A equipa do terceiro escalão tornou-se, assim, um dos ‘tomba gigantes' da terceira ronda, depois de um jogo em que, apesar não ter criado muitas oportunidades, foi mais dominador e aproveitou o facto de o Estoril ter estado em inferioridade numérica desde os 25 minutos, por expulsão de Kléber.
O Estoril, 18.º e último classificado da I Liga, somou a sétima derrota seguida em jogos oficiais - cinco para a Liga - e prolongou a sua crise, obrigando o técnico Pedro Emanuel a estar vários minutos à conversa com os adeptos após o final da partida.
A equipa primodivisionária começou melhor e até criou o primeiro lance de perigo e um dos poucos do primeiro tempo, por Wesley, que rematou para defesa apertada de Hugo Marques, aos cinco minutos.
A partir dos 10 minutos, o domínio estorilista diluiu-se e o jogo tornou-se mais equilibrado, com o Farense, aos poucos, a assumir o controlo, algo que se tornou ainda mais evidente depois da expulsão de Kléber, aos 25 minutos.
O avançado brasileiro tentou o pontapé de bicicleta na grande área e acertou na cabeça de Bruno Bernardo, vendo o cartão vermelho direto por ter colocado em perigo a integridade física do adversário.
Na segunda parte, o Estoril assumiu o recuo no campo, deixando as despesas de jogo ao Farense, que passou muito tempo no meio-campo ofensivo, mas sem causar muitos problemas ao guardião contrário, à exceção de um remate de Jorge Ribeiro, de fora da área, à barra (69 minutos).
Pouco depois, aos 79 minutos, Fabrício sofreu uma carga de Wesley na área e o árbitro assinalou grande penalidade, convertida por Jorge Ribeiro, para dar uma vantagem mínima que os algarvios controlaram, sem sofrer muito, até ao final.
Jogo no Estádio de São Luís, em Faro.
Farense - Estoril, 1-0.
Ao intervalo: 0-0.
Marcador:
1-0, Jorge Ribeiro, 79 minutos (grande penalidade).
Equipas:
- Farense: Hugo Marques, Filipe Godinho, Bruno Bernardo, Pedro Kadri, Jorge Ribeiro, Fabrício, Neca, Luís Zambujo (Livramento, 59), Léo (Alvarinho, 72), Tavinho (André Ceitil, 84) e Fábio Gomes.
(Suplentes: Miguel Carvalho, André Ceitil, André Vieira, Jorginho, Irobiso, Alvarinho e Livramento).
Treinador: Rui Duarte.
- Estoril-Praia: Thierry Graça, Gustavo Tocantins, Lucas Cavalcante, Gonçalo Brandão, Mano, Wesley, Lucas Evangelista, Kyriakou (Victor Andrade, 85), Aylton Boa Morte (Matheus Índio, 72), Kléber e Bruno Gomes (Jorman Aguilar, 64).
(Suplentes: Moreira, Pedro Monteiro, Eduardo, Duarte, Matheus Índio, Jorman Aguilar e Victor Andrade).
Treinador: Pedro Emanuel.
Árbitros: António Nobre (Leiria).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Luís Zambujo (34), Neca (43), Wesley (77) e Bruno Bernardo (86). Cartão vermelho direto para Kléber (25).
Assistência: Cerca de 3.000 espetadores.
Declarações após o jogo Farense-Estoril Praia(1-0), da terceira eliminatória da Taça de Portugal de futebol, disputado hoje no Estádio São Luis, em Faro:
Rui Duarte (Treinador do Farense): "Foi muito bom. Passámos, era esse o objetivo. Tinha dito que tínhamos uma palavra a dizer no jogo e na eliminatória e conseguimo-lo. O Estoril é uma boa equipa, com excelentes jogadores e dificultou-nos ao máximo a tarefa. Com 11 contra 11, estivemos por cima, temos uma equipa que quer jogar, jogadores com personalidade e conseguimos seguir em frente, que era o objetivo.
Esta tarde fez lembrar um pouco as tardes de glória que o Farense teve num passado não muito distante e que todos estamos a trabalhar para voltar a ter essas tardes mais vezes. O grupo é bom, acreditamos muito em nós, temos muita personalidade, gostamos de jogar, temos princípios de jogo e isso ficou hoje demonstrado. A única equipa que quis ganhar fomos nós.
[Na próxima ronda] Preferia receber um pequeno e seguir em frente, passar mais uma eliminatória. Mas a nossa vitória só é surpresa para quem não viu. Caráter, coragem, querer ter a bola, personalidade, agressividade com bola e sem bola, acreditamos muito no que fazemos e hoje não ficou margem para dúvidas. Um desfecho destes num estádio bem composto é maravilhoso e retribuir este apoio com uma vitória sobre uma equipa de I Liga, creio que ficou escrita uma página bonita na história do clube.
A nossa luta é o campeonato. Queremos muito dar uma alegria no final da época a esta massa associativa fantástica e é para isso que estamos a trabalhar. Festejamos estes triunfos, porque nos dão projeção, mas temos de voltar rapidamente à realidade durante a semana e preparar os outros jogos do campeonato."
Pedro Emanuel (Treinador do Estoril): “Mau era se não sentisse [o lugar em perigo]. O futebol vive muito de resultados e se fosse para responder a essa pergunta tínhamos muito para falar.
Um jogo de uma prova distinta, em que queríamos mostrar capacidade para discutir o resultado, o jogo e a eliminatória. Sabíamos que íamos encontrar um adversário com qualidade. Aceito a interpretação do árbitro naquele lance como jogo perigoso, mas se vai com o amarelo na mão e muda para vermelho porque viu um pouco de sangue na cara do jogador.
Este critério condicionou aquilo que é a festa do futebol, estarmos muito tempo com menos um, mesmo contra uma equipa de escalão inferior. Fomos criando algum ‘frisson’, o Farense gosta de criar perigo nas bolas paradas, mas fomos controlando e gerindo e depois temos um penálti. São duas situações em que o árbitro, bem ou mal - na minha opinião, erradamente -, nos condicionou. Mas isso não retiro mérito ao Farense, que marcou e passa justamente.
É um momento difícil, muito difícil. Sempre dei a cara e vou continuar a fazê-lo, porque gosto muito daquilo que faço e gosto de onde estou. Se as pessoas sentirem que sou a pessoa indicada para continuar, continuarei de bom grado. Sinto que os jogadores trabalham bem diariamente e que respondem ao que propomos, mas temos tido incapacidade para ganhar. Fui falar com os adeptos, partilhar com eles algumas opiniões. Se quiserem, estamos juntos, amanhã é outro dia e sexta-feira há jogo importante com o Boavista. Triste, desiludido, claro que sim, mas desistir não faz parte do meu vocabulário. Queremos dar a volta à situação já a partir de sexta-feira.
A desilusão dos adeptos é natural. E tem de ser evidente. É a essência do futebol, a relação entre adeptos, jogadores e equipa. Tenho de dar cara e falei com eles. Estão amargurados, acham que temos capacidade para fazer mais e nós também o achamos”.
Jorge Ribeiro (jogador do Farense): “Estou muito feliz pela exibição da nossa equipa. Mostrámos personalidade e jogámos muito mais que o Estoril. Não foi só pela expulsão, até porque com 11 contra 11 já estávamos por cima.
Sou mais um a ajudar esta equipa, que bem merece. Estudámos bem o Estoril e temos um excelente grupo de trabalho e viu-se que a melhor equipa foi a nossa.
Agora é desfrutar esta vitória muito saborosa e temos que jogar com qualquer um. Agora vamos festejar e depois logo se vê”.
Por: Lusa
