A Ordem dos Médicos considerou hoje como “um remendo” o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa, lembrando que são unidades «de fim de linha» que se encontram «há meses sobrelotadas».

“O encerramento rotativo das grandes maternidades de Lisboa, que está neste momento a ser discutido a nível da ARS, é um remendo da situação grave que está a acontecer nestas maternidades de referência e de 'fim de linha', que não têm recursos humanos”, disse Alexandre Lourenço presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos.

Em declarações à agência Lusa, o responsável alertou ainda que nestas unidades hospitalares “muitas vezes há um número de camas insuficiente para responder de forma integrada às necessidades da população”.

Segundo Alexandre Lourenço, a Ordem dos médicos anda há dois anos a alertar que a assistência ao parto, na maior parte das maternidades, “tem estado a degradar as suas condições normais de funcionamento,[com] menos recursos, menos qualidade para mais partos, mais exigência”

Segundo noticia hoje o jornal Público, as urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa vão estar fechadas durante o verão, fechando rotativamente uma de cada vez, devido à falta de especialistas.

De acordo com o Público, "a partir da última semana de julho e até ao final de setembro" as urgências de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa, Hospital de Santa Maria, São Francisco de Xavier e Amadora-Sintra vão estar "fechadas num esquema de rotatividade".

Alexandre Lourenço considerou que este caso “é o culminar de uma série de notícias que começaram em Portimão, Beja, e que no ano passado afetaram a Maternidade Alfredo da Costa, bem como Setúbal e Barreiro”.

“A situação está a agravar-se e a alastrar. Queremos saber porque se esperou tanto tempo para estas reuniões e porque não há soluções concretas e eficazes que protejam grávidas e recém nascidos em toda a região Sul”, questionou.

O responsável reiterou que a Ordem já assistiu a “remendos múltiplos em vários sítios”, lembrando que para o ano esta situação “vai ser mais grave”, pois irá a assistir-se a “um número crescente de partos e menos médicos nas maternidades”.

Alexandre Lourenço lembrou que a maior parte dos médicos tem “55 anos ou mais” e “estão em regime de voluntariado a fazer este tipo de remendo”.

“O fecho rotativo não é uma solução brilhante porque as camas também não estão em número suficiente. Se fechar uma maternidade ao público as outras duas ou três têm de compensar a falência de uma grande maternidade”, acrescentou.

Como solução, Alexandre Lourenço indicou a necessidade de se modificar as formas como se “contratam, recompensam e se tratam os recursos humanos”.

“Para ser uma solução, tem de haver um conjunto de medidas e de salvaguardas para impedir que haja situações graves em qualquer gravida que esteja em trabalho de parto na zona de Lisboa”, frisou.

O Conselho Regional da Ordem dos Médicos convocou todos os Diretores Clínicos, Diretores de Obstetrícia e de Unidades Neonatais da Região Sul para uma reunião urgente na terça-feira para a Sede da Ordem dos Médicos.

 

Por: Lusa