Os trabalhadores do ex-Grupo Alicoop vão constituir uma associação para os defender no diferendo que mantêm com o banco Eurobic, que reclama créditos no valor de 1,5 milhões de euros, disse hoje à Lusa um dos representantes do grupo.

“Decidimos criar uma associação para que possa defender os direitos dos 245 trabalhadores a quem o Eurobic reclama créditos por um empréstimo que não é nosso”, disse Paulo Martins, um dos representante dos trabalhadores.

A decisão de ser constituída a associação ALGA - Associação de Lesados do Grupo Alicoop foi tomada numa assembleia que decorreu na quarta-feira, em Silves, no distrito de Faro.

Segundo Paulo Martins, 245 trabalhadores do ex-Grupo Alicoop “continuam a ser perseguidos pelo Eurobic, que reclama um suposto incumprimento de um empréstimo realizado em 2008 para recapitalizar a empresa”.

“O banco não aceita a decisão judicial que desobriga os trabalhadores e mantém a incerteza quanto ao desfecho do caso”, referiu o representante para quem a entidade financeira “não respeita o plano de insolvência que os tinha exonerado de quaisquer responsabilidades”.

Em causa está um processo que se arrasta desde 2008 quando 245 trabalhadores da antiga Alicoop, que integrava os supermercados Alisuper, Macral e Geneco, contraíram empréstimos junto do BPN no valor de 1,7 milhões de euros, numa forma concertada com a administração da Alicoop para financiar a empresa, assumindo esta perante os trabalhadores o compromisso de pagar as prestações dos empréstimos.

A dívida, que agora pertence ao Eurobic, depois da queda do BPN, continua a ser imputada aos trabalhadores, que recusam responsabilidades.

No processo de insolvência da empresa, transitado em julgado em março de 2012, os créditos, com o acordo expresso do BPN, foram assumidos pelo grupo Nogueira, que constituiu a N&F (Nogueira & Filhos), para viabilizar o Grupo Alicoop.

Em junho de 2013, o banco BIC (agora Eurobic) e a nova empresa constituída pelo Grupo Nogueira assinaram um "acordo de cumprimento das prestações aprovadas em sede de plano de insolvência, visando cumprir a sentença judicial, o que terá sido feito até que a N&F entrou em processo de insolvência", decretada em fevereiro de 2016 pelo Tribunal de Viseu.

O banco BIC foi ao processo de insolvência da N&F reclamar os seus créditos, mas voltou a pedir responsabilidades aos trabalhadores que contraíram os empréstimos, existindo já pessoas com processos de penhoras de casas, carros, ordenados e de mobiliário, que estão a ser contestados.

 

Por: Lusa