Agentes da PSP de Tavira acusados de agressão a homem após chamada para 112

11:13 - 06/01/2019 TAVIRA
Um agente da PSP, vários elementos da Investigação Criminal e os Comandos da PSP e dos Bombeiros de Tavira são acusados de agressão e falta de socorro a um homem, em setembro, naquela cidade algarvia, denunciou o queixoso.

Rui Vidal, de 46 anos, disse à agência Lusa que a queixa deu entrada em 18 de dezembro no Ministério Público da secção de Tavira do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Faro e as agressões, alegadamente cometidas também contra o seu filho, ocorreram depois de um pedido de socorro ao 112 para lhe ser prestada assistência num episódio de indisposição e desmaios.

Na queixa, a que a Lusa teve acesso, a mesma fonte reportou que se sentiu mal na tarde do passado dia 14 de setembro - por razões alheias ao excesso de álcool -, mas depois de ter bebido cinco cervejas num café com amigos, tendo desmaiado quando ia a pé para casa, onde chegou em braços, ajudado por conhecidos.

A sua mulher abriu a porta e, perante o “alternar de períodos de consciência com desmaios”, chamou o 112, mas, quando Rui Vidal recuperou os sentidos, notou que “estavam quatro polícias à porta com dois bombeiros atrás”, disse que “não precisava da polícia, precisava era dos bombeiros”, e disse aos agentes para se “porem dali para fora”, relatou.

O agente acusado de agressão “disse logo para o ofendido que lhe dava um ‘borracho’ e deu logo um soco na boca do ofendido (pai), tendo-lhe aberto o lábio superior”, pode ler-se na queixa, que deu entrada em 18 de dezembro no DIAP.

Rui Vidal contou que interpelou o agente sobre o motivo da agressão, mas a resposta foi outro soco e mais agressões com o bastão extensível, que o fizeram acabar no chão, sem sentidos.

O filho de Rui Vidal tentou então intervir e parar as alegadas agressões ao pai, mas foi “atingido por um gás” e, posteriormente, agredido “por diversos agentes” da Investigação Criminal, já na esquadra, para onde tinha sido conduzido “algemado”, disse o queixoso.

Quando recobrou os sentidos, no chão, “já sem ninguém dos bombeiros e da PSP ao pé” e “sem ter sido assistido”, Rui Vidal deslocou-se de táxi à PSP de Tavira e perguntou pelo filho, que “tinha sido algemado e transportado para a PSP” e “agredido um pouco por todo o corpo”, consta ainda da queixa.

“Os ofendidos desejam procedimento criminal contra os elementos acima referidos”, lê-se no final da queixa apresentada por Rui Vidal e o filho contra o agente da PSP acusado de o agredir e os colegas da Investigação Criminal de serviço nesse dia, mas que visa também o Comando local da polícia e o Comando dos Bombeiros Municipais de Tavira.

Rui Vidal lamenta ter ficado “com lapsos de memória” e “dificuldades de mobilidade num pé devido às agressões com bastão”, ter “deixado de trabalhar” e ficado com “dificuldades económicas”, e espera que a justiça atue para “evitar que estes episódios se repitam com mais alguém” e o agente em causa “continue a desonrar a farda que usa”.

A Lusa pediu ao Comando Distrital de Faro da PSP uma reação à queixa de Rui Vidal, mas não obteve resposta.

Apesar das tentativas, também não conseguiu uma reação do comando dos Bombeiros Municipais de Tavira ao caso.

 

Por: Lusa