POESIA por Isidoro Cavaco | isidorocavaco@gmail.com

Nos versos dos papelinhos

Que há presos aos manjericos,

Vão sempre alguns recadinhos

Das moças p’ros namoricos.

 

Peço ao Santo neste dia

Para arranjar quem me queira,

Não quero ficar p’ra tia

Nem tenho jeito p’ra freira.

 

Esta noite vou rezar

A Santo António bendito,

Para ele me arranjar

Um moço rico e bonito.

 

Ai meu rico Santo António

Que saudades do tostão,

Meu noivo é um demónio

E sem um euro na mão.

 

Santo António brincalhão,

Só quer arranjar maridos,

Às meninas de calção,

E com decotes compridos.

 

Para arranjar quem me queira

Óh meu qu’rido S. António,

Já saltei muita fogueira

Já fiz coisas do Demónio.

 

A S. António, com medo,

Toda a verdade contou,

Quando lhe disse o segredo

Até o Santo corou.

 

Lá na festa ao escur´cer,

Beijaste-me com loucura!...

S. António veio a correr,

P’ra por água na fervura...

 

Quando a fogueira saltaste

Houve grande burburinho,

Eu não sei o que queimaste,

Mas pelo cheiro adivinho.

 

Santo António já não tem

Para todas um marido,

Porque há homens que também

Lhe fazem esse pedido.