Por Luís Pina | aragaopina59@gmail.com

Por vezes amuados, deambulamos por veredas em busca de lugares serenos, recônditos e reconciliadores com as melhores coisas da vida. Discretos e nem sempre muito conhecidos eles podem, pelas suas características, ajudar-nos na busca interior de terapias para as nossas ansiedades, maiores interrogações e dúvidas existenciais. Filosofias e mitos à parte mas bastante a propósito, há um lugar aqui por perto demasiado inspirador e interessante para não ser realçado. Bem conhecido e acessível a todos, ele é descoberta ocasional de turistas e opção de residentes que o escolhem nos seus pequenos intervalos ou espaços de lazer. Pelos recantos, e enquanto um casal de namorados vive e recria cenas de intensa e arrebatadora paixão dignas, diria, de películas românticas de Luchino Visconti, outros passeiam com os olhos a sua solidão pelo alto e denso arvoredo, com a Matriz defronte, envolvendo o jardim numa aura de bucolismo contemplativo e nostálgico. No lado oposto rasga-se à vista excelente panorâmica sobre a parte mais antiga e histórica da cidade, destacando-se ao fundo a imagem inconfundível do santuário da Mãe Soberana. O local convida-nos inevitavelmente à dissertação ou à distração, qual oásis para dissipar os nossos amuos e preocupações. Consta até que a disposição dos seus bancos, “de costas voltadas uns para os outros”, terá inspirado o nome de “Amuados” a este jardim, implantado na zona de um antigo cemitério da cidade, e que assim ficou oficialmente apelidado desde 1948. Um ponto de encontro ideal na cidade de Loulé.