A Confederação do Turismo Português transmitiu hoje ao Presidente da República a sua preocupação com o processo de saída do Reino Unido da União Europeia («Brexit»), nomeadamente pelos problemas que deverão surgir nas entradas dos cidadãos no aeroporto de Faro.

Após a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, notou que, na ausência de um acordo para a saída do espaço comunitário, as “medidas que estão, neste momento, postas em cima da mesa, não vão resolver o problema de mais de um milhão de britânicos entrarem em Portugal” com o estatuto de cidadãos de terceiro país, obrigando a maior controlo.

“Normalmente não existem problemas na entrada do Espaço não Schengen [livre circulação] do aeroporto de Faro”, notou o responsável, que considerou “fundamental e obrigatório” a eventual criação de corredores especiais para os britânicos, mas recordou os “gravíssimos problemas” no aeroporto de Lisboa.

“Estão lá 16 ‘boxes’ do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o problema é que estão três ou quatro abertas. Às vezes não chega apenas definir as regras, é preciso implementá-las e cumpri-las”, considerou o dirigente, lamentando que com os poucos espaços de atendimento sejam formadas filas de “500 e 600 pessoas” e que a situação esteja a piorar.

Até 2016, o turismo britânico cresceu cerca de 8 a 10% anualmente, em 2017 não houve evolução e em 2018 “os britânicos já foram -9%”, lembrou Calheiros, acrescentando que com a data limite - 29 de março - a “aproximar-se de forma extraordinariamente rápida” só há incertezas.

O mercado britânico é o “número 1 para Portugal e é extraordinariamente concentrado no Algarve e na Madeira”.

Na região mais a Sul do país registam-se cerca de 16 milhões de dormidas de estrangeiros, das quais seis milhões são de britânicos, indicou.

“Estamos a falar de mais de um milhão de ingleses que vão para o Algarve todos os anos. Se não tivermos uma saída com acordo, se amanhã o mercado britânico for considerado terceiro país, eu não quero pensar o que será mais de um milhão de britânicos a entrarem pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras”, disse o responsável, recordando as críticas que têm sido feitas ao controlo de entradas e saídas em Lisboa.

Nesta primeira reunião do dia com os parceiros sociais, em Belém, entre os vários assuntos abordados esteve ainda a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, que inclui a nova infraestrutura no Montijo e obras no Humberto Delgado.

“Se o Montijo estiver pronto em 2023 são quatro anos e temos que chegar até lá e, portanto, há muitas obras que têm de ser feitas até lá na Portela”, reafirmou Calheiros.

O dirigente acrescentou não ter dúvidas que Marcelo Rebelo de Sousa, “dentro das suas possibilidades, irá ajudar e muito”.

“Porque tem estado sempre do nosso lado”, concluiu Calheiros.

O Presidente da República recebe durante o dia os parceiros sociais e económicos no Palácio de Belém, em Lisboa.

O chefe de Estado tem ouvido regularmente os parceiros económicos e sociais, que recebeu três vezes em 2016, o seu primeiro ano de mandato, mas com menos frequência nos dois anos seguintes.

A anterior ronda de reuniões realizou-se já há um ano, entre 31 de janeiro e 05 de fevereiro de 2018.

 

Por: Lusa