve". Estes elementos posicionam-nos de forma diferenciadora: garantindo o sossego necessário sem, no entanto, ser maçador, dando aos hóspedes a possibilidade de interagir com outros membros da comunidade local e de se conectarem com a natureza. É um empreendimento que oferece um estilo de vida singular, combinando sofisticação e experiências autênticas.

 

V.A. – Para quando a conclusão da obra das infraestruturas em curso?

J.D. – A conclusão das obras das infraestruturas, que incluem as estradas, redes de água, eletricidade e esgotos, telecomunicações, iluminação pública e paisagismo, está prevista para o verão de 2017.

 

V.A. – Qual a dimensão total do projeto?

J.D. – A área total de terreno é 1.437.000 m2. A área máxima de construção será de 79.174 m2, enquanto a área de implantação máxima será de 49.085 m2. Por fim, a densidade populacional será inferior a 12 habitantes por hectare, o que representa uma das densidades populacionais mais baixas relativamente a outros projetos semelhantes em Portugal e na Europa.

O Ombria Resort será composto por:

·         Um complexo de 5 estrelas Viceroy at Ombria Resort (Hotel e Residências), incluindo spa, instalações de saúde e fitness, bem como vários restaurantes e bares, centro de conferências e piscinas;

·         Três áreas diferentes com várias unidades residenciais, incluindo apartamentos, moradias em banda e vivendas;

·         Campo de golfe com 18 buracos;

·         Várias instalações de lazer e entretenimento, tais como horta biológica, trilhos de natureza para passeios pedestres e BTT e outras infraestruturas desportivas.

 

V.A. – Quando esperam obter a aprovação do projeto de construção do Hotel e do Aldeamento Turístico?

J.D. – Temos estado a trabalhar, em conjunto com as várias entidades intervenientes, no licenciamento do projeto de construção do hotel. Este tipo de processos demoram normalmente algum tempo. Se tudo correr bem, e como esperamos, acreditamos que poderemos obter a aprovação do projeto de construção do hotel durante o primeiro trimestre de 2017.

 

V.A. – Para quando a entrada em funcionamento do hotel e do campo de golfe?

J.D. – Se tudo correr como previsto, esperamos que o hotel e campo de golfe entrem em funcionamento no fim de 2018 ou início de 2019.

 

V.A. – Quantos postos de trabalho serão criados durante a construção e, posteriormente, na exploração do empreendimento?

J.D. – O projeto Ombria Resort conta, para já, com cerca de 130 pessoas envolvidas nas seguintes atividades relacionadas com a construção: planeamento e conceção da componente imobiliária; gestão do projeto e construção de campo de golfe e infraestruturas envolventes. Cerca de 300 pessoas ligadas ao setor da construção serão necessárias para as obras do hotel e da clubhouse (2017-2019). Depois das obras do hotel e do campo de golfe, bem como das infraestruturas envolventes estarem concluídas, serão necessárias aproximadamente 130 pessoas para a construção das unidades residenciais por um período de 10 anos (2020-2030). Na exploração do empreendimento serão criados cerca de 250 a 300 postos de trabalho diretos com contratos a longo prazo, quando o empreendimento estiver em plena operação. Se tivermos em conta postos de trabalho indiretos e contratos temporários (por exemplo em época alta), estimamos serem criados cerca de 1.000 postos de trabalho.

 

V.A. – Que impacto económico é esperado com a concretização deste projeto nas freguesias do interior de Loulé?

J.D. – O nosso objetivo é sermos pioneiros de uma nova geração de Resorts em que o meio ambiente, a responsabilidade social e o apoio à natureza e património local são prioridades. A interação e integração com outros membros da comunidade local e a conexão com a natureza serão alguns dos motores essenciais para alcançar estas metas.
O conceito primordial do “Ombria Resort” passa por ser um destino em contacto com a região e uma extensão da área em que está inserido, incentivando os nossos clientes a conhecerem os arredores de forma ambientalmente responsável, a cultura local, os locais históricos e a gastronomia regional, ao mesmo tempo que é impulsionada a economia local e nacional. A não contemplação de espaços comerciais foi intencional e prende-se com uma estratégia dinamizadora do comércio da região, nomeadamente Querença e Tôr. Iremos também firmar parcerias com diversas entidades, entre as quais as Juntas de Freguesia do interior de Loulé (Querença / Tôr / Benafim) e Município de Loulé, no sentido de dinamizar o recrutamento de pessoas para os postos de trabalho que necessitaremos.

 

V.A. – Qual o valor previsto do total do investimento? Que percentagem será de investimento próprio e que outras fontes de financiamento esperam obter?

J. D. – O investimento total irá ultrapassar os 200 milhões de euros, sendo que cerca de 60% será realizado com capitais próprios.

 

V.A. – A exploração do Hotel será da vossa responsabilidade ou será através de uma cadeia de hotéis?

J.D. – Temos um contrato de gestão assinado com a Viceroy Hotels & Resorts, uma empresa de gestão de hotéis de luxo que, atualmente, gere cerca de 12 hotéis de luxo espalhados pela América do Norte, América Latina, Caraíbas e Médio Oriente.

 

Por Nathalie Dias