Há um «bairro de lata» com vista para o mar a nascer na Costa Alentejana

09:04 - 25/05/2019 ALENTEJO
O turismo feito através de autocaravanas é uma moda do momento e tem vindo a conquistar adeptos, sobretudo no norte da Europa.

Mas este segmento não está a deixar satisfeitos os autarcas da Costa Alentejana, desde Sines até Sagres, que acusam estes turistas de criarem uma autêntica "barreira de lata poluente à beira mar".

Face a este cenário, a Associação de Freguesias do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), que integra as freguesias dos concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, aprovou recentemente uma tomada de posição contra o autocaravanismo “sem regras”.

Qualidade das praias e comércio local afetados

Citada pelo jornal Público, a PNSACV vai mais longe e exige das entidades fiscalizadoras uma maior capacidade de intervenção e alterações à lei para eliminar um problema que a agravar pode tornar-se “potencialmente gerador de conflitos”.

A associação de freguesias alerta, em comunicado enviado ao diário, que a pressão do autocaravanismo selvagem afeta mais as praias do Malhão, Aivados, Furnas, Alteirinhos, Odeceixe, Amoreira, Monte Clérigo, Bordeira, Amado, Vale Figueira, Cordoama, Ingrina, Zavial, Barranco, Tonel, Mareta, Beliche entre outras.

O presidente da Assembleia de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, Bruno Cabecinha, é outra das vozes que se insurge contra aquilo a que classifica como um cenário “indescritível” e destaca a “falta de respeito” dos que chegam a Milfontes em “roulottes, carros e carrinhas”.

Em declarações ao jornal diário, o autarca acusa estes turistas de, quando partem, deixam quantidades elevadas de lixo, onde se destacam “Dodots, papel higiénico e fraldas de bebé”. Conclusão: deixam o território em condições de salubridade e higiene “tão degradantes” que causam um misto de revolta e de repulsa na população de Milfontes.

Turistas chegam de vários pontos da Europa

Bruno Cabecinhas aponta o dedo a turistas espanhóis, franceses, alemães, entre outros, como os principais causadores destas situações. E lembra a questão da segurança, “já que a livre circulação destas viaturas propicia todo o tipo de práticas ilegais e criminosas”.

Bruno Cabecinhas destaca como comportamento grave o que resulta do desrespeito pelos sinais de trânsito, já que, em muitas situações as pessoas fazem a circulação em sentido contrário ou estacionam onde não é permitido. O autarca remata em jeito de conclusão que os únicos beneficiários deste turismo são o supermercado local e a bomba da gasolina. Isto porque o comércio da restauração, pensões, pousadas ou hotéis não merecem a atenção dos caravanistas.

 

Por: Idealista