A transportadora aérea Ryanair admitiu hoje processar o sindicato de tripulantes de cabine se continuarem com as «falsas alegações» de violação da lei portuguesa, no âmbito da recente greve de trabalhadores de bases nacionais.

“Penso que podemos ir a tribunal. Se o sindicato continuar estas falsas alegações de que violámos a lei portuguesa, então penso que teremos de os processar, porque somos um grande empregador, um grande investidor em Portugal (…) e não estamos dispostos a ter o nosso bom nome e reputação manchados por alegações falsas feitas por um sindicato com representantes da TAP”, afirmou Michael O’Leary, presidente executivo da transportadora.

Em declarações à agência Lusa, o responsável informou ainda que serão enviadas hoje cartas ao Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e à Autoridade para as Condições de Trabalho, enquanto entidade inspetora, garantindo que a lei portuguesa foi cumprida.

Desde o início da paralisação de três dias, no período da Páscoa, que o SNPVAC acusou a companhia aérea de violar a lei portuguesa, ao substituir trabalhadores em greve, incluindo com ameaças de despedimento.

À margem de uma conferência sobre Turismo, no Estoril, o CEO garantiu que a transportadora o que fez foi “completar os voos na Páscoa, que era o que os passageiros e as suas famílias queriam”.

“Não poderíamos operar esses voos se a maioria dos tripulantes não trabalhassem normalmente, o que fizeram. Estava a ser ilegal? Não. (Foi ilegal) Por operar aeronaves desde a Holanda, Irlanda ou Reino Unido? Nós discordamos. Foi perfeitamente legal”, garantiu.

O CEO argumentou ainda que uma das bases da União Europeia é a livre circulação de trabalhadores e que se o sindicato “tem um problema com a Ryanair que venha conversar” e explicar as suas questões.

O CEO informou ter contactado a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para pedir uma reunião para “explicar o que aconteceu realmente nos três dias de greve”. “Também enviámos uma carta dos nossos advogados portugueses, confirmando que todas as leis portuguesas foram cumpridas”, sublinhou à Lusa.

“Somos um dos maiores empregadores em Portugal, empregamos 600 pilotos e tripulantes, não apenas em Lisboa, mas também no Porto, Faro e Ponta Delgada. Estamos a aumentar rotas, estamos a aumentar empregos, somos um dos maiores investidores estrangeiros em Portugal”, resumiu.

O responsável defendeu ainda não “haver base para uma greve europeia” porque a companhia tem “tripulantes muito felizes em Portugal e pela Europa”.

Esta eventual ação vai ser discutida no próximo dia 24, em Lisboa, por sindicatos, tendo o SNPVAC admitido que a greve pode avançar em maio.

 

Por: Lusa