Por Pedro de Almeida Matias – Presidente do ISQ

Loulé é um Concelho de enormes potencialidades. A riqueza cultural das suas gentes, a enorme capacidade de trabalho que detêm e o empreendedorismo que existe, de nascença, em cada Louletano, tornam este Concelho único e com características ímpares.

Loulé sempre se afirmou, por isso, como um Concelho de referência no Algarve e no País.

As potencialidades a nível do Turismo (seja de “Serra”, seja de “Mar”) são óbvias. Dai ser reconhecido como o “triângulo dourado”. Que outro Concelho do País tem Vilamoura, Vale do Lobo e a Quinta de Lago? Que outro Concelho tem a mais bonita Marina do Mundo? Que outro Concelho equilibra a Serra e o Mar de forma tão harmoniosa? Que outro Concelho tem na sua Serra produtos tão puros e tradicionais como o mel, o figo, o medronho? E que outro Concelho tem areia dourada à superfície e sal gema nas suas profundezas?

Dado que toda a dimensão e todo o desenvolvimento económico ligado ao Turismo é tão óbvio não irei referir diretamente este sector neste texto. Muita coisa foi feita nesta área. Muita coisa está a ser feita, e sei que muita coisa está a ser planeada. Apenas uma palavra: é preciso, em todos os projetos que estão a ser pensados, pugnar por um elevado rigor e padrões de exigência. Não deixar de insistir na qualidade e apostar numa irrepreensível inserção dos mesmos numa ótica de efetivo desenvolvimento sustentável.

Como o objetivo deste texto é dar pistas para o futuro desenvolvimento económico e social do Concelho, irei referir apenas três ideias que me parecem absolutamente essenciais. Sendo apenas três, e havendo consenso político, é fácil pensa-las, é fácil defini-las e é fácil implementa-las, tendo em vista a melhoria das condições e a qualidade de vida dos residentes e dos Louletanos. A política faz-se de rasgo, de visão estratégica, de audácia, de acreditar e de querer fazer sempre o melhor para o futuro e para as suas populações. Aqui ficam, por isso, três ideias:

Primeiro: em termos de desenvolvimento económico e social, Loulé precisa urgentemente de desenhar toda uma nova área empresarial e de requalificar a existente. O Desenvolvimento do Concelho de Loulé não pode assentar só em Turismo. O Turismo é e será sempre muito importante e estratégico. Terá sempre uma importância alargada. Mas Loulé, deve complementar essa oferta com um desenvolvimento empresarial de referência. É por isso, absolutamente essencial, re-inventar uma zona empresarial que combine conforto, sofisticação, dinamismo, qualidade de vida com a localização e retenção de Quadros nacionais e internacionais altamente qualificados a nível empresarial.

Assim como altos Quadros de empresas nacionais e de todo o Mundo vêm passar férias ao Concelho de Loulé, é preciso criar condições para que os mesmos queiram também vir trabalhar para o Concelho de Loulé. Loulé precisa de reter jovens e Quadros qualificados (nacionais e internacionais) para que se torne empresarialmente mais desenvolvido e economicamente sustentável 365 dias por ano.

As zonas empresariais do futuro não são mais como foram desenhadas as velhas e tradicionais “zonas industriais” do passado. No passado, estas zonas eram meramente um conjunto de loteamentos, algumas (poucas) infraestruturas de apoio, e resultavam, tantas vezes, num mero aglomerado de armazéns.

O que Loulé precisa é de desenhar uma “Quinta do Lago” para empresas (julgo que “esta imagem” ajuda a perceber o conceito). É isto que vemos nos países mais avançados do Mundo, onde, lado a lado, convivem casas e residências com espaços empresariais modernos e sofisticados e onde o trabalhador e as condições de trabalho estão no centro da atividade e são valorizadas. Não estamos a falar de lotear terrenos para uma zona industrial. Estamos a falar de criar toda uma nova área empresarial e residencial desenhada com base nos mais altos padrões de qualidade e de conforto, rodeada de natureza, devidamente ordenada e integrada com os espaços e onde os trabalhadores estão no centro das condições de trabalho. Só com espaços destes, Loulé poderá atrair para o seu Concelho algumas empresas nacionais e internacionais. Aqui podem conviver Startups tecnológicas, empresas nacionais de referência e até algumas multinacionais baseadas em serviços de engenharia assentes no digital onde a localização não é fator relevante, mas para as quais as condições e qualidade de vida dos seus trabalhadores são essenciais.

Toda esta nova realidade terá um impacto muito importante na criação de emprego duradouro e sustentável e na dinamização de todo um conjunto de atividades para o comércio e os serviços locais, para o comércio tradicional e para toda a economia do Concelho.

Segundo: Loulé precisa de criar condições para a instalação de Colégios e Escolas de referência a nível internacional. Só através deste processo se consegue “dominar” o conjunto da cadeia de valor do desenvolvimento económico e social. Loulé precisa de apostar na captação do imaterial, do intangível e na produção de saber. Loulé precisa de apostar a criação de conhecimento e na atração dos melhores alunos a nível nacional e internacional em áreas específicas. Daqui, deriva depois, com grande facilidade, a criação de realidades empresariais que se querem fixar no próprio Concelho. Estamos a falar na atração e localização no Concelho de Loulé de Escolas de referência internacional. Daqui sairão certamente spin-offs, daqui sairão os empreendedores que criarão as Startups de amanhã que serão os unicórnios do futuro e que se querem instalar em locais onde a qualidade de vida e o lifestyle estão no centro.

Terceiro: Loulé tem investido bastante em infra-estruturas ao longo dos últimos anos. Muitas delas estão feitas. Algumas delas nunca foram feitas. É certo que em matéria de infra-estruturas é sempre possível ir mais longe. Há sempre algo que falta e que se pode melhorar, mas para complementar a ótica de desenvolvimento económico e social atrás referida existem duas áreas em que me parece absolutamente essencial apostar:

A área da saúde através da instalação de clínicas de referencia e também de uma unidade hospitalar abrangente com todas as condições necessárias para cidadãos exigentes e para uma nova realidade empresarial que dá muito valor às condições de vida. Esta será também uma infra-estrutura da maior importância para o Turismo de Saúde e para todos aqueles que cada vez mais escolhem o Algarve e o Concelho de Loulé para usufruírem da sua terceira e quarta idade. O prolongamento da esperança média de vida leva a que cada vez mais pessoas a partir dos 65 anos de idade se queiram reformar mas manterem-se activas e disfrutarem de todo um conjunto de atividades desportivas, culturais e de lazer;

E a área dos transportes, neste caso, aéreo. Se queremos Loulé como uma referência internacional ao nível de novas realidades empresariais. Se queremos Loulé como um local privilegiado na Europa para o envelhecimento activo temos de criar condições de circulação aérea modernas e sofisticadas o que poderá ser feito através de um Aeródromo de última geração que permita uma mobilidade e condições de conforto desejáveis.

Num mundo moderno e sofisticado e onde se busca cada vez mais o lifestyle e a qualidade de vida, pode-se começar o dia a fazer compras de produtos tradicionais num mercado local; fazer surf ou jogar golf durante a manhã; trabalhar toda a tarde num espaço empresarial de referência enquadrado num resort; fazer jogging ou jogar paddel ao final do dia, e ainda jantar com a família ou com clientes em espaços de referência. É esta qualidade de vida, aliada à segurança, que a nova geração (os “Millennials”) tanto procuram na Europa e no Mundo.

Por: ISQ