A inauguração de uma Olaria, na passada quinta-feira, insere-se nas ações que têm sido desenvolvidas no âmbito do projeto Loulé Criativo. A mesma situa-se no edifício recuperado da centenária Olaria de José João Velhote, localizada no Centro Histórico de Loulé, adquirida pelo Município e agora reerguida a partir do estado de ruína em que se encontrava.

Junto à muralha medieval, o espaço que abre agora ao público permitirá o funcionamento de duas valências que se articulam e complementam. Numa delas, Domingos Gonçalves “Xavier” que ali manteve atividade até o edifício entrar em ruína, voltará a ser oleiro, a tempo inteiro como ambiciona, moldando e demonstrando como se trabalha o barro. Na outra, integrado no projeto Loulé Criativo, serão acolhidos oleiros e ceramistas em períodos de incubação, permitindo a experimentação e o seu lançamento e consolidação na atividade.

O espaço será ainda um centro de recursos para uma dezena de profissionais que desenvolve atividade no Concelho; uma “montra” que permitirá divulgar a oferta de produtos e serviços existentes, e; um local onde ocorrerão ações de capacitação para profissionais do setor e simultaneamente de aproximação à atividade para alunos das escolas e outros públicos. Neste momento inicial, estarão representados no espaço Bernadette Martins, José Machado Pires, Francisco Velez, Ricardo Inácio, Isabel Valente, Teresa’s Pottery e Pedro Piedade.

Esta Olaria constitui mais um passo do projeto Loulé Criativo tendo em vista a valorização dos ofícios, preservando competências e estimulando a criação de novas formas e de novas utilizações a partir de saberes e técnicas que são parte do património imaterial concelhio.

Ainda na memória de muitos louletanos, estão as antigas olarias e telheiros dispersos pela cidade e pela sua periferia. Nas olarias produziam-se vasilhas para vários usos, o transporte ou guarda da água, azeite, conservas de azeitonas – cântaros, infusas, potes – alcatruzes para a pesca. Nos telheiros moldava-se e coziam-se telhas e ladrilhos.

No dia em que decorreu mais uma iniciativa importante para o Concelho inserida no programa comemorativo do seu aniversário, o presidente da Autarquia manifestou a sua satisfação por tratar-se de mais um espaço integrado num conceito que tão bem sucedido tem sido na cidade como também porque as olarias fazem parte da memória coletiva de Loulé e das suas gentes.

À semelhança da Casa da Empreita e da Oficina do Caldeireiro, mas também, numa perspetiva mais contemporânea, do Loulé Design Lab, esta Olaria será “mais um polo de interesse”. “A nossa intenção é fazer emergir Loulé de um ciclo difícil que ultrapassou num passado recente, agarrando nas nossas melhores tradições, neste caso que têm a ver com o artesanato, com as atividades económicas que eram muito marcantes e vigorosas há 50, 60, 70 anos na cidade de Loulé, convertendo-as num produto que é simultaneamente cultural, de memória, mas com a capacidade de atrair turistas que, cada vez mais, procuram conhecer a identidade dos locais e povos que visitam”, afirmou ainda Vítor Aleixo.

O autarca salientou ainda a vertente comercial deste espaço, uma vez que os artistas e criativos terão a oportunidade de vender e promover aqui as suas peças.

 

Por: CML/GAP /RP