por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano

Nome: Hugo Cordeiro Nobre

Ano nascimento: 2002 (3 agosto)

 

Ano de 1952. O mundo ressacava das atrocidades da II Guerra Mundial e os governantes tentavam arranjar formas para evitar que os horrores que viveram não fossem repetidos. Neste contexto, ocorre a 1ª reunião da ONU e, como forma dissuasora, é detonada pelos Estados Unidos a 1ª Bomba de Hidrogénio. Ainda na política, o General Fulgêncio Batista assume o poder em Cuba e Dwight Eisenhower é eleito presidente dos EUA. Nesse ano, o Prémio Nobel da Literatura é atribuído ao escritor francês François Mauriac e o da Paz ao franco-germânico nascido no Gabão, Albert Schweitzer. Ernest Hemingway edita o aclamado best-seller “O velho e o mar”; Oscar Wilde encena a peça “A importância de se chamar Ernesto”; os filmes “As luzes da ribalta” de Charles Chaplin, “Serenata à chuva” de Gene Kelly e “Viva Zapata” de Elia Kazan são êxitos de bilheteira e na rádio ouve-se Doris Day (“A guy is a guy”), Vera Lynn (“Auf widersehen, sweetheart”) e Muddy Waters (“She’s allright”). Entretanto, os Jogos Olímpicos têm lugar em Helsínquia (Finlândia) e ficam para a história como os jogos de Emile Zatopek, um checoslovaco que, como corredor de fundo, venceu 3 medalhas de ouro. No futebol, o Uruguai ostenta o título de Campeão do Mundo, conquistado em 1950, frente ao Brasil, em pleno Maracanã. Curiosidades: este é o ano em que é eleita a 1ª Miss Universo (a finlandesa Armi Kuusela) e em que nascem Vladimir Putin (Presidente da Rússia), Nelson Piquet (Campeão do Mundo de Fórmula 1), Roberto Benigni (o cineasta de “A vida é bela”) e Sylvia Kristel (a “Emanuelle”) que viriam a inscrever o seu nome no pátio da fama.

Em Portugal, António Oliveira Salazar perpetua-se no poder, com uma estrutura opressora meticulosamente montada e que desde a extrema violência física e psicológica exercida sobre os adversários políticos até à censura, na maioria das vezes pouco subtil com o seu lápis azul desprovido de emoções, dando azo, mesmo de uma forma inconsciente, à auto-censura, quiçá a mais cruel que existe.

“O Século” e o “Diário de Notícias” são os jornais com maior tiragem, beneficiando, e muito, da sua linha editorial situacionista, enquanto “O 1º Janeiro”, o “Diário de Lisboa”, o “Diário Popular” e o “República” sofrem na pele, uns mais e outros menos, as ousadias que cometem.

Positivo: o Governo legisla impondo o ensino primário como obrigatório.

A comédia “Os três da vida airada” de Perdigão Queirogo e o drama “Nazaré” de Manuel Guimarães são os filmes mais populares do ano; é editado o álbum “At Abbey Road in London 1952” de Amália Rodrigues que inclui, entre outros, temas de culto como o “Fado Hilário”, “Foi Deus”, “Tudo isto é Fado” e o “Novo Fado da Severa” e é dado à estampa o livro “Zagoriansky” de Mário de Sá-Carneiro.

No futebol, o Sporting é Campeão Nacional, o Benfica vence a Taça de Portugal e é inaugurado o Estádio das Antas em que o convidado para a festa é o…Benfica (outros tempos, outros tempos…).

Em Loulé, José da Costa Guerreiro é o Presidente da Câmara e o seu mandato é marcado pela construção e inauguração, em 1953, do Monumento ao Engº. Duarte Pacheco (com a presença de Salazar), pela edificação de um Bairro de Casas Económicas e pela criação de cursos noturnos de alfabetização para adultos em diversas povoações do Concelho. Por outro lado, e sempre em 1952, Manuel Bexiga Peres é o Presidente do Louletano Desportos Clube (reconhecidamente a Pista de Ciclismo integrada no Estádio Municipal de Loulé tem o seu nome) e o ciclista do Clube, Inácio Ramos, vence uma etapa (Setúbal-Lisboa) da Volta a Portugal; nascem dois atuais sócios do Louletano DC, Casimiro Aleixo e Amândio Pereira, que muito têm contribuído para o Louletano DC ter a pujança desportiva e social que hoje detêm e, no dia 1 de dezembro, chega às bancas, preenchendo uma lacuna existente numa então Vila em desenvolvimento, o jornal “A Voz de Loulé”. Sob a Direção do Dr. Jaime Rua e com a coordenação geral do infatigável José Maria da Piedade Barros, “A Voz de Loulé” rapidamente assume um lugar de destaque na sociedade louletana e, após o êxodo da população para o estrangeiro que deflagra, em Portugal, no início dos anos sessenta, torna-se num dos maiores garantes da ligação umbilical que os emigrantes têm com a santa terrinha, assumindo um protagonismo determinante.

50 anos depois, em 2002, no ano em que “A Voz de Loulé” comemora as Bodas de Ouro, nasce Hugo Cordeiro Nobre. Sobrinho de Bruno Cordeiro, um defesa de inegáveis recursos que representou o Louletano em todos os escalões, com nome esculpido na História do Clube, Hugo Nobre é, sobretudo um jogador de equipa. Podendo jogar a lateral (posição onde tem sido mais utilizado), médio defensivo ou, até a central, Hugo tem evoluído bastante bem, está mais solto, mais liberto, quase que diríamos que mais feliz que em épocas anteriores. Os níveis de confiança estão elevados, taticamente está bastante interessante, entendendo bem as vicissitudes do jogo, resolve a contento os problemas que se lhe deparam, quer ao nível do futebol interior quer exterior e não deslustra tecnicamente. Para além disso, e segundo o seu atual técnico Filipe Pinguinha, é extremamente solidário com o grupo, exibindo um comportamento exemplar fruto de um indesmentido e empenhado compromisso com a equipa e com o Clube.

Assim, e se é certo que diferentes desafios irão surgir, apostamos que, por um lado, Hugo Nobre continuará no caminho certo na senda da sua formação plena, integrado que está numa equipa de belíssimos recursos humanos como é a de 2002 do Louletano e que, por outro, a Senhora Diretora Nathalie Dias, a mulher do leme d’ “A Voz de Loulé”, saberá, perspicaz como é, manter o decano da imprensa escrita do Concelho de Loulé, na época do Web Jornalismo em que cada vez mais vivemos, num patamar de excelência.

Para já, esta é uma verdade imutável, apodítica e universal: é obrigatório consultar “A Voz de Loulé” para se estudar e entender a história de Loulé dos últimos sessenta e cinco anos.

Por tudo isto, muitos parabéns a todos os que, ao longo destas seis décadas e meia, tornaram possível a comemoração deste 65º aniversário, ou seja, das Bodas de Ferro (ou de Safira).

Obrigado.