Vila do Bispo recebeu Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, durante 1.º Seminário sobre o tema «Potencialidades de um Concelho - Vila do Bispo num só dia…»

17:48 - 18/01/2016 VILA DO BISPO
Decorreu hoje em Vila do Bispo o 1.º seminário sobre o tema Potencialidades de um Concelho, intitulado «Vila do Bispo num só dia….», a sessão de encerramento contou com a presença do Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, José Mendes.

A sessão de abertura esteve a cargo de Adelino Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo. Durante o primeiro painel, moderado por Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura, foi abordado o tema do Património Histórico e Cultural (Artur de Jesus, da Câmara de Vila do Bispo), o Habitat e Flora (Carla Cabrita, da Walkin’Sagres) e a Carta Arqueológica de Vila do Bispo (Ricardo Soares, da Câmara de Vila do Bispo, e Fernando Pimenta, investigador de Arqueoastronomia).

Por sua vez, o segundo painel teve como moderador André Matoso, presidente do Conselho de Administração da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, onde se conversou sobre Praias (Cláudio Machado, da Câmara de Vila do Bispo), Surf (Marta Mealha, da Associação de Escolas de Surf da Costa Vicentina) e Trilhos, Roteiros e Rotas (José Granja, da Rota Vicentina).

 Após o almoço, decorreu painel número três, moderado por Valentina Calixto, diretora do Departamento do Algarve do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, aqui abordaram-se temas como a Investigação Arqueológica da Universidade do Algarve no concelho (Nuno Bicho, da UAlg), os Charcos Temporários, o Triops Vicentinus e o Projeto Life Charcos (Margarida Cristo, da UAlg, e Artur Lagartinho, da LPN), e ainda Biologia Marinha (Sara Magalhães, da empresa Mar Ilimitado).

 Por fim, o quarto painel contou com moderação do Comandante Augusto Salgado, da Escola Naval da Marinha Portuguesa/Centro de Investigação Naval. Falou-se sobre as Aves e o Turismo Ornitológico (Alexandra Lopes, da SPEA), Geologia e Paleontologia (Beatriz Oliveira) e Arqueologia Subaquática (Jorge Russo, do Centro de Investigação Naval).

 

PAINEL I

Património Histórico e Cultural:

A comunicação “Espaços, Pessoas e Memórias de Vila do Bispo” pretendeu destacar alguns locais, personalidades e factos associados ao território local. 
Artur de Jesus: Nasceu em Lisboa, em 1975, no seio de uma família com raízes profundas em Vila do Bispo e Lagos (Algarve). É licenciado em História pela Universidade Autónoma de Lisboa (1999) e trabalha na Câmara Municipal de Vila do Bispo desde 2001, tendo desde então desenvolvido uma intensa atividade no âmbito da investigação e valorização histórica e cultural do concelho. É autor de duas obras: “Vila do Bispo, uma viagem pela sua História” (2005) e “Vila do Bispo – lugar de Encontros I” (2013). 
Contatos: +351 282 630 600 (ext. 416) | patrimonio.historico@cm-viladobispo.pt

 

Habitat e Flora: 
O PNSACV e a sua Flora - A Costa Vicentina é uma das mais bem preservadas costas europeias. Os seus cerca de 110 km de área protegida albergam habitats únicos e prioritários, caracterizados por diversas espécies endémicas. São cerca de 1000 as plantas já referenciadas e que nesta costa atlântica, coberta de vegetação mediterrânica, encontram as condições ideais à sua existência e adaptação. Devido aos solos pouco profundos e rochosos, aos ventos carregados de salsugem e clima mediterrânico, a paisagem é composta por arbustos de porte almofadado, raramente se vendo espécies de porte arbustivo. De entre os seus endemismos destaca-se o Tojo-de-Sagres (Ulex erinaceus), espécie que apenas se encontra em Sagres nas formações calcárias com terra rossa, ou a Violeta-de-Sagres (Viola arborescens), endemismo ibérico que, em Portugal, apenas encontramos na Reserva Biogenética de Sagres.
Ana Carla Cabrita: Natural de Sagres, onde regressou após ter trabalhado alguns anos em Lisboa como Relações Públicas, sua área inicial de formação. Em 2012 concluiu a Pós-Graduação em Turismo Activo nos Espaços Naturais, pela Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha. Co-autora do Guia "200 Plantas do SW Alentejano e Costa Vicentina", é Guia de Natureza da "Walkin´Sagres", empresa que fundou em 2009 e que ganhou 1º Prémio da marca Natural.PT, em 2015. Tem desenvolvido trabalho de voluntariado no Projeto de Reintrodução da Águia Pesqueira, no Alqueva, e colaborado na Monitorização dos Moinhos eólicos de Barão e Raposeira, durante a migração outonal de aves.

 

Carta Arqueológica de Vila do Bispo:
Comunicação que pretendeu transmitir a importância da Carta Arqueológica do Concelho de Vila do Bispo enquanto projeto de investigação municipal, motor de conhecimento e ferramenta de gestão e de valorização patrimonial. Acessoriamente foi transmitida, de forma muito genérica, uma leitura diacrónica e sequencial da evolução da presença humana no território hoje designado por “Concelho de Vila do Bispo”. Esta longa viagem foi encurtada com breves paragens nos arqueossítios mais significativos disponíveis nas nossas paisagens, com vestígios e monumentos especialmente representativos de cada período histórico. Foi dado particular enfoque ao património menírico enquanto diferenciada marca de um processo de neolitização e monumentalização megalítica das paisagens dos contextos europeus que, nesta região, tem vindo a averbar uma maior antiguidade e expressão numérica.
Ricardo Soares: Licenciado e Mestre em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pré e proto-historiador. Prospetor com particular experiência em projetos de carta arqueológica, designadamente na região da Serra da Arrábida (concelhos de Sesimbra e de Setúbal | 2006-2012). Ao serviço da Câmara Municipal de Vila do Bispo desde 2014, território onde promove, entre outras iniciativas, o projeto “Carta Arqueológica do Concelho de Vila do Bispo”. Encontra-se a encetar investigação em sede de Doutoramento na Universidade do Algarve sobre o genérico tema do Megalitismo Menírico do Algarve. Espeleólogo de nível II, inscrito com o N.º 223 na Federação Portuguesa de Espeleologia. 
Arqueofotógrafo: fotografia de contextos, paisagens e espólios arqueológicos (http://fotoarchaeology.blogspot.pt). 
Curriculum DeGóis: http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp…
Bibliografia publicada: https://ualg.academia.edu/RicardoSoares.
Contatos: +351 966 616 527 | +351 282 630 600 (ext.416) | arqueo.mike@gmail.com | patrimonio.historico@cm-viladobispo.pt
Fernando Pimenta: Formado em Engenharia Eletrotécnica, ramo de Telecomunicações e Eletrónica no IST. Atividade profissional: Lecionou a cadeira de Métodos Estatísticos (Secção de Estatística do Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico); sócio-fundador da Infocontrol, Electrónica e Automatismo, Lda., onde ainda exerce as funções de Consultor Técnico da Administração; sócio fundador da QEnergia, Sistemas para a Qualidade e Gestão de Energia, Lda., onde exerce as funções de Diretor Técnico. Experiência profissional: Durante 15 anos desenvolveu inúmeros sistemas na área de automação industrial. A partir de 2000 dedicou-se à área da qualidade da energia eléctrica tendo sido o responsável de desenvolvimento de inúmeros sistemas em serviço na EDP Distribuição, REN, EDP Serviços, EDA e EEM nomeadamente para a estabilidade das redes, localização automática de defeitos, estudo da propagação de perturbações, mitigação das perturbações, funcionamento de redes isoladas com produção totalmente renovável e controle da iluminação pública. Atividades extraprofissionais: É membro do IEEE, da comissão de normalização CTE8, da SEAC (Sociedade Europeia para a Astronomia na Cultura) e participa no Grupo de Apoio ao Regulamento da Qualidade de Serviço da ERSE; tem atividade como astrónomo amador desde muito novo; Foi presidente da organização da XIX Conferência Internacional da SEAC, “Stars and Stones: Voyages in Archaeoastronomy and Cultural Astronomy - A meeting of different worlds”, realizada na Universidade de Évora em 2011; Foi co-editor da publicação “Stars and Stones”, atas da XIX Conferência SEAC 2011, BAR International Series 2015; foi membro da Comissão Científica do SEAC 2012. Atividade na área de arqueoastronomia: Trabalhou com Michael Hoskin em Sevilla, nos tholoi do Alentejo e região Lisboa e em diversas antas do Algarve, com Luís Tirapicos e Andrew Smith nos recintos megalíticos alentejanos e, mais tarde, com Nuno Ribeiro, Anabela Joaquinito e Sérgio Pereira, no estudo da orientação na paisagem de 700 lajes gravadas na região entre os rios Alva e Ceira; colaborou com Fábio Silva no estudo de particularidades dos movimentos solares, lunares e eclipses aplicados à arqueoastronomia; encontra-se a colaborar com Ricardo Soares no âmbito do projeto Carta Arqueológica do Concelho de Vila do Bispo, designadamente na questão do megalitismo menírico de Vila do Bispo; tem estado a desenvolver juntamente com Andrew Smith uma metodologia para a análise na paisagem “Landscape/Skyscape” que tem posto em prática nos trabalhos dos recintos megalíticos, sítios de arte rupestre e, mais recentemente, nos menires de Vila do Bispo.
Contatos: fernandopimenta58@gmail.com

 

PAINEL II

Praias: 
Aqui o orador apresentou uma breve comunicação sobre as zonas balneares classificadas e as praias selvagens do concelho de Vila do Bispo, projetos de Educação Ambiental implementados nas praias e distinções internacionais atribuídas no âmbito da qualidade das praias e do seu aproveitamento para desportos náuticos.
Cláudio Machado: Natural de Vila do Bispo e licenciado em Gestão Ambiental, trabalha na Câmara Municipal de Vila do Bispo desde 2004, tendo desenvolvido diferentes projetos de Educação Ambiental. Atualmente coordena as subunidades orgânicas Águas e Saneamento e Obras de Administração Direta, da Divisão de Atividades Municipais.
Contatos: +351 282 630 600 (ext. 410) | claudio.machado@cm-viladobispo.pt

Surf: 
Apresentação que pretendeu transmitir as experiências adquiridas ao longo dos últimos anos pelo turismo dedicado ao surf no território do concelho de Vila do Bispo. As potencialidades do turismo de surf, as escolas de surf, os surf camps e as especificidades da nossa costa para a prática do surf foram alguns dos temas explorados nesta comunicação conduzida por representantes da Associação de Escolas de Surf da Costa Vicentina e da empresa Freeride Surfcamp & School.

Marta Mealha: Nascida e criada na zona centro do Algarve, a chamada região do sotavento Algarvio, desde a sua adolescência que tem vindo para a zona de Sagres para surfar. Antes de se estabelecer definitivamente neste seu “pequeno paraíso” ainda experienciou a vida urbana da cidade de Lisboa onde estudou jornalismo, Relações Internacionais e Estudos Europeus, tendo ainda, entre outros, trabalhado no Ministério dos Negócios Estrangeiros e em algumas agências de Comunicação e Eventos. Há 14 anos, com 27 anos de idade, decidiu mudar-se definitivamente para o Parque Natural da Costa Vicentina. Em conjunto com o seu irmão, João Mealha, um surfista profissional, e com a ajuda de um sócio local, criaram uma escola de surf – a Freeride Surf School, permitindo desta forma, viver no seio da natureza e rodeada pelo oceano, podendo dedicar-se a atividades que estivessem diretamente ligadas à natureza e ao surf. A Freeride Surfcamp & School é membro fundador da Associação de Escolas de Surf da Costa Vicentina e a Marta fez parte da Direção da Associação de Escolas de Surf da Costa Vicentina até 2010. Após cerca de 5 anos com o projeto da Escola de Surf e de Surfcamp, inicialmente na Raposeira e posteriormente em Sagres, e com a renovação do Hotel Baleeira (2008) e a sua aquisição por um novo Grupo, a sua escola de surf foi convidada a integrar um projeto pioneiro em Portugal, integrando uma escola de surf num Hotel de design de 4 estrelas, proporcionando aos seus clientes um alojamento de luxo com serviços de surf de alta qualidade (algo que ainda não existia no nosso país). Para além de outras atividades desenvolvidas no âmbito da Escola de Surf, tem vindo a desempenhar a atividade de professora de surf e de guia local nos últimos 10 anos, tendo adquirido uma vasta experiência e conhecimento das praias locais. É treinadora de surf certificada pela Federação Portuguesa de Surf. Após 2 anos de ter iniciado a prática de Hatha Yoga tornou-se professora desta atividade em 2013. Hoje em dia, aliando à sua atividade de professora de surf e gerente da Freeride Surfcamp & School, localizada em Sagres, no Hotel Memmo Baleeira e na Vila do Bispo na praia da Cordoama, organiza também retiros de Yoga, meditação, caminhadas, surf e comida vegetariana - cujo objetivo é também uma profunda conexão entre o Eu e a Natureza.

 

Trilho, Roteiros e Rotas:
Foi apresentado o projeto Rota Vicentina nas suas vertentes de projeto comunitário e também comercial. A marca Rota Vicentina tem sido trabalhada enquanto Rota Pedestre, mas também enquanto Rede de Oferta Turística e representação do Património Natural e Cultural da região Sw Portugal. O seu alcance local mas também internacional atribui ao trabalho da Associação uma enorme responsabilidade quanto à sustentabilidade do projeto mas sobretudo da região, que se depara diariamente com novos desafios. A Rota Vicentina reúne hoje 400 km de percursos pedestres, desde o Caminho Histórico entre Santiago do Cacém e o Cabo de S. Vicente, o Trilho dos Pescadores e 5 pequenas rotas no Concelho de Odemira. Fazem parte da rede de oferta turística da Rota Vicentina 140 empresas, maioritariamente locais, mas também operadores turísticos internacionais que se comprometem com os objetivos de sustentabilidade do projeto e desta rede. A Associação Rota Vicentina trabalha em parceria com as principais entidades públicas e privadas da região e do sector, sendo um excelente exemplo o Conselho Geral constituído em 2015.
José Granja: Natural de Lisboa e licenciado em Gestão de Empresas, a busca por um estilo de vida fora da cidade trouxe-o até ao Sw de Portugal e à Associação Casas Brancas em 2009, tendo colaborado neste projeto e integrado a equipa que concebeu e implementou o projeto Rota Vicentina, desde o primeiro momento. Trabalha atualmente como técnico na Associação Rota Vicentina, criada formalmente em 2013.

 

PAINEL III

Investigação Arqueológica da Universidade do Algarve: 
Esta apresentação centrou-se nos trabalhos desenvolvidos pelos investigadores da Universidade do Algarve no Concelho de Vila do Bispo a partir de 1996, focando exclusivamente a Pré-história regional. Com uma trajetória cronológica entre o Paleolítico Inferior e o Neolítico, foram apresentados os resultados dos trabalhos arqueológicos num conjunto de jazidas arqueológicas escavadas entre 1998 e 2015, das quais se destacam as áreas de Beliche, Vale de Boi e Vale Santo.
Nuno Bicho: Diretor do Interdisciplinary Center for Archaeology and the Evolution of Human Behavior (ICArEHB) e Professor Associado com Agregação na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve. Licenciado pela Universidade Lusíada de Lisboa, fez o seu Doutoramento em Antropologia, especialidade de Arqueologia, na Southern Methodist University, Dallas, Texas, EUA, em 1992. Foi docente nessa Universidade entre 1988 e 1990, e em 1993-1994 na Drew University, Madison, New Jersey. Em 1994 regressa a Portugal e inicia o seu trabalho na Universidade do Algarve. Participou em trabalhos de investigação arqueológica, nos EUA e no Equador. Tem coordenado projetos de investigação internacionais sobre Pré-história desde 1987 na Estremadura, Ribatejo e no Algarve, com financiamento do extinto Instituto Português de Arqueologia, Fundação para a Ciência e Tecnologia, National Science Foundation dos EUA, Wenner Gren Foundation e do Archaeological Institute of America. Foi o primeiro bolseiro português da National Geographic Society, a qual lhe atribuiu posteriormente duas outras bolsas, em 2006 e 2015. Iniciou recentemente um projeto em Moçambique em colaboração com a University of Louisville, EUA, e com a Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, sobre o aparecimento do Homo sapiens sapiens na África Austral.

 

Os Charcos Temporários, o Triops Vicentinus e o Projeto Life Charcos: 
Apresentação do projeto “LIFE Charcos - Conservação de Charcos Temporários na Costa Sudoeste de Portugal”, coordenado pela LPN - Liga para a Proteção da Natureza e que conta com a parceria da Universidade de Évora, da Universidade do Algarve, da Câmara Municipal de Odemira e da Associação de Beneficiários do Mira. O projeto LIFE Charcos visa a conservação de um habitat prioritário, os Charcos Temporários Mediterrânicos (CTM), que se encontra cada vez mais ameaçado devido à sua fragilidade ecológica e desconhecimento do seu valor natural. As alterações nas formas de gestão do território, nomeadamente a intensificação da agricultura, constituem um dos principais e mais recentes fatores de declínio deste habitat. A singularidade deste habitat está associada à diversidade e peculiaridade de organismos que alberga. A flora e fauna associadas são muito específicas e adaptadas à alternância de condições de encharcamento e secura. Algumas das espécies de fauna que aqui ocorrem, nomeadamente alguns crustáceos de água doce, são endemismos com uma área de distribuição muito reduzida, como por exemplo o Triops vicentinus. O Projeto LIFE Charcos está a ser implementado no Sítio de Importância Comunitária da Costa Sudoeste, com maior incidência nas charnecas do concelho de Odemira e planalto de Vila do Bispo, por aí se encontrarem alguns dos principais núcleos de charcos temporários a nível nacional. São diversas as ações desenvolvidas no projeto, entre as quais se destacam: Produção de cartografia digital dos charcos e da biodiversidade associada; Avaliação do funcionamento hidrogeológico destes habitats; Estabelecimento de normas de gestão para a manutenção do estado de conservação favorável dos charcos; Demonstração de técnicas de restauro ecológico deste habitat; Promoção de conectividade entre estes habitats; Recuperação de um charco para fins didáticos e visitação; Criação de um banco de sementes específico deste habitat; Sensibilização para o valor deste habitat e das espécies emblemáticas que alberga e a importância de conservação da sua riqueza natural. Este projeto é financiado a 75% pelo Programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia, tendo um orçamento global de cerca de 2 milhões de euros. O Projeto LIFE Charcos decorrerá entre Julho de 2013 e Dezembro de 2017. A Costa Sudoeste portuguesa alberga um património natural extraordinário, que inclui os CTM e a flora e fauna associadas, e que pode ser aproveitado para potenciar o desenvolvimento local sustentável, nomeadamente a atividade turística sustentável. Este projeto representa também um importante contributo para a implementação da Rede Natura 2000 (Rede Europeia de Espaços Naturais) e para a estratégia Europeia de parar a perda de biodiversidade na Europa até 2020.
Margarida Cristo: Professora auxiliar da Universidade do Algarve e investigadora do Centro de Ciências do Mar. Fez o doutoramento em 2001 em Ecologia de Comunidades. Durante todo o seu percurso académico e científico dedicou-se ao estudo dos crustáceos: primeiro aos crustáceos decápodes, em Moçambique, onde esteve como investigadora entre 1978 a 1984, depois como investigadora e docente da Universidade de Lisboa dedicou-se ao estudo do caranguejo-verde (Carcinus maenas), e desde 1992 na Universidade do Algarve manteve o seu interesse neste grupo de crustáceos, tendo realizado o seu doutoramento no estudo da dieta alimentar de lagostim Nephrops norvegicus. Desde 1996 passou a dedicar parte do seu tempo de investigação aos crustáceos de Charcos Temporários Mediterrânicos, os Grandes Branquiópodes. Esta é, no presente, a sua principal área de investigação, onde tem vários trabalhos publicados.
Artur Lagartinho: Licenciado em engenharia dos recursos florestais pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra iniciou a sua atividade profissional liberal em 1996 com a prestação de serviços de consultadoria à agricultura e silvicultura e mais tarde criou a empresa “Hectare Verde – Engenharia e Gestão Florestal” dedicada à elaboração e execução de projetos de financiamento às atividades florestais. Desde 2009 que é colaborador da Liga para a Proteção da Natureza em vários projetos nas áreas do desenvolvimento sustentável de sistemas agrícolas extensivos ameaçados, do combate à desertificação e do incremento da biodiversidade em explorações agrícolas. No projeto LIFE Charcos desempenha funções de coordenação, gestão de contatos e parceiras com gestores agrícolas, gestão e acompanhamento técnico de ações de recuperação de habitats, entre outros.

 

Biologia Marinha: 
Oceano de Sagres: que seres esconde?
Com tantas riquezas em terra, não seria de admirar que a região de Sagres fosse extremamente rica em biodiversidade. Sabia que no mar de Sagres se podem encontrar mais de 20 espécies de golfinhos e baleias, apesar de algumas serem raras? Ou que, em determinadas épocas do ano, ocorrem em abundância algumas espécies de aves marinhas que são consideradas raras no resto da Europa? Já ouviu falar das grutas submersas da Atalaia, que escondem corais e lagostas e que fazem do mergulho recreativo uma experiência única na região? Durante esta pequena apresentação pretende-se dar a conhecer os recursos marinhos biológicos da região enquanto potenciais atrativos para a prática de atividades de turismo da natureza, no mar.
Sara Magalhães: Bióloga-marinha, cofundadora e diretora-geral da Marilimitado. Foi investigadora da Universidade dos Açores durante 7 anos, onde se especializou na área de ecologia e conservação de cetáceos. Possui experiência de embarque e em planeamento e execução de projetos científicos em biologia marinha. É formadora, realiza palestras e workshops e orienta teses académicas e estágios profissionais. Um dos sonhos da Sara é promover a divulgação e a conservação dos oceanos e tornar Sagres cada vez mais relevante na área da investigação e educação em biologia marinha.

 

PAINEL IV

As Aves e o Turismo Ornitológico:

O Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres é um evento organizado desde 2010 que tem como principal objetivo a promoção do turismo de natureza em geral, e da componente de “birdwatching” em particular, enquanto atividade que pode contribuir para o desenvolvimento sustentado da região. É promovido pela Câmara Municipal de Vila do Bispo e as associações de ambiente SPEA e Almargem. Decorre sempre no primeiro fim-de-semana de outubro e destaca-se pelo seu vasto programa de atividades, dinamizadas pelas entidades promotoras, por empresas locais e por outras entidades parceiras. Este Festival tem conseguido atrair um número crescente de turistas nacionais e estrangeiros e mobilizado a população local em torno desta temática, destacando-se os trabalhos com a comunidade escolar. Em 2015, foi atribuído a Vila do Bispo o Galardão de Município do Ano pela realização deste Festival.
Alexandra Lopes: Licenciada em Biologia Aplicada aos Recursos Animais pela Universidade de Lisboa e Mestre em Gestão de Recursos Biológicos, pela Universidade de Évora, tendo também frequentado o primeiro ano do Mestrado em Gestão de Destinos Turísticos da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Trabalha na SPEA desde 1999 e atualmente ocupa a posição de Coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental, tendo ainda a seu cargo a elaboração e dinamização de iniciativas de educação ambiental e sensibilização do público, a organização de saídas de campo, cursos para sócios e a implementação de projetos relacionados com Turismo Ornitológico.
Nuno Barros: Nascido em Lisboa, com raízes familiares em Aljezur, é observador de aves desde criança. É licenciado em Biologia Marinha e especialista em Ornitologia. Foi observador marinho no Atlântico Norte, técnico de campo especializado em avifauna e estagiou em Cabo Verde em conservação de aves marinhas e educação ambiental. Trabalhou na SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves durante 5 anos, envolvido em diversos projetos de conservação e monitorização de aves tanto em Portugal como no estrangeiro; de impacto das atividades humanas no meio marinho e política de mar. Em 2015 voltou a “casa” e criou a Birdland - uma empresa de turismo de Natureza de âmbito local que pretende dar a conhecer os valores da Costa Vicentina através da observação de aves.

 

Geologia e Paleontologia: 
O território do Concelho de Vila do Bispo (CVBispo) apresenta uma grande diversidade geológica, biológica, paisagística e histórica. É a sua Geodiversidade que permite que a biologia, a paisagem e a história sejam tão particulares. Uma das regiões de maior interesse geológico em Portugal é o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma vez que a sua Geodiversidade encerra importantes locais para a compreensão da evolução geológica do território nacional. O CVBispo, em grande parte integrando neste Parque Natural, é um importante atrativo turístico regional, existindo atualmente empresas que apostam no Ecoturismo e/ou Geoturismo, focalizadas num mercado com características específicas. Geologicamente, o CVBispo integra a Bacia Algarvia (BA) e a Zona Sul Portuguesa (ZSP). O registo estratigráfico da BA é muito diverso, englobando rochas sedimentares e vulcânicas com idades compreendidas entre o Triásico Superior (≈237 milhões de anos (Ma)) e o Quaternário (atualidade). Este corresponde a dois momentos distintos de sedimentação: o primeiro ocorreu durante o Mesozóico e o segundo durante o Cenozóico – Quaternário. A ZSP compreende rochas sedimentares e vulcânicas depositadas durante o Devónico e o Carbonífero (370 - 310 Ma). No CVBispo são importantes, por exemplo, os afloramentos costeiros que registam a fronteira Devónico-Carbonífero e os afloramentos mesozóicos com registos de ambientes sedimentares e fósseis importantes para a compreensão da evolução geológica de Portugal. Nas duas últimas décadas verificou-se, a nível mundial, um interesse crescente pela Geoconservação, sendo esta suportada por critérios geológicos e enquadrada em políticas de Conservação da Natureza e de Ordenamento do Território. Dado os Geossítios serem elementos integrantes do Património Natural, é de esperar que estas políticas contemplem quer a conservação da Geodiversidade, quer a conservação da Biodiversidade. Intimamente associado à Geoconservação, desenvolve-se o Geoturismo, que promove o valor dos Geossítios, assegurando a sua conservação para uso de estudantes e turistas. O Geoturismo assume-se, assim, como um meio de valorização do Concelho, levando o visitante a uma maior compreensão daquilo que observa e a interpretar a Natureza de uma forma mais abrangente. Ao reconhecer-se a necessidade de Geoconservação do CVBispo estarão criadas as bases para a proteção e divulgação desta área.
Beatriz Oliveira: Natural do concelho de Leiria, mudou-se para o Algarve para realizar a licenciatura em Biologia e Geologia (Ensino de) - Universidade do Algarve. Foi obtendo colocação como professora de Biologia e Geologia por diferentes escolas do Algarve até ter entrado para o quadro de Agrupamento de Escolas do Concelho de Vila do Bispo. Realizou o Mestrado em Biologia e Geologia Especialização em Educação, na Universidade do Algarve do qual resultou a publicação do “Roteiro Paleogeológico da Praia de Porto de Mós e da Ponta da Piedade”, pela Câmara Municipal de Lagos, bem como do “Roteiro Paleo-Geológico das Praias da Salema e da Mareta”, pela Câmara Municipal de Vila do Bispo. Esteve destacada durante três anos no Centro Ciência Viva de Lagos onde foi responsável pela coordenação das atividades desenvolvidas. Participou na Campanha EMEPC/M@rbis/Selvagens 2010, que decorreu nas Ilhas Selvagens, como Professora a Bordo. Tem aprofundado os seus conhecimentos ao nível da geologia principalmente no Concelho de Vila do Bispo e restante Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, onde orienta frequentemente saídas de campo.

 

Arqueologia Subaquática: 
No dia 24 de Abril de 1917, o submarino Imperial Alemão U-35, comandado por Lothar Von Arnauld de La Perière (1886-1941), o “Ás dos Ases”, afundava, ao largo de Sagres e de Lagos, 4 navios mercantes de diversas nacionalidades. Este foi um episódio naval da Primeira Guerra Mundial que trouxe às águas territoriais Portuguesas a “Handelskrieg” – a guerra Imperial à marinha mercante inimiga. Num momento em que estamos prestes a evocar o centenário destes afundamentos e na sequência da investigação historiográfica e material desenvolvida pelo Projeto U-35 do CINAV (Centro de Investigação Naval da Marinha), os destroços resultantes emergem da simples e mera materialidade para a imaterialidade multinacional e multicultural. A identificação, no plano científico, íntegra de forma plena estes destroços na Paisagem Cultural Marítima, não só́ local e regional, mas multinacional, expandindo-os culturalmente para a visão telescópica, além da microscópica. Tornam-se deste modo destroços com História, e os navios são ligados às vidas e cultura dos seus tripulantes, construtores, atacantes e salvadores. Mas, também, dos observadores passivos que das arribas portuguesas observaram um conflito que lhes pareceria alheio, lá longe nas trincheiras Belgas ou Africanas. Este episódio permitiu lembrar a todos os portugueses que assistiram ou participaram, a forma, por vezes trágica, como Portugal, no mar, participou ativamente na Grande Guerra. Investidos desta enorme dimensão cultural, importa que estes destroços sejam vetores turísticos. Esta história pode e deve ser convertida em “Unidade Económica”, desde que os agentes turísticos e económicos estejam conscientes do seu potencial.
Augusto Salgado: O Capitão-de-Mar-e-Guerra Augusto António Alves Salgado nasceu em 17 de Fevereiro de 1965 e ingressou na Escola Naval em 1983, terminando o curso em 1988. É Doutorado em História dos Descobrimentos, pela Faculdade de Letras de Lisboa desde 2010. Atualmente presta serviço na Escola Naval, onde é professor da cadeira de História Naval e no Instituto de Estudos Superiores Militares. É ainda professor no Mestrado História Marítima e no Mestrado de História Militar. No âmbito dos seus estudos sobre História Naval, foi galardoado nas Jornadas do Mar de 2000, com o 1.º prémio na classe de História e venceu o Prémio do Mar (Câmara Municipal de Cascais) Rei D. Carlos na sua 17.ª edição, relativa ao ano de 2011. A destacar ainda a publicação das seguintes obras: A Invencível Armada 1588. A participação portuguesa, Prefácio, 2002; Os navios de Portugal na Grande Armada. O poder naval português. 1574-1592, 2004; 1580. A conquista de Portugal segundo os frescos do Viso de Santa Cruz, 2009 e colaborou no livro Thermopylae, História do clipper mais veloz do mundo, 2009. Mergulhador amador e fotógrafo subaquático há mais de 30 anos, desde 1993 que participa regularmente em atividades de arqueologia subaquática, sendo atualmente cocoordenador do “Projeto O U-35 no Algarve (1917)”, projeto que ganhou o prémio Adopt a Wreck 2015, da National Archaeology Society (UK).
Jorge Russo: Licenciado em História e investigador do CINAV - Centro de Investigação Naval. Associado da Nautical Archaeology Society, Australasian Institute for Maritime Archaeology e Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, o seu foco de interesse desenvolve-se em torno da navegação a vapor, nomeadamente no que respeita à tecnologia de propulsão e às questões metodológicas em torno das correlações destroço-navio. Estuda a história do vapor naval, principalmente entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, numa abordagem que pretende estabelecer marcadores cronológicos para as principais maquinarias que se encontram numa Casa-das-Máquinas a vapor, sua aplicação perante o testemunho material, à qual junta metodologias comparativas em torno de aspetos estruturais notáveis dos navios de cronologia Contemporânea, principalmente mercantes. Ligado à Arqueologia Naval e Subaquática desde 2003, foi fundador e Presidente do GEPS - Grupo de Estudos e Pesquisas Subaquáticas, até à sua extinção em 2010. Mergulhador de rebreather com misturas ternárias, foi premiado em 2012 com o prémio Jornadas do Mar, e em 2013 e 2015 com o Adopt a Wreck Award pela Nautical Archaeology Society.

 

Por: VA / CM Vila do Bispo