A concentração foi convocada pelo Sindicato de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) e coincidiu com o primeiro de dois dias de greve nas empresas Próximo, Frota Azul e Translagos, que teve “uma adesão próxima dos 50%”, segundo fonte sindical.
Paulo Silva, coordenador regional do Algarve do STRUP, explicou que os trabalhadores destas empresas fazem o mesmo serviço que os da EVA Transportes, a outra empresa do grupo algarvio, na qual existe um Acordo de Empresa e os trabalhadores são pagos “um pouco melhor do que os colegas”.
Em causa estão “cerca de 200 trabalhadores” das empresas do Grupo EVA - pertencente, por sua vez, ao Grupo Barraqueiro - que hoje deram “um passo corajoso”, aderindo a uma greve num setor onde habitualmente a “contestação laboral era praticamente inexistente”.
O protesto contou com o apoio de outras estruturas sindicais e de partidos políticos em solidariedade para com os motoristas de autocarros do Algarve, que “recebem 538 euros por mês”.
Estiveram presentes o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Arménio Carlos, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, e o membro do Comité Central do PCP Vasco Cardoso, entre outros.
Arménio Carlos disse aos manifestantes que “tornaram possível o que parecia impossível” ao aderirem à greve e pararem muitos dos transportes rodoviários do Algarve.
A sua luta, acrescentou, “não é só uma luta por melhores salários, é também uma luta pela dignidade”, e são precisos “estabilidade no emprego” e “horários dignos, que permitam conciliar a vida familiar”.
“Não é admissível que uma profissão com a responsabilidade como aquela que vocês desenvolvem como motoristas, que tem relação direta todos os dias com a segurança das pessoas, tenha horários desregulados e salários na ordem dos 600 euros. Isto não pode continuar, isto tem de acabar”, afirmou Arménio Carlos.
Catarina Martins, coordenadora do BE, solidarizou-se com a luta dos trabalhadores, disse saber que vivem “numa situação difícil” e que tomaram a “decisão complicada de fazer uma greve”, numa empresa onde “todos os salários base são muito baixos” e “até os melhores são muito baixos”.
“Como é possível que quem trabalha neste setor e tem tanta responsabilidade ganhe tão pouco? Não é justo, não é assim que se trata quem trabalha e a luta por salários base dignos é essencial”, afirmou Catarina Martins, lamentando que a empresa use os suplementos para “compensar” esses salários baixos e tente “nivelar por baixo”, utilizando para isso “trabalhadores de uma empresa contra a outra”.
Vasco Cardoso, do PCP, disse que os trabalhadores mostraram “a força organizada da luta” e considerou que “não é possível olhar para o Algarve sem o papel da EVA e os trabalhadores que todos os dias fazem circular” os autocarros na região.
“As razões desta luta são justas, os salários são baixos e há discriminação salarial dentro do grupo. É um elemento que se verifica para pressionar ainda mais para baixo os direitos dos trabalhadores e as suas condições de vida”, disse Vasco Cardoso.
Por: Lusa