O mercado imobiliário está ao rubro. E as facilidades na concessão de crédito para a compra de casa também. O Banco de Portugal (BdP) está preocupado com o ritmo de concessão dos empréstimos e já veio deixar um alerta aos bancos, para evitar que estes fiquem expostos a uma futura crise.

A instituição pede maior cuidado à banca, admitindo a possibilidade de poder vir a adotar medidas que dificultem o acesso ao crédito à habitação.

"Os desenvolvimentos do preço no mercado imobiliário podem acarretar riscos para a estabilidade financeira na medida em que conduzem ao relaxamento dos critérios de concessão de crédito à habitação num contexto de elevado endividamento das famílias", alerta o BdP no Relatório de Estabilidade Financeira entretanto divulgado.

Banco de Portugal

O supervisor quer evitar que os bancos possam vir a enfrentar um novo cenário de crédito malparado no futuro. De acordo com o BdP, “existe uma percentagem significativa de famílias com níveis de endividamento muito elevado face ao seu rendimento”, algo que as colocará numa situação “especialmente difícil caso haja algum corte ao nível de rendimento ou se verifique um aumento das taxas de juro”.

“Importa assegurar que as atuais dinâmicas do crédito à habitação e da economia, em particular do mercado imobiliário, não comprometem, por um lado, a redução do ainda elevado rácio de endividamento dos particulares, e, por outro lado, não promovem a acumulação de risco excessivo no balanço dos bancos e a excessiva alocação de recursos da economia no setor imobiliário", refere o regulador.

BdP pondera adotar medidas restritivas

A preocupação do BdP é bem evidente no comunicado que acompanha o Relatório de Estabilidade Financeira, onde o supervisor refere que “é fundamental que as instituições financeiras continuem a avaliar adequadamente e de forma prospetiva a capacidade de crédito dos mutuários, evitando a assunção de riscos excessivos nos novos fluxos de crédito, nomeadamente no crédito à habitação”.

A entidade liderada por Carlos Costa vai mais longe e admite mesmo estar “a ponderar adotar medidas com vista ao reforço da avaliação, pelas instituições de crédito, da capacidade creditícia dos mutuários particulares”. As medidas não foram divulgadas, mas o supervisor poderá pedir aos bancos maior exigência na taxa de esforço e na apresentação de mais garantias, levando em conta a futura subida das taxas de juro.

O relatório revela ainda que, no primeiro trimestre, a concessão de novos empréstimos à habitação registou um crescimento de cerca de 40% em termos homólogos e a percentagem de transações de casas financiadas por recurso a crédito aumentou para 45%, face ao mínimo de 20% em 2013 (65% em 2009). Em setembro, do total de 115.106 milhões de euros que os bancos tinham concedido de crédito a particulares, cerca de 81% (93.568 milhões de euros) eram para habitação.

 

Por: Idealista