Eleita património europeu pela Comissão Europeia, a Fortaleza de Sagres, no concelho de Vila do Bispo, outrora local estratégico no arranque dos Descobrimentos portugueses, ganhou com a distinção novo fôlego e potencial para o turismo local e algarvio.
“Sagres é dos locais mais visitados do Algarve e tem para nós uma dimensão muito especial, até porque, com a consagração de património europeu, valoriza a marca Algarve”, observa o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva.
A ponta mais ocidental do continente europeu tem sido, desde o início da viragem do Algarve para o turismo, um “chamariz” para visitantes de todo o mundo.
Com a mudança das motivações dos turistas que dão preferência a destinos com história, cultura e natureza, o Algarve tem procurado dar visibilidade aos recursos disponíveis, sendo a Fortaleza de Sagres um dos trunfos da região.
“Temos ali um território com um potencial enorme para a complementaridade dos produtos e da oferta que temos. Nos últimos dois, três anos, tem tido um salto qualitativo muito grande que é importante para a economia daquela zona, mas também importante para a região e para o país”, sublinha Desidério Silva.
Atualmente, a Fortaleza está a ser alvo de intervenções, mas o presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, lembra que, durante muito tempo, não mereceu a atenção devida.
“As coisas estão a melhorar, mas durante muitos anos esteve ao abandono”, afirma.
Para este responsável, as últimas intervenções dignas ocorreram aquando das Comemorações Henriquinas e lamenta que os trabalhos feitos na década de 90 do século XX tenham adulterado o interior do edifício, mas dá nota positiva à requalificação feita à envolvente.
A diretora regional da Cultura, Alexandra Gonçalves, explica à Lusa que as intervenções realizadas na década de 90 tinham o propósito de criar um centro útil e obra nova, mas a aceitação não foi unânime e parte do projeto não foi concretizado.
Foi um momento que Alexandra Gonçalves descreve como importante para a reflexão nacional sobre a forma como se compatibiliza a recuperação e reutilização de monumentos sem perder a memória do passado e a sua funcionalidade como apoio à atividade turística e outras atividades da atualidade.
“Em termos de oferta aos visitantes, não tem muita coisa. Durante muito tempo, as pessoas pagavam bilhete para ver a paisagem, mas sei que, nos últimos anos, a Direção Regional de Cultura do Algarve tem investido no espaço e acredito que em breve teremos a Fortaleza, não só com mais condições de imagem, mas também em termos de produto a oferecer aos turistas”, diz Adelino Soares.
Em 2014, a Direção Regional de Cultura do Algarve criou o Programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos que pretende potenciar uma dinâmica cultural que renove a visitação por parte das comunidades de proximidade, através de uma oferta artística diversa anual.
A diretora regional da Cultura reconhece que existe um esforço na renovação da imagem e do seu posicionamento enquanto monumento e lugar principal da memória da história da Europa e do mundo associada aos Descobrimentos.
Alexandra Gonçalves conta que, em 2009, a necessidade de intervir nas estruturas degradadas, muito por via da localização da Fortaleza, e em todo o promontório, tornou-se evidente.
O programa de requalificação e valorização do promontório foi dividido em duas fases, cada uma orçamentada em quase quatro milhões de euros.
A Fortaleza e o Promontório de Sagres integram a candidatura em curso à lista indicativa da UNESCO para a primeira fase dos Descobrimentos, que visa a criação da rede “Lugares da Primeira Globalização”.
Por: Lusa