Ao longo dos últimos meses, tem-se registado um incomum aumento de queixas por parte de doentes e seus familiares a respeito da falta de medicamentos no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve.

Muito desses casos, inclusivamente já denunciados em mais do que uma ocasião pelos deputados do PSD na Assembleia da República, continuam a manifestar-se, alguns deles até com maior gravidade. Tal conduz a que os doentes, em desespero, se desloquem ás farmácias dos hospitais para recolher a medicação que lhes foi prescrita – muitos casos de doenças raras e crónicas –essencial para preservar a qualidade de vida desses cidadãos e, por força de sucessivos adiamentos, vejam a sua situação clínica perigar, deteriorar-se, causando sempre muita angústia em pessoas que estão em situação de fragilidade.

A título meramente exemplificativo, tem  sido adiado sine die a entrega de Privigen ou Octagam, terapêutico para casos de:

Sindromes de imunodeficiência primária (agamaglobulinémia e hipogamaglobulinémia congénita, imunodeficiência comum variável, imunodeficiência combinada grave, síndrome de Wiskott Aldrich);

Hipogamaglobulinemia em doentes após transplante alogénico de células estaminais hematopoiéticas (TCEH);

Hipogamaglobulinemia e infeções bacterianas recorrentes em doentes com leucemia linfocítica crónica nos quais a antibioterapia profilática tenha falhado;

Hipogamaglobulinemia e infeções bacterianas recorrentes em doentes com mieloma múltiplo em fase estacionária que não tenham respondido a imunização pneumocócica;

SIDA congénita com infeções bacterianas recorrentes.

Como terapêutica de imunomodulação para:

Trombocitopenia imunitária primária (PTI), em doentes com risco elevado de hemorragia ou antes de uma cirurgia para correção da contagem de plaquetas;

Polineuropatia desmielinizante inflamatória crónica (PDIC);

Doença de Kawasaki;

Síndrome de Guillain-Barré.

Este é apenas um exemplo. É muito importante que o acesso à saúde destes cidadãos não fique em causa, pois muitos deles encontram-se com graus de incapacidade elevados, reconhecidos pelo Estado em juntas médicas e a necessidade de a medicação ser aplicada em tempo é vital para a sua saúde.

Importa, pois, que o Governo dote o CHUA dos instrumentos financeiros e de gestão para que estas falhas progressivamente mais recorrentes sejam resolvidas e tome medidas para estancar a hemorragia na região.

 

Por: Cristóvão Norte