A Câmara Municipal deliberou na reunião do passado dia 5, aprovar a proposta que visa a formalização da candidatura da “Reabilitação do Espaço da antiga Igreja Matriz de Albufeira”, incluía no PARU de Albufeira, ao Programa Operacional CRESC Algarve 2020. A antiga Matriz de Albufeira foi um dos templos cristãos mais emblemáticos do Algarve e a sua reabilitação prevê um orçamento superior a um milhão e 600 mil euros.

Entre outros projetos, salienta-se também o da “Reabilitação para adaptação do antigo Tribunal a Centro de Artes e Ofícios”.

Entre diversos projetos que serão alvo de candidatura ao Programa Operacional CRESC Algarve 2020, segundo deliberação da Câmara Municipal de Albufeira, está a “Reabilitação para adaptação do antigo Tribunal a Centro de Artes e Ofícios”, num investimento que ascende a 850 mil euros. Um outro projeto é o da reabilitação da antiga Igreja Matriz de Santa Maria de Albufeira, um templo que já existia em 1305, segundo as fontes escritas constantes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. A Igreja que remonta à época de D. Dinis ficou destruída na sequência do terramoto de 1755 e posteriormente foi incendiada, no decurso das lutas liberais (1833). De grande volumetria, a Igreja de Santa Maria dispunha de três naves e tinha como orago Nossa Senhora da Conceição.

Reabilitar aquele espaço impõe um investimento superior a um milhão e 600 mil euros e passa pela conservação, restauro e valorização dos vestígios edificados da Igreja, que correspondem á antiga Capela-Mor, tendo em vista a sua adaptação para espaço expositivo e de atividades culturais, assim como a criação de um novo espaço privado de uso público da cidade, um pátio murado que corresponde em dimensão às antigas naves para posterior acolhimento de eventos culturais.

Situando-se na zona mais nobre e antiga de Albufeira, a nascente do antigo Castelo, com fachada principal voltada para a atual Rua do Cemitério Velho e alçado lateral paralelo à Rua da Bateria, este templo cristão foi um dos mais antigos do Algarve e a sua construção obedeceu a preceitos simbólicos no que se refere à geometria, bem como às relações numéricas de elementos construtivos e dimensionais: é o caso da cruz latina, inerente à planta do templo, e da carga simbólica do número oito, patente na existência das oito capelas edificadas no seu interior. Apresentava um discurso repleto de referências ao cristianismo, a elementos naturalistas da fauna e da flora, a elementos fantásticos, à tradição popular e a outros motivos decorativos como sejam cordas entrelaçadas, pináculos cónicos, colunas torsas, correntes entre outros visíveis nos seus elementos arquitetónicos, que testemunham o tardo-gótico.

No ano de 1567, em carta emanada pela Ordem de Avis, datada de 4 de Janeiro, é concedida autorização para a construção na sacristia da igreja de uma capela para colocar a imagem do Santíssimo. Em 1592, a 14 de Janeiro é feita provisão de licença para Manuel Martins e sua mulher edificarem capela com invocação a S. Brás. Um ano depois, a capela de S. António recebe provisão, em que é concedida licença para possuir órgão. Continuam as campanhas para o melhoramento e conservação do maior e mais imponente templo religioso da vila, e no ano de 1609, surge nova provisão dirigida ao recebedor da fábrica nova, para a concessão de verba por forma a acabar o retábulo-mor. A Confraria de S. Pedro recebe provisão a 4 de Março de 1614, autorizando a construção de nova capela. Em finais do século XVII, gastam se vinte e cinco mil réis no douramento do retábulo – mor da igreja e, em 1685, a fábrica da igreja recebe nova provisão, a 30 de Maio, para remeter á Mesa da Consciência e Ordens quarenta e três mil e novecentos réis para campanha de obras e restauro. O sino é mandado fazer pelo Juiz da Ordem da Comarca de Albufeira, a pedido do então Prior no ano de 1694.

 

Por: CM Albufeira