A Administração dos CTT tornou público, no âmbito de um dito processo de reestruturação, a intenção de proceder ao encerramento de 22 estações de correios em todo o país, uma delas no Algarve, na cidade de Loulé.

Esta decisão, insere-se num vasto pacote de medidas - despedimento de 800 trabalhadores, venda de património, encerramento de balcões, etc - destinadas a garantir a distribuição de chorudos dividendos aos seus accionistas. Medidas que são consequência de um criminoso processo de privatização que o Governo PSD/CDS culminou, após longos anos de uma preparação que contou com o envolvimento do PS.

Para o PCP, estamos a assistir ao aprofundar do caminho desastroso aberto com a privatização dos CTT, com os grupos económicos que hoje controlam a empresa a descapitalizá-la, a alienar património, a degradar o serviço a níveis escandalosos. Um caminho que já implicou: um aumento de 47% na tarifa do correio normal desde a privatização; que entre 2009 e 2016 tenham encerrado 564 estações e postos de correios; que largas centenas de postos de trabalho tenham já sido destruídos; que o correio demore hoje mais tempo a chegar ao destino do que demorava há trinta anos; que património tenha sido vendido para suportar o pagamento de dividendos, como aconteceu recentemente com a venda da histórica sede em Lisboa, permitindo pagar dividendos muito acima do resultado líquido da empresa.

A administração dos CTT, para justificar a sua estratégia de destruição da empresa invoca as quebras na circulação do correio postal. Mas a verdade é que o correio chega cada vez a menos pessoas, cada vez mais tarde e é cada vez mais caro. O problema não está no correio electrónico, que a empresa aliás nunca “quis” desenvolver. Nem no número de trabalhadores, que são muito menos do que aqueles que seriam necessários para prestar o serviço a que estão obrigados. O problema dos CTT está na incompatibilidade entre a gula accionista dos novos donos da empresa e o papel estratégico que esta assume na prestação do serviço público postal.

Face ao que está a acontecer, o Governo PS não se pode esconder por detrás das chamadas entidades reguladores, nem tão pouco esperar pelo fim do contracto de concessão. O processo de destruição da empresa CTT que está em curso urge ser interrompido. Para o PCP, não só é urgente derrotar os objectivos da administração dos CTT de encerramento de mais balcões de correios, incluindo o de Loulé, como se torna absolutamente indispensável que se avance para a recuperação do controlo público dos CTT, única forma de garantir um serviço postal público de qualidade e universal.

Da parte do PCP, que sistemáticamente tem vindo a confrontar os sucessivos governos sobre esta matéria, a defesa dos CTT não é um episódio na sua intervenção, é um compromisso que prosseguirá e que se assume também na solidariedade com a luta dos trabalhadores e dos utentes. Neste sentido, o PCP realizará no próximo dia 15 de Janeiro, às 15:30, uma tribuna pública em frente à estação dos correios de Loulé (Avenida), de denúncia e combate a esta medida e que contará com a participação de Paulo Sá, deputados do PCP eleito pelo Algarve, pelo que apela também à presença da população para que aí se possa manifestar em defesa dos correios.

 

Por: PCP