O número de famílias portuguesas a viver com excesso de despesas de habitação diminuiu.

 A taxa de sobrecarga atingiu 6,7% da população em 2017, menos 0,8% que em 2016. Ainda assim, este alívio não foi sentido por todos. Teve um maior impacto entre as famílias de menores rendimentos.

Os dados constam do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgado esta segunda-feira (7 de maio) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e mostram que o recuo do peso das despesas associadas à habitação apenas teve impacto no orçamento das famílias que vivem com menos dinheiro – por sua vez também são as mais afetadas com o problema.

“A taxa de sobrecarga das despesas em habitação, que corresponde à proporção de pessoas que vivem em agregados familiares em que o rácio entre as despesas anuais com a habitação e o rendimento disponível (deduzidas as transferências sociais relativas à habitação) é superior a 40%, foi de 6,7% em 2017, menos 0,8% que em 2016. Contudo, a redução da sobrecarga apenas teve impacto nos dois quintos de rendimentos mais baixos”, lê-se no comunicado divulgado pelo INE.

As despesas com a habitação, de acordo com o documento, incluem todos os gastos relacionadas com água, eletricidade, gás ou outros combustíveis, condomínio, seguros, saneamento, pequenas reparações, bem como as rendas e os juros relativos ao crédito à habitação principal. Entende-se que existe uma “sobrecarga” quando as famílias gastam mais de 40% do seu rendimento com a habitação. Os dados do INE revelam ainda que as pessoas em idade ativa que vivem sós (19,1%) e as famílias monoparentais (20,7%) são as mais afetadas.

Há menos pessoas a viver em casas sobrelotadas

Também há menos famílias a viver em casas sobrelotadas. Este problema afetou, no ano passado, 9,3% da população, menos 1% que no ano anterior. A redução da condição de sobrelotação foi transversal a todas as classes de rendimento, ainda que este fenómeno tenha afetado principalmente as famílias em situação de pobreza (17,7%), as famílias com crianças dependentes (15,4%) e as famílias residentes em áreas densamente povoadas (11,5%).

Verificou-se ainda uma queda na proporção de pessoas afetadas por condições severas de privação habitacional. A proporção foi de 4%, percentagem que traduz uma melhoria de 0,9% em relação a 2016. De referir que taxa de privação severa das condições da habitação corresponde à proporção da população que vive num alojamento sobrelotado e com, pelo menos, um dos seguintes problemas: inexistência de instalação de banho ou duche no interior do alojamento, inexistência de sanita com autoclismo, um interior ou teto que deixa passar água, humidade nas paredes ou apodrecimento das janelas ou soalho.

Quase 2,4 milhões de portugueses em risco de pobreza

Um total de dois milhões e 399.000 portugueses estavam em risco de pobreza ou exclusão social em 2017, menos 196.000 que no ano anterior. Do total de pessoas em pobreza ou exclusão social, 18% (431.000) eram menores de 18 anos e 18,8% (451.000) eram pessoas com 65 ou mais anos.

Os números são revelados pelo Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do INE, que se realiza em Portugal desde 2004, recorrendo a entrevistas presenciais, dirigindo-se a 14.052 famílias em 2017.

O indicador estatístico relativo à população em risco de pobreza ou exclusão social associa a condição de risco de pobreza relativa às de privação material severa e de intensidade laboral "per capita" muito reduzida. Em 2017, 6,9% dos residentes viviam em condição de privação material severa (708 milhares de pessoas), menos 1,5% que em 2016 e menos 2,7% que em 2015.

 

Por: Idealista