O governador do Banco de Portugal recusou no passado dia 15, conflito de interesse por ter passado férias em Vale de Lobo, referindo que não participou na reunião em que foi dada a aprovação final ao crédito da CGD àquele projeto

“O governador entende que não existe qualquer conflito de interesses nesta decisão, dado que, como resulta da auditoria da EY à CGD [Caixa Geral de Depósitos], o financiamento da CGD a Vale do Lobo teve a aprovação final numa reunião do Conselho Alargado de Crédito que não contou com a presença do sr. governador”, lê-se no esclarecimento hoje divulgado pelo Banco de Portugal.

O Jornal Económico noticiou hoje que Carlos Costa passou férias em Vale de Lobo, em 2013 e 2014, quando o empreendimento já estava a falhar há quatro anos no pagamento do crédito concedido pela CGD.

O jornal cita a revista Sábado, que na semana passada noticiou que Carlos Costa participou na reunião de Conselho de Crédito de 27 de julho de 2006, que votou favoravelmente o crédito para a compra do empreendimento turístico no Algarve.

Segundo o banco central, no esclarecimento divulgado, o governador passou férias no empreendimento de Vale de Lobo de 06 a 16 de agosto de 2013 e de 09 a 16 de agosto de 2014 e pagou os “valores praticados pela empresa em cada ano, não tendo beneficiado de qualquer desconto”.

O arrendamento do espaço de férias, acrescenta a informação, “foi tratado com os serviços comerciais do empreendimento de Vale do Lobo”.

O esclarecimento termina a dizer que o governador “está totalmente disponível, como sempre esteve, para prestar todos os esclarecimentos que a Assembleia da República entender necessários, designadamente sobre os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objeto da auditoria da EY à CGD”.

Este já é o terceiro esclarecimento do governador do Banco de Portugal desde que foi conhecida a auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015 e a sua participação, enquanto administrador do banco público entre 2004 e 2006 (responsável pelas áreas de 'marketing' e internacional), em reuniões do Conselho Alargado de Crédito nas quais foram aprovados empréstimos que deram significativos prejuízos ao banco público.

A Assembleia da República aprovou hoje, por maioria, uma nova comissão de inquérito à gestão na CGD, entre 2000 e 2015.

 

Por: Lusa