«Dificilmente poderiam ter escolhido outro nome que fosse mais ajustado para este prémio»

“Dificilmente poderiam ter escolhido outro nome que fosse mais ajustado para este prémio”, referiu João Soares, no passado dia 8 de março, na cerimónia de apresentação do Prémio Municipal Maria Barroso, instituído pela Câmara Municipal de Lagoa em parceria com o Grupo Vila Vita.

A apresentação do prémio, que assinalou também o Dia Internacional da Mulher, terá um valor de 30 mil euros, o maior a nível nacional em termos pecuniários, segundo o presidente da autarquia, Francisco Martins. Distinguir mulheres ou homens que, individualmente ou à frente de instituições, desenvolvam um trabalho na luta pela igualdade de género é o grande objetivo deste prémio.

A iniciativa integra-se no pelouro municipal para a Igualdade, Género e Cidadania (IGC), criado durante este mandato, e do qual surgirão, até 2021, uma série de iniciativas que visam romper com o papel decorativo da luta pelos ideais de igualdade. “Não podemos ficar reféns do simbolismo”, referiu Francisco Martins. “Este nunca poderia ser um prémio simbólico: porque esta é uma questão maior, e porque a pessoa que homenageámos é maior ainda...”. Esta “constitui uma homenagem a uma figura incontornável dos ideais de igualdade; uma mulher de grande sensibilidade e cultura humanista”, disse.

João Soares, que se mostrou “tocado” com a escolha do nome de sua mãe para este prémio, recordou-a como “uma mulher que conseguiu, nesta matéria, e só pela

sua presença discreta, dar uma imensa lição nesta matéria, porque era casada com um homem que tinha uma imagem fortíssima e teve uma vida que merece, a muitos títulos, elogios, e nunca se deixou ‘apagar’ como a mulher do Mário Soares”, disse. “Foi uma coisa bonita, que nos toca a todos”, acrescentou ainda, dirigindo profundos agradecimentos à autarquia e ao Grupo Vila Vita, representado pelo seu administrador, Manuel Cabral.

O debate que se seguiu, moderado pelo jornalista da RTP, Luís Castro, trouxe ao Auditório Municipal de Lagoa temas como a greve das mulheres, a licença de maternidade, as baixas taxas de natalidade, a desigualdade no acesso ao emprego, a alteração das molduras penais para crimes de violência doméstica e a desigualdade na pobreza e nas tabelas salariais entre os dois géneros. Isabel Bartal, socióloga e deputada Cantonal de Zurique, na Suíça; Ana Matos Fernandes, socióloga e rapper, mentora da banda Capicua e Fernando Anastácio, deputado na Assembleia da República, foram os convidados a debater “Questões de género: fraturantes ou estruturantes?”.

O debate manteve a plateia interessada e o tema motivou um convite por parte do jornalista Luís Castro ao presidente da autarquia para participar no “Sociedade Civil”, programa de referência da RTP, “para que estes assuntos possam ser discutidos não só no dia 8 de março”.

 

Por: CM Lagoa