Crianças e jovens de S. Tomé e Príncipe vão receber 5 mil livros. A recolha faz parte de uma campanha lançada este ano no 4.º Festival Literário Internacional de Querença.
E se de um livro nascesse… uma sala de leitura em África?
 
«E se de um livro nascesse… uma sala de leitura em África?», esta foi a pergunta que esteve na origem de uma campanha de doação de livros infanto-juvenis que mobilizou dezenas de estudantes junto das suas bibliotecas escolares.
 
Professores e pessoal discente, juntamente com centenas de pessoas fora da comunidade escolar aderiram entusiasticamente à «Campanha
Literária Luís Guerreiro – FLIQ 2019», entregando livros nas bibliotecas municipais, biblioteca da Fundação Manuel Viegas Guerreiro (FMVG) e Câmara Municipal de Loulé.
 
A coleção inclui cinco mil exemplares destinados a bebés, crianças e jovens. Cobrem todas as áreas do conhecimento, desde a história ao ambiente, da alimentação à vida animal, das tecnologias às línguas, entre outros. Uma parte significativa desta coleção é composta por livros
de literatura para a infância e juventude de autores nacionais e estrangeiros, incluindo contos de autor e tradicionais, banda desenhada, fábulas e lendas.
 
A campanha, promovida pela FMVG, terminou em setembro, sucedendo-se a seleção e tratamento dos livros que se preparam para seguir para Lisboa e daí para África, através da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.
 
Gabriel Guerreiro Gonçalves, presidente da FMVG, faz o balanço da ação: «Esta é uma excelente forma de prolongarmos a nossa missão além-fronteiras em nome do desenvolvimento social e cultural, estimulando a literacia, potenciando o conhecimento entre estes jovens através dos livros. Da mesma forma, é uma iniciativa que pretende lembrar Luís Guerreiro, co-fundador e primeiro presidente desta Fundação, um amante da história e dos livros e que, queremos acreditar, iria rever-se nesta campanha.»
 
Ao promover esta iniciativa, a Fundação pretende alargar a promoção da língua portuguesa, prolongando o Festival Literário Internacional de Querença no tempo e no espaço, fomentando relações com outros países através da palavra.
 
Projecto de Desenvolvimento Integrado de Lembá
A recepção dos livros em S. Tomé e Príncipe será assegurada pelas Irmãs Franciscanas e pelo Projecto para o Desenvolvimento Integrado de Lembá (PDIL). «Agradecemos muito a generosidade que tiveram connosco. Esta oferta representa a maior aposta que um país pode fazer, que é a aposta na educação, na formação das crianças e dos jovens com vista ao seu desenvolvimento, ao futuro do país, de S. Tomé e Príncipe e de qualquer outro país.”
 
Frei Fernando Ventura é um dos rostos na ajuda que chega a S. Tomé e Príncipe no âmbito do Projecto Banco de Leite (www.bancodeleite.pt), e lembra que no arquipélago as carências são uma constante: «Estamos sempre disponíveis para acolher todo o tipo de ajuda, nomeadamente para satisfazer as necessidades das crianças e dos idosos, as franjas mais vulneráveis da população e que são a nossa prioridade.»
 
A maioria dos livros será entregue ao PDIL, mas alguns exemplares serão entregues ao orfanato, enquanto outros seguirão para a Ilha do Príncipe.
 
Cultura sem fronteiras
Em Portugal, estiveram envolvidas na recolha as bibliotecas escolares de Lagos, Loulé e Olhão, mas também as bibliotecas municipais de Albufeira, Faro, Lagos, Lagoa, Loulé, Olhão, Portimão, S. Brás de Alportel, Silves, Tavira e Vila Real de Sto. António.
 
Recorde-se que Luís Guerreiro, falecido em 2017, foi colaborador da Câmara Municipal de Loulé na área da Cultura e ex-presidente da Fundação Manuel Viegas Guerreiro. Guardador de mais de dois mil títulos sobre o Algarve, a sua recolha permitiu fixar em 1833 o início da imprensa
periódica regional algarvia. É também seu legado o projeto da Hemeroteca Digital do Algarve, plataforma que pretende alojar todos os periódicos publicados na região, uma iniciativa inicialmente promovida pela Fundação e que se encontra a ser desenvolvida pela Direção
Regional de Cultura, do Algarve em parceria com a Universidade do Algarve.
 
Amante incondicional do livro e da literatura, Luís Guerreiro foi também mentor do FLIQ, um dos seus últimos grandes projetos. A 4.ª edição do evento, que celebra a cultura sem restrições nem fronteiras geográficas ou mentais, decorreu este ano entre 3 e 5 de Maio, sob o tema «Literatura
e Geografia(s)».
 
 
Por: Fundação Manuel Viegas Guerreiro