Os preços das casas estão em máximos de quase uma década e têm sido várias as entidades oficiais (Banco de Portugal, CMVM e FMI) a alertar sobre os impactos desta evolução.

Mas quem está no dia-a-dia a fazer negócio no mercado imobiliário rejeita que exista, de momento, uma bolha imobiliária em Portugal. E fala-se já numa contenção de preços a partir do próximo ano. 

Os argumentos para rejeitar uma bolha

A RE/MAX, por exemplo, apoia-se nos dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para declarar taxativamente que não existe uma bolha “imobiliária em Portugal.

O preço médio do m2 na avaliação bancária (apartamentos e moradias) em Portugal cresceu 5,5% entre abril de 2017 e abril de 2018 em comparação com período homólogo, um crescimento que a rede de mediação imobiliária considera "moderado", argumentando que este indicador aumentou apenas 1,4% no concelho de Lisboa nesse período (concretamente de 2.095€/m2 para 2.125€/m2).

Manuel Alvarez, presidente da RE/MAX citado em comunicado, considera assim que “no mercado atual há um equilíbrio de mais-valias para todos os intervenientes, ou seja, o comprador sabe que terá ganho no futuro, o proprietário consegue fazer um bom negócio e a banca continua a ceder crédito porque, ao subirem suavemente, os preços garantem um melhor empréstimo”.

Segundo o responsável, os preços no concelho de Lisboa tiveram um forte crescimento em 2015 e 2016 e agora começaram a conter-se, sendo que no concelho do Porto ainda não se atingiu esse ponto e, neste período, o preço médio do m2 aumentou 11,3% (de 1.514€/m2 para 1.685€/m2) e "vão começar a conter-se tal como aconteceu na capital". 

Banca partilha ponto de vista das imobiliárias

Esta mesma visão é partilhada pelo novo presidente executivo do BCP. Miguel Maya admite que "há uma procura quente" em algumas tipologias e localizações de imóveis de financiamento para a compra de casa, mas rejeita a ideia de existir uma bolha no mercado imobiliário, garantindo ainda que o "banco é prudente".

Já Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE, recorda que "a base de partida é relativamente baixa e, de facto, não estávamos habituados a ver Lisboa com preços um bocadinho mais à escala europeia", declarando em entrevista ao Jornal de Negócios, que "se queremos que Lisboa seja uma cidade europeia em toda a sua extensão, temos que nos começar a habituar que, de facto, os preços não iriam ficar para sempre iguais ao que foram, especialmente durante a crise que nos afetou tanto e durante tanto tempo".

Perfil de comprador influi na análise

No entender deste especialista, para controlar os preços "é preciso trabalhar do lado da oferta". Horta e Costa, afirmando que "não considero que há uma bolha", explica que "considero que há uma bolha quando começamos a ver produção de apartamentos ou casas em massa, em zonas onde não havia nada e esses apartamentos a serem comprados por pessoas que não têm esse poder de compra"

Hoje em dia, e nos últimos anos, de acordo com o responsável "o mercado tem sido muito mais caracterizado por investidores de capital próprio. Além disso, por um lado, os bancos são muito cautelosos, os investidores também são, por outro lado, e há aqui uma série de variáveis que fazem com que a perceção de redução de risco do investimento em Portugal hoje não seja tão artificial e seja muito mais consistente".

 

Por: Idealista