Entrevista | Luís Paixão

12:58 - 21/03/2016 ENTREVISTAS
Presidente da Junta de Freguesia de Sagres desde 2013 e atual Presidente do PSD de Vila do Bispo, Luís Paixão foi um dos convidados do programa “Olha Que Dois”, uma parceria entre a Total FM, Sagres FM e Voz de Loulé. Em entrevista a Nathalie Dias e Victor Gonçalves, Luís Paixão falou da sua experiência enquanto Presidente de Junta e o que espera para o futuro da sua freguesia.

O Luís Paixão, para além de Presidente de Junta, é também o Presidente do PSD de Vila do Bispo. Nessa qualidade, e como político com alguns anos de traquejo, que retrato tem do que se tem feito ou falta fazer em Sagres?

Luís Paixão – Sagres tem uma beleza natural ímpar. No entanto, nunca estamos satisfeitos com aquilo que temos. Nós queremos mostrar aquilo que temos, mas para as pessoas cá chegarem é necessário acessibilidades boas. Refiro-me em particular à entrada de Sagres, que neste momento é uma via que não apresenta as mínimas condições de segurança para quem lá anda, seja automobilistas ou peões. Aquela é a via principal, é a espinha dorsal de Sagres e, ainda para mais, dá acesso à escola primária, passam lá crianças, e dá acesso também a uma superfície comercial. Esta é a principal necessidade de Sagres. Depois há outras, que tem a ver com o ordenamento de pontos estratégicos de visita, como é o caso do Cabo de São Vicente, que necessita de ser ordenado no que diz respeito aos vendedores ambulantes e aos lugares de estacionamento. É muito bonito dizer às pessoas para irem visitar o Cabo de São Vicente ao pôr-do-sol e depois, quando os visitantes lá chegam, não têm lugar para estacionar o carro, e quando chegam depois dos portões terem fechado, nem sequer tem acesso a instalações sanitárias.

 

Como é a sua relação institucional com o atual executivo municipal?

L.P. – A relação com o executivo municipal é boa. É uma relação entre Presidente de Junta, Presidente de Câmara e vereadores que eu considero normal.

 

A nova ETAR está em vias de ficar concluída?

L.P. – Não tenho conhecimento dos prazos de conclusão da obra, mas sei que é uma obra que fazia imensa falta a Sagres porque as condições que existiam não eram as melhores, a qualquer momento poderia acontecer uma catástrofe natural. Os tubos estavam em risco de se romperem e nem quero imaginar o que poderia acontecer. Portanto, é uma obra que é bem-vinda, que fazia muita falta e que espero que se concretize o mais rápido possível.

 

Como vê as recentes iniciativas do executivo de Adelino Soares para promover o que de melhor Sagres tem, para atrair um segmento importante, na área do turismo desportivo, tendo como chamariz as águas do atlântico?

L.P. – Tudo o que seja feito para promover Sagres é bom. Mas penso que, paralelamente a essas promoções, tem que existir mais qualquer coisa. A Câmara Municipal deve estar atenta a pormenores importantes que podem vir a defraudar essa promoção. Estou a falar da manutenção de vias, passeios e jardins. Porque quando as pessoas chegam procuram essa beleza, mas também veem um jardim mal-arranjado, um passeio com buracos e as marcas do pavimento apagadas, tudo isto são pormenores que deveriam merecer mais atenção da parte da Câmara Municipal.

 

As Aves, alguns dos monumentos históricos e as belas praias vicentinas são cada vez mais as opções de nacionais e estrangeiros. Qual a perceção que o Luís Paixão tem, enquanto autarca e cidadão, sobre o futuro da sua terra?

L.P. – Eu penso que se o Algarve tem futuro, Sagres tem muito mais. Nós temos tudo: as praias, o sol, a beleza, a gastronomia, a possibilidade de fazer desportos de natureza, como caminhada, BTT e surf, e temos também bares e discoteca. Só não temos um centro comercial, mas isso também não faz falta porque temos o comércio local. Tem tudo para ter futuro.

 

O que gostaria de ver concretizado na Vila de Sagres, que seja exequível?

L.P. – Para além dos espaços envolventes, há a Fortaleza, que tem os candeeiros todos apagados e caídos; há a envolvente do Cabo de São Vicente; o Mercado Municipal necessita urgentemente de uma intervenção; e a entrada da EN280 é preocupante e é uma das principais obras necessárias para a freguesia.

 

Estava previsto fazer alguma coisa nessa estrada?

L.P. – Está previsto fazer alguma coisa há muitos anos, o problema é começar a fazer qualquer coisa. Compete às Infraestruturas de Portugal, mas nós já fizemos várias iniciativas e escrevemos várias cartas, mas ainda não nos responderam. Recentemente reunimos a população para definir qual a iniciativa que íamos realizar e, para chatear, achámos que cada um devia escrever uma carta a reivindicar aquela obra. No total, foram enviadas 500 cartas em dezembro, onde se dizia que as respostas deveriam ser dirigidas à Junta de Freguesia, mas não recebemos nenhuma resposta até agora. Em janeiro, foi enviado um abaixo-assinado, mas também ainda não obtivemos qualquer resposta. A seguir, iremos convocar novamente a população para decidir qual a iniciativa seguinte porque acreditamos que aquela obra é indispensável como cartão-de-visita de Sagres e também para a segurança das pessoas.

 

O que pensa sobre o porto da Baleeira?

L.P. – É um ponto estratégico para Sagres, mas deveria ser melhor aproveitado. Sagres tem cerca de 500 mil visitantes por ano e talvez apenas 10% entre dentro de Sagres. Esses 500 mil são aqueles que vão à Fortaleza, Cabo de São Vicente e depois saem. Se o porto da Baleeira tivesse uma infraestrutura diferente, talvez captasse mais visitantes. Sagres continua a ser um ponto estratégico para a navegação e por tanto aquilo precisava de umas infraestruturas que pusessem a conviver pescadores e turistas, sem que um interfira na vida do outro. Podia haver o desembarque e venda do peixe, sendo mais uma oferta turística de Sagres, porque os levava até lá e eles acabavam por consumir nos restaurantes, etc. Sagres tem que ser visto não como uma freguesia do Concelho de Vila do Bispo, mas sim como uma localidade do país que recebe 500 mil pessoas por ano, sendo um dos locais mais visitados do país. Por isso, temos que oferecer condições. Não é só o município que tem que olhar para Sagres, embora deva fazê-lo com olhos mais abertos, mas também o Governo.

 

Tem confiança que agora com um governo socialista se passe a olhar com mais atenção para Sagres?

L.P. – Eu acho que não tem a ver com ser um governo socialista ou PSD, é uma questão de sensibilidade, de olhar para Portugal, ver o que nós queremos e definir estratégias.

 

 

Esta entrevista foi realizada por Nathalie Dias e Vítor Gonçalves no Programa “Olha que Dois”, uma parceria da “Total FM” com “A Voz de Loulé” emitido no dia 09 de março.

Oiça aqui esta entrevista.

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