Lagos promove, na quinta-feira, uma sessão de sensibilização para o risco sísmico, no dia em que se assinalam 50 anos do abalo que destruiu centenas de edificações e causou um número indeterminado de mortos no Algarve.

A sessão evocativa do sismo de 28 de fevereiro de 1969 tem início marcado para as 11:30, na Fortaleza de Sagres, no concelho de Vila do Bispo, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“O senhor Presidente da República aceitou o convite e estará presente na sessão de abertura, seguindo depois para um almoço em Lagos”, disse à agência Lusa a presidente da Câmara de Lagos, Joaquina Matos.

O sismo de 28 de fevereiro de 1969, com epicentro registado na zona do Banco de Gorringe - a sudoeste do cabo de S. Vicente, em Sagres -, teve uma magnitude estimada em 7.9 graus na escala de Richter e foi o mais recente abalo sísmico sentido em todo o país a provocar vítimas e a destruição de centenas de estruturas em Portugal continental.

O abalo telúrico foi o terceiro maior registado em Portugal, a seguir ao de 1755 em Lisboa e ao de 1909 em Benavente.

“De um modo geral todas as localidades algarvias foram afetadas, mas foi no barlavento do Algarve que se registaram os maiores danos, principalmente nos concelhos de Lagos e de Vila do Bispo, este último com o registo de mais de 400 edificações destruídas”, disse à agência Lusa o historiador Artur de Jesus.

Apesar de os jornais regionais da época apontarem vários feridos e apenas um morto em Lagos (distrito de Faro), o historiador indicou que “esse número pode não ser correto”, existindo referências que apontam para 13 mortos, dois dos quais devido aos efeitos diretos do sismo e outros atribuídos ao susto.

“Oficialmente apenas há referência a um morto no concelho de Lagos”, sublinhou.

A edição de 08 de março de 1969 do jornal Folha de Domingo, periódico da Diocese do Algarve, apontava os maiores danos nos concelhos de Vila do Bispo, Aljezur, Lagos e Silves, referindo que neste último concelho o abalo arrasou quase por completo uma aldeia.

"No sítio das Fontes dos Louzeiros, perto de Alcantarilha, das 16 casas existentes, só uma ficou intacta", avançava o semanário.

A sessão promovida pela Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES), pela Associação Portuguesa de Meteorologia e Geofísica (APMG) e pela Câmara Municipal de Lagos pretende evocar a passagem dos 50 anos do sismo, sensibilizar e chamar a atenção da população para o risco sísmico em Portugal, “envolvendo quem tem responsabilidades no estudo, definição e implementação de medidas que garantam a minimização deste risco”.

De acordo com a presidente da Câmara de Lagos, a evocação do sismo nos concelhos mais afetados pelo abalo “é importante para recuperar a perceção para o risco, refletindo sobre a vulnerabilidade e perigosidade sísmica e, ao mesmo tempo, divulgar as medidas que localmente têm sido implementadas para minimizar o risco”.

O programa oficial tem início às 11:30 na Fortaleza de Sagres, prosseguindo na parte da tarde, pelas 14:30, no auditório da Câmara de Lagos.

 

Por: Lusa