A Quercus defendeu hoje que uma das dificuldades no trabalho de definir uma estratégia de adaptação às alterações climáticas para cada autarquia será a integração das medidas nos instrumentos de gestão territorial já existentes, como os planos diretores municipais.

"Depois de identificados os impactos ambientais, as vulnerabilidades futuras, daquele concelho, é necessário que as recomendações [da estratégia] passem para os planos que a autarquia já tem em termos de saúde, edifícios, construção, de gestão florestal, de litoral", disse hoje à agência Lusa Ana Rita Antunes, do grupo Energia e Alterações Climáticas da Quercus.

Para a especialista, a maior dificuldade "daqui a um ano e meio será passar a estratégia para o papel, ou seja, tornar a estratégia um plano de desenvolvimento da autarquia, passando por colocar o que foi encontrado na estratégia [para] os instrumentos de gestão territorial, como sejam os planos diretores municipais, que as autarquias já têm e nos quais vão ter de incorporar as consequências das alterações climáticas".

A ambientalista falava a propósito da assinatura, na quinta-feira, do protocolo entre o projeto ClimadaPT.Local e as 26 autarquias que vão participar na iniciativa: Amarante, Barreiro, Braga, Bragança, Castelo de Vide, Castelo Branco, Coruche, Évora, Ferreira do Alentejo, Figueira da Foz, Funchal, Guimarães, Ílhavo, Leiria, Lisboa, Loulé, Montalegre, Odemira, Porto, Seia, São João da Pesqueira, Tomar, Tondela, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Franca do Campo.

O Climadapat.PT Local resulta de um concurso lançado pela Agência Portuguesa do Ambiente, tem como objetivo a preparação do país, e de cada região, para as consequências das alterações climáticas, que vão afetar Portugal no futuro, e é financiado pela iniciativa EEA Grants, com verbas da Noruega, Liechstein e Islândia, através de um acordo com o Governo português.

Mesmo com uma política de redução da emissão de gases com efeito de estufa, "o que estamos aqui a falar é de adaptação às consequências e aos impactos das alterações climáticas que já não vão poder ser evitados e que passam por impactos sobre sistemas naturais, sociais e económicos", explicou Ana Rita Antunes.

A especialista a avançou com alguns exemplos de impactos diferenciados na saúde humana, sobre os recursos hídricos, na agricultura, na floresta e em todos os setores de atividade.

Entre impactos mais conhecidos estão o aumento da temperatura média no país, a subida do nível do mar e o aumento da frequência e intensidade de eventos meteorológicos extremos, como ondas de calor ou cheias, e "é por causa destes impactos que este projeto se revela tão importante", sublinhou.

A técnica da Quercus, associação que também colabora no Climadapt Local, defendeu que "a adaptação às alterações climáticas terá de acontecer, principalmente ao nível local, ou seja, as autarquias terão de se preparar para responder a impactos ambietais".

Através daquele projeto será feito um trabalho sobre as vulnerabilidades atuais e as futuras de cada espaço físico do país e a partir daí vai ser desenvolvida uma estratégia local de adaptação às alterações climáticas, tendo em conta a situação e as previsões para cada concelho.

Assim, este projeto visa ajudar as autarquias a desenvolverem a sua estratégia de adaptação às alterações climáticas.

"O próximo desafio será criar uma rede de municípios para que este projeto não acabe daqui a um ano e meio", salientou a técnica da Quercus.

 

Por Lusa