por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano

Nome: Tiago Martim Pereira Lobo

Ano nascimento: 2008 (16 julho)

 

 

Ao vermos um jogo de futebol de um escalão como o de Benjamins A (9 a 11 anos), isto é, de Futebol 7, um dos exercícios mentais que realizamos, mesmo involuntariamente, é o de projetar o futuro dos jogadores, no Futebol 11. Tal situação é tão mais comum quanto maior for a qualidade futebolística que neste momento o jogador em apreço evidenciar.

Sabe-se, no entanto, que o futebol não é uma ciência exata e a evolução de um ser humano, ontogenicamente falando, é tudo menos linear e programada como se programa uma aplicação para descarregar nos telemóveis.

A vontade do jovem em jogar futebol, o gosto em aprender e evoluir, a serenidade mental, o apoio estrutural e desportivo do clube e o suporte familiar, qual rede que protege o trapezista, presente sim, mas não asfixiante, são fatores decisivos e fundamentais.

E, obviamente, as opções de vida. Futebol ou Curso Superior? Futebol ou agarrar uma boa oportunidade de negócio? Claro que o ideal, em ambos os casos, é substituir o ou pelo e.

Sabemos, no entanto, que por vezes tal é incompatível. Há então necessidade de fazer uma escolha. O que escolher? Não sabemos. Não há escolhas corretas e escolhas erradas. Há escolhas que são feitas num certo e determinado momento, num certo e determinado contexto; há escolhas, opções de vida. Como disse o filósofo espanhol Ortega y Gasset “eu sou eu e a minha circunstância”.

Mas este dilema por poucos é vivido. Atingir patamares superiores no mundo do futebol não é para todos. E até alguma pontinha de sorte é, por vezes, necessária.

Tiago Lobo joga nos Benjamins B (equipa de 2008) do Louletano. Está no terceiro ano como federado (segundo no Louletano depois de ter representado a Geração de Génios no ano em que debutou). Quem vê jogar esta equipa do Louletano, que possui no plantel vários jogadores de bom nível, é impossível não reparar no Tiago Lobo. Alinhando a central, elegante, exibe uma postura imperial, de liderança, sendo pouco menos que intransponível nos lances de um para um e evidenciando uma inteligência geográfica muito acima do que é previsível num miúdo de 10 anos. Em termos ofensivos integra-se com elevado critério nas ações da equipa, assumindo-se como um veículo desequilibrador, já que cruza com uma “souplesse” tal que por vezes parece um vendedor de jarras de cristal e com uma precisão digna de um relógio suíço. Dominando a arte da receção, na maioria das vezes orientada, e a do passe, Tiago Lobo, até porque entende bem o futebol enquanto jogo coletivo, é grande candidato a, daqui a uma dezena de anos, ser um dos elementos a quem será colocado o dilema que referimos no início destas linhas.

Porque tem potencial futebolístico para isso. É que tem mesmo.