por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano

Nome: Tiago Filipe Jesus Sousa

Ano nascimento: 2002 (14 novembro)

 

 

Sabe-se que a esmagadora maioria dos espectadores dos jogos das equipas de futebol de formação são os familiares dos jogadores. Pais, mães, avôs, avós, tios, tias e afins são presença regular nas bancadas dos campos onde se procura que, para além da prática da atividade física, da interiorização de valores éticos e da vivência em grupo, um pouco à imagem do lema dos “Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas, e hoje o lema tradicional da Suiça –”Um por todos, todos por um”-, onde se procura, dizíamos, que os jovens se divirtam praticando a modalidade desportiva que mais gostam: o futebol.

Para além destes, encontra-se, na bancada, dirigentes e treinadores dos clubes intervenientes que desempenham funções junto das outras equipas e, também, sócios e simpatizantes adeptos do futebol.

Um dos processos de interessante análise é a escolha dos jogos que estes adeptos e simpatizantes dos clubes e, especificamente do futebol, assistem. Se há os que o fazem pelo horário que estão disponíveis e que, por vezes, nem sabem que jogo vão ver, a maioria é atraída pela qualidade do futebol praticado ou, talvez até em maior número, pela classificação da equipa, a que está a jogar para subir de Divisão ou a que luta pela permanência. É o primado da equipa puxar pelo adepto mais do que o adepto puxar pela equipa. É o princípio do resultado do jogo ter fulcral importância e portanto o jogo ser mais aliciante, no sentido de emotivo, do que se a equipa estiver tranquilamente no meio da tabela.

O cachet que é pago à Federação Portuguesa de Futebol por um jogo amigável da Seleção Nacional tem sempre um condicionalismo imposto pelo promotor do espetáculo. Cristiano Ronaldo joga? Se não estiver disponível o cachet será necessariamente inferior ao do definido com a sua presença.

Está aqui implícita uma realidade indesmentível: há adeptos que só ver o jogo se Cristiano Ronaldo jogar, como há canais televisivos que só adquirem os direitos de transmissão do encontro se ele actuar.

É o raro privilégio de um só jogador conseguir levar pessoas aos Estádios, de um só jogador prender telespectadores em frente ao pequeno ecrã.

Salvo as devidas e abismais diferenças, assiste-se no futebol de formação a fenómenos similares. Há alguns adeptos que escolhem os jogos que assistem em função de um jogador, para o verem jogar. Mas não são muitos os casos e não são muitos os jogadores que logram alcançar um estatuto destes.

Tiago Sousa, após 7 épocas no S.R. 1º Janeiro de São Brás de Alportel, transferiu-se nesta temporada que agora finda para o Louletano. Primeiro ano de Juvenil, Tiago, médio ofensivo, com o seu futebol feito de dribles e rasgos divinais que parecem ilusões de óptica, parecendo saltitar como os miúdos no pátio do colégio, com passes milimétricos fazendo a bola chegar ao companheiro sempre redondinha, possui um talento enorme. Com uma relação extremamente íntima com a bola, Tiago, com as suas chuteiras geniais, domina a arte de bem manejar os diferentes ritmos de jogo e a posse da bola, sabendo quando a deve esconder ou mostrar, quando deve correr com ela, segurá-la ou passá-la.

Adicionando a estes predicados uma frieza iceberguiana no momento da finalização, pode-se contemplar na relva todo o esplendor do futebol de Tiago Sousa. É bonito, esteticamente atraente e competitivo. Talvez por isso, quando o vemos atuar recordamo-nos de Pablo Aimar.

“Quando joga a equipa de 2002 do Louletano? Quero rever aquele miúdo que alinhou no outro dia a médio centro esquerdo. Gostei muito!” Questionou-nos há poucas semanas um sócio do Louletano.

Não, não é qualquer um que “obriga” um adulto desconhecido a deslocar-se a um Estádio de futebol para o ver jogar. É algo só ao alcance dos predestinados. Como é o Tiago Sousa.