A reposição dos trilhos danificados pelo incêndio de Monchique e a concretização de ações para captar visitantes são as prioridades para o relançamento do turismo nas áreas afetadas, disse hoje à Lusa a secretária de Estado do Turismo.

Ana Mendes Godinho disse que está a ser definido um conjunto de ações para repor a dinâmica da atividade turística - por um lado, recuperando infraestruturas afetadas, sobretudo trilhos, e, por outro, captando mais visitantes com a realização de eventos, congressos ou reuniões de empresas.

"Alguns trilhos podem ser utilizados neste momento, outros não, e são esses que queremos garantir que rapidamente são repostos", declarou a governante, após uma reunião com empresários do setor do turismo de Monchique, em que participaram também os presidentes do município e da Região de Turismo do Algarve, entre outros.

A secretária de Estado do Turismo adiantou que vai ser estendido a Monchique o programa que tinha sido criado para a região Centro na sequência dos incêndios de 2017, em que o Turismo de Portugal apoia a realização de reuniões de empresas ou de eventos, contribuindo com 22 euros por noite por cada pessoa que fique em unidades de alojamento turístico.

Segundo Ana Mendes Godinho, a medida "entrará imediatamente em vigor", podendo as empresas candidatar-se a fazer eventos ou reuniões no concelho de Monchique, numa altura em que "há mais dificuldade" em relançar a atividade turística.

Depois de haver registo de alguns cancelamentos de reservas na semana do incêndio, que lavrou entre os dias 03 e 10 de agosto, as unidades hoteleiras "estão agora a retomar a sua atividade turística", havendo até a previsão de boas taxas de ocupação para o final do mês de agosto e setembro, no caso das Termas de Monchique.

Vai estar disponível, também em Monchique, uma linha de apoio à tesouraria, para as empresas turísticas, assim como uma linha de apoio à qualificação da oferta, "para que seja feito investimento em equipamentos hoteleiros ou de alojamento local e também a dinamização de produtos turísticos".

O levantamento dos prejuízos nas zonas de serra onde existem marcados percursos de natureza está neste momento a ser feito pela Região de Turismo do Algarve, em articulação com a Câmara de Monchique e as associações que mobilizam este tipo de produtos.

O fogo que durante oito dias lavrou na serra de Monchique obrigou à retirada de meio milhar de turistas que estavam hospedados em duas unidades hoteleiras, na zona das Caldas de Monchique, e que foram realojados em hotéis de concelhos vizinhos.

Apesar de afetar as zonas envolventes aos hotéis, nenhum foi atingido diretamente pelo fogo.

O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, deflagrou em Monchique (no distrito de Faro) e lavrou durante oito dias, afetando também o concelho vizinho de Silves e, com menor impacto, Portimão (no mesmo distrito) e Odemira (Beja).

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram 27.635 hectares, com maior impacto em Monchique, onde a área ardida atingiu os 16.700 hectares, afetando um total de 32 habitações.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) anunciou na quarta-feira que os danos apurados e cobertos por seguros na sequência do incêndio na serra de Monchique ultrapassam os dois milhões de euros.

 

Por:Lusa