Investigadores da China, EUA e França levaram a cabo um estudo para testar a eficácia da administração de células estaminais mesenquimais (MSC) em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES), em alternativa à transplantação hematopoiética.

Numa publicação recente, os autores referem que os resultados apontam para que o tratamento de LES refratário severo utilizando MSC seja mais seguro e eficaz do que a transplantação hematopoiética.

Neste estudo, dos 81 doentes envolvidos, 22 receberam MSC da medula óssea e os restantes 59 receberam MSC de tecido do cordão umbilical, tendo sido seguidos durante, pelo menos, 5 anos após o tratamento experimental.

Relativamente a doentes que receberam transplantes hematopoiéticos, verificou-se que a percentagem de doentes que entraram em remissão completa após o tratamento com MSC foi superior e, destes, o número de doentes que sofreram recaídas foi menor. A pontuação do índice de atividade da doença diminuiu e permaneceu significativamente mais baixa durante os 5 anos de seguimento destes doentes, o que indica uma melhoria dos sintomas durante esse período. Além disto, o tratamento com MSC permitiu a redução da dose de imunossupressores feita de forma crónica e promoveu melhorias na função pulmonar, renal e hematológica em vários doentes.

“Uma vantagem de utilização de MSC, comparativamente à transplantação hematopoiética, é a redução da utilização de agentes imunossupressores na altura do tratamento, tornando os doentes menos suscetíveis a infeções. Efetivamente, as taxas de infeção decorrentes deste tratamento foram inferiores às reportadas no caso de transplantação hematopoiética.”, refere Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.

A investigadora acrescenta ainda que, “os resultados positivos deste estudo demonstram que o tratamento com MSC de medula óssea ou tecido do cordão umbilical apresenta eficácia comparável, senão superior, à da transplantação hematopoiética, em doentes com LES refratário, e com menos efeitos adversos associados. A administração de MSC pode, assim, vir a constituir uma alternativa terapêutica mais segura e eficaz para o tratamento das formas mais agressivas de LES e permitir a estes doentes um melhor controlo da doença.”

O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença autoimune caracterizada pela produção de anticorpos contra o próprio organismo (autoanticorpos), que podem danificar vários órgãos, incluindo rins, pulmões e sistema nervoso. As suas manifestações clínicas diferem muito de doente para doente e dependem, em grande medida, dos órgãos afetados. Alguns dos sintomas mais comuns são fadiga, febre, dores nas articulações e o típico eritema malar, uma lesão cutânea na face que faz lembrar as asas de uma borboleta.

O LES é uma doença rara que afeta cerca de 0,07% da população portuguesa, sobretudo mulheres em idade reprodutiva, e tem um impacto significativo na sua qualidade de vida.

 

Por: Atrevia