No próximo dia 25 de março, pelas 15h00, a prestigiada artista plástica Joana Vasconcelos vai estar na Escola Básica Prof. Sebastião José Teixeira, em Salir, Concelho de Loulé, no âmbito do projeto «Ser Artista em Portugal», para uma conversa com os alunos.

“Ser Artista em Portugal” é um projeto que visa promover um ciclo de conversas sobre arte em escolas com estudantes do terceiro ciclo, antes do momento da escolha das áreas de preferência, no secundário. Organizado pelo Centro Nacional de Cultura, com o apoio da revista Egoísta, conta com a parceria da Rede de Bibliotecas Escolares.

Os intervenientes/convidados destas conversas são artistas tão distintos como escritores, cineastas, músicos, artistas plásticos, bailarinos, coreógrafos, atores ou encenadores, que irão mostrar o seu trabalho, falar do seu percurso, promover a ideia de que alguém que opte pela via artística tem um percurso possível que pode ser de sucesso.

Todas as conversas serão filmadas (em plano único para o artista) e promovidas posteriormente nas redes sociais do Centro Nacional de Cultura e Egoísta, ao mesmo tempo que devem constituir, no fim de um ciclo, um filme com as palestras integradas.

Esta iniciativa mantém o nome do colóquio organizado em 1998 pelo Centro Nacional de Cultura, nas suas instalações, porque tem na raiz objetivos semelhantes: debater as condições a criar para que a sociedade possa usufruir da mais-valia que os artistas lhe podem trazer. “ Mantém-se nos dias de hoje uma tendência conservadora em muitos locais que consiste em dar prioridade à proteção do património relativamente à proteção da criação viva. É preciso, no entanto, não esquecer que os artistas de hoje são o património de amanhã. É por isso que este projeto pode ajudar a reconhecer na nossa política de educação e cultural o papel fundamental que desempenha a criação artística contemporânea como fator de coesão e de progresso”, refere a organização.

Nesta primeira fase, decorrerão 5 conferências em 5 escolas de cidades no interior do país onde o acesso e divulgação da arte e da cultura é mais raro. Para além de Loulé/Salir, as primeiras conversas têm lugar em Beja, Portalegre, Alfandega da Fé e Oliveira do Hospital.

 

A artista

Joana Vasconcelos nasceu em 1971. Vive e trabalha em Lisboa. Expõe regularmente desde meados da década de 1990. O reconhecimento internacional do seu trabalho deu-se com a participação na 51ª Bienal de Veneza, em 2005, com a obra A Noiva (2001-05). Foi a primeira mulher e a mais jovem artista a expor no Palácio de Versalhes, em 2012. Outros momentos relevantes da sua carreira incluem a individual no Museu Guggenheim Bilbao (2018); o projeto Trafaria Praia, para o Pavilhão de Portugal na 55ª Bienal de Veneza (2013); a participação na coletiva The World Belongs to You, no Palazzo Grassi/François Pinault Foundation (2011); e a sua primeira retrospetiva, apresentada no Museu Coleção Berardo, em Lisboa (2010).

Realizou exposições individuais e projetos, bem como múltiplas exposições coletivas, em algumas das mais prestigiadas instituições de todo o mundo. A sua obra tem sido destacada em vários livros e referenciada em diversas revistas e jornais.

A sua obra integra inúmeras coleções públicas e privadas, incluindo a Amorepacific Museum of Art, Seul; ARoS Aarhus Kunstmuseum, Aarhus, Dinamarca; Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; Centro de Artes Visuales Fundación Helga de Alvear, Cáceres, Espanha; Domaine Pommery, Reims, França; Fondation Louis Vuitton pour la création, Paris; FRAC Bourgogne, Dijon, França; Fundação EDP, Lisboa; Gerard L. Cafesjian Collection, Yerevan, Arménia; MACE – Coleção António Cachola, Elvas, Portugal; MUSAC, Léon, Espanha; Museu Coleção Berardo, Lisboa; National Museum of Women in the Arts, Washington, DC; e Pinault Collection, Paris e Veneza.

A natureza do processo criativo de Joana Vasconcelos assenta na apropriação, descontextualização e subversão de objetos pré-existentes e realidades do quotidiano. Esculturas e instalações, reveladoras de um agudo sentido de escala e domínio da cor, assim como o recurso à performance e aos registos vídeo ou fotográfico, colaboram na materialização de conceitos desafiadores das rotinas programadas do quotidiano. Partindo de engenhosas operações de deslocação, reminiscência do ready-made e das gramáticas nouveau réalistee pop, a artista oferece-nos uma visão cúmplice, mas simultaneamente crítica, da sociedade contemporânea e dos vários aspetos que servem os enunciados de identidade coletiva, em especial aqueles que dizem respeito ao estatuto da mulher, diferenciação classista, ou identidade nacional. Resulta desta estratégia um discurso atento às idiossincrasias contemporâneas, onde as dicotomias artesanal/industrial, privado/público, tradição/modernidade e cultura popular/cultura erudita surgem investidas de afinidades aptas a renovar os habituais fluxos de significação característicos da contemporaneidade.

 

Por: CML/GAP /RP