Mais de duas centenas profissionais de Saúde do Algarve, da Educação, do Setor Social, das Autarquias, da Justiça, das Forças Policiais e da Consejaria de Salud da Junta de Andalucia, reuniram-se esta terça-feira, 27 de novembro, no auditório Municipal de Olhão, ...

... no 1º Seminário Regional «Saúde e Prevenção da Violência no Ciclo de Vida» organizado pela Administração Regional de Saúde do Algarve, através do Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo de Vida e da Coordenação Regional da Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco e da Ação de Saúde sobre Género, Violência e Ciclo de Vida, com o apoio do Município de Olhão.

No decorrer da sessão de abertura que contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Pina, do Coordenador da Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco (ASJR) e Ação de Saúde sobre Género, Violência e Ciclo de Vida (ASGVCV) da Direção Geral da Saúde (DGS), Vasco Prazeres, o Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado, lembrou que «a violência é um problema de saúde pública, mas como muitos problemas de saúde pública é previsível e evitável na maior parte dos casos» e que, por isso, «todos enquanto sociedade temos um papel a desempenhar na prevenção da violência».

Salientando que «a violência é um problema multifacetado e transversal a todas as sociedades e classes sociais», o Presidente da ARS Algarve, defendeu a importância da aposta na prevenção e numa abordagem e intervenção multissetorial das diversas entidades e do próprio cidadão». Neste sentido, Paulo Morgado, lançou o desafio a todos os participantes para que no seu dia-a-dia «perguntem, não tenham medo de perguntar se existe violência, não tenham medo de suspeitar. Se souberem perguntar, se souberem investigar, vão perceber que há muita violência escondida, porque só desta forma, identificando, sinalizando e registando, será mais fácil elaborar um plano, atuar, agir e ajudar nas várias situações».

No mesmo âmbito, o Coordenador da Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco (ASJR) e Ação de Saúde sobre Género, Violência e Ciclo de Vida (ASGVCV) da Direção Geral da Saúde, Vasco Prazeres, elogiando o trabalho desenvolvido na região do Algarve pela equipa de profissionais da Saúde em colaboração com as restantes entidades parceiras, realçou a evolução e o percurso a que temos assistido nesta área específica e abrangente da violência, assinalando que «a Saúde tem vindo a olhar para esta problemática de uma maneira muito mais atenta e aprofundada e procurando resposta para um problema que é complexo e nem sempre fácil de concretizar».

Ao longo do dia este conjunto de profissionais das áreas da Saúde, Social e Jurídica de estruturas Nacionais, Regionais do Algarve e de Andaluzia debateram a prevenção da violência de género, as boas práticas na promoção dos direitos das crianças e prevenção ao longo do ciclo da vida, violência interpessoal e, ainda, violência, saúde, justiça e proteção, com o objetivo de estimular a reflexão acerca da problemática da Violência ao Longo do Ciclo de vida, num enquadramento do modelo organizativo dos serviços de saúde, bem como da perspetiva de articulação intersectorial.

Assinatura do Protocolo de Cooperação Institucional no âmbito da Violência Doméstica

O 1º Seminário Regional Saúde e Prevenção da Violência no Ciclo de Vida encerrou com a Cerimónia de Assinatura do Protocolo de Cooperação Institucional no âmbito da Violência Doméstica, pelo Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado, pelo Magistrado do Ministério Público e Coordenador da Comarca de Faro, Francisco Narciso.

A Administração Regional de Saúde do Algarve é uma das 26 entidades regionais que assinaram este Protocolo de Cooperação Institucional, com vista a reforçar a articulação interinstitucional para melhorar a resposta na região do Algarve ao fenómeno da violência doméstica em relação à investigação criminal, à prevenção, à intervenção para proteção dos menores e adultos envolvidos e ao encaminhamento das vítimas para as estruturas de apoio mais adequadas às suas necessidades.

Na decorrer da sessão, o Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado, destacando o caracter inovador deste protocolo, sublinhou que «estamos muito empenhados no combate à violência de todas as formas. A violência é o problema de saúde pública mas também um problema multifacetado que exige uma atuação concertada, por isso, assim que fomos convidados a fazer parte deste protocolo respondemos de imediato de forma positiva».

«Este protocolo dá um passo importante, não apenas de uma maior comunicação entre todos, mas porque representa o assumir de uma maior responsabilização de todas as entidades envolvidas num esforço comum de disseminarmos os conhecimentos nesta área e todos aprendermos a fazer mais e melhor para evitar situações mais graves. Se com este protocolo conseguirmos evitar uma morte que seja já valeu a pena», defendeu.

No mesmo sentido, o Magistrado do Ministério Público e Coordenador da Comarca de Faro, Francisco Narciso, referiu que a decisão de criar esta cooperação institucional visa «reforçar a resposta à violência doméstica no Algarve, designadamente, a partir da investigação criminal, da prevenção da violência e do homicídios e proteção das crianças e jovens e do encaminhamento das vítimas para as estruturas de apoio», realçando que o facto de envolver 26 entidades «demonstra que todos reconhecemos que este é um problema complexo com múltiplas vertentes e que não se resolve sem um conjunto de respostas multidisciplinares e articuladas»

De referir que o protocolo envolve a Procuradoria da República da Comarca de Faro, Ministério Público, Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, Administração Regional de Saúde do Algarve, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Centro Distrital de Segurança Social de Faro, os gabinetes médico-legais do Sotavento e Barlavento algarvios, a Associação de Apoio à Vítima e as 16 Comissões de Proteção de Crianças e Jovens do Algarve.

 

Por: ARS Algarve