O comércio tradicional de localidades algarvias como Faro, Loulé ou Olhão pode ter resultados piores do que os registados no Natal passado, devido à recente abertura de grandes superfícies na região, alertou um dirigente associativo do setor.

Álvaro Viegas preside à Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) e disse à agência Lusa que os empresários do comércio local têm notado uma menor afluência de consumidores nessas cidades do Algarve central e isso poderá depois traduzir-se em quebras nos negócios comparativamente com o Natal de 2016.

Na origem dessa alegada perda de visitantes está, exemplificou o presidente da ACRAL, a abertura de espaços como o Mar Shopping, centro comercial inaugurado em outubro na área onde está também a loja da multinacional sueca Ikea no Algarve, em Loulé, junto ao nó da A22 (Via do Infante) de acesso à zona sul dessa cidade algarvia e ao aeroporto de Faro.

A mesma fonte frisou, no entanto, que ainda não há dados ou números concretos que confirmem esta “perceção” e remeteu para depois das festividades de Natal uma análise mais rigorosa sobre o real impacto da abertura desses espaços comerciais para os associados da ACRAL.

“Como se costuma dizer, o dinheiro não é elástico. Quando visitamos, como eu já visitei, o Mar Shopping, percebemos que estão lá milhares de pessoas. Naturalmente que nem todos os visitantes consomem, mas a maior parte faz compras nesse centro comercial e haverá uma menor disponibilidade financeira desses visitantes para gastar depois no comércio local”, lamentou Álvaro Viegas.

O dirigente associativo observou que a “perceção” dos comerciantes é a de que “há menos gente nas baixas, seja em Loulé, de Olhão ou de Faro”, mas vai ser preciso esperar até à “primeira quinzena de janeiro” para ter “valores rigorosos” sobre as eventuais perdas do comércio local, “já com números comparativos entre 2017 e 2016”.

“Vamos fazer um questionário ao comércio da zona central do Algarve para perceber qual vai ser o impacto da abertura do Mar Shopping e de toda aquela estrutura nesta época”, anunciou Álvaro Viegas, remetendo os resultados concretos do impacto da abertura de grandes superfícies na região para depois da quadra natalícia.

A ACRAL teme assim que os resultados deste Natal sejam piores que os do ano passado, apesar de, por exemplo, em Faro se ter associado ao município e a outras associações para criar uma programação de Natal na baixa da cidade.

A Câmara de Faro anunciou um investimento 200 mil euros na programação para o Natal, que prevê mais de meia centena de atuações artísticas e lúdicas na baixa da cidade e até atividades científicas.

Um dos centros das atividades programas pelo município será uma tenda de Natal com 700 metros quadrados, instalada na praça da Pontinha, ponto de exibição das árvores de Natal criadas pelos alunos das escolas do concelho e onde, todas as sextas-feiras e sábados, até ao dia 23, haverá animação, precisou a autarquia num comunicado.

 

Por: Lusa