Segundo Sérgio Palma Brito, existem no Algarve hotéis "obsoletos", não renovados, "muitos deles na frente de mar", e que "atraem uma clientela menos qualificada", com a agravante de as empresas que os gerem, apesar de terem capital financeiro, não terem "capital humano" para os renovar.
"Por outras palavras, os turistas que deixam de ir para a Turquia não virão para esses hotéis", resumiu o ex-diretor da Confederação do Turismo Português (CTP), à margem da apresentação de um estudo, em Faro, argumentando que essa situação "está a impedir uma maior criação de valor na região".
O consultor do Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo (CIITT) da Universidade do Algarve (UAlg) falava aos jornalistas à margem do seminário "Turismo e transporte aéreo na era do conhecimento", no qual foi apresentado um relatório sobre Turismo e Transporte Aéreo em Portugal, da sua autoria.
Sérgio Palma Brito aproveitou a ocasião para criticar o decreto-lei que define o conceito de alojamento turístico, que considera estar "completamente obsoleto", defendendo a integração na oferta turística das chamadas "camas paralelas", que, embora não estejam em estabelecimentos de hotelaria, também fazem parte da cadeia de valor imobiliária turística.
"Vale do Lobo, que é um 'resort' de prestígio, só se desenvolveu porque desde 1982 pediu a desclassificação de aldeamento turístico, quer dizer, se tivéssemos aplicado a lei em Vale do Lobo, Vale do Lobo hoje era um conjunto de 'bungalows' mal conservados", sublinhou.
Segundo o consultor, o Quadro Comunitário Portugal 2020 "ignora todos esses estabelecimentos", tendo sido concebido apenas em função da hotelaria, "o que viola as normas comunitárias" sobre alojamento turístico.
"Vale do Lobo ou a Quinta do Lago têm um posicionamento europeu e até mundial. São camas paralelas? Não, isso é oferta turística que tem que ser integrada", defendeu, observando que a definição de alojamento turístico é muito vasta.
Para Sérgio Palma Brito, as entidades políticas devem estimular a cadeia de valor imobiliária turística e "reconhecer que há, no mínimo, 100 mil famílias, nacionais e estrangeiras", que investiram em casas de férias no Algarve e que as querem arrendar.
"Isto não tem que ser condenado, tem que ser estimulado", concluiu o consultor.
Por: Lusa