Calçado e corte adequados previnem «unha encravada»

09:19 - 16/08/2019 OPINIÃO
Artigo de opinião de Francisco Oliveira Freitas, podologista responsável pelo Centro de Podologia de Famalicão

Em qualquer idade, estamos suscetíveis ao surgimento de problemas nas unhas que podem mudar o seu formato, textura, coloração e saúde. Todas as pessoas devem manter-se atentas a estas possíveis alterações, que não afetam apenas a estética das suas mãos ou pés. As unhas, além de responsáveis pela proteção das pontas dos dedos e ações que envolvem alguma precisão, podem funcionar ainda como um alerta de que algo não está bem. Por vezes, estas modificações são mesmo sinais iniciais do desenvolvimento de doenças sistémicas.

A onicocriptose, vulgarmente reconhecida como “unha encravada”, é uma lesão comum que deve ser tratada atempadamente de modo a evitar infeções causadas por bactérias e o recurso à cirurgia. Normalmente, este problema surge no dedo grande do pé, quando um ou os dois cantos da unha crescem em direção à pele circundante do dedo e a perfuram, chegando aos tecidos mais profundos, em vez de crescerem em linha reta para além das margens do dedo.

Quando a unha penetra a pele, a pessoa poderá notar dor, vermelhidão, irritação, inchaço e pus. Para prevenir o agravamento do estado da unha e do pé, é necessário um especial cuidado com a “unha encravada” e um diagnóstico precoce. Sobretudo pessoas com diabetes e outras patologias que causem uma circulação deficiente, lesões nos nervos da perna ou do pé ou com a unha já infetada devem adotar uma atitude preventiva, logo à primeira suspeita, e procurar ajuda especializada. Para o tratamento podológico da “unha encravada”, poderá recorrer-se a técnicas não traumáticas que permitem corrigir a unha, removendo a espícula, ou a um procedimento cirúrgico definitivo que remove a parte encravada da unha, quando a situação clínica se torna crónica e de difícil resolução.

Quais as causas desta lesão na unha?

Esta situação clínica afeta principalmente adolescentes e adultos, sendo muitas vezes causada por um corte incorreto. Uma vez que cortar demasiado as unhas, principalmente nas laterais, potencia o risco de vir a ter unhas encravadas. O uso de calçado apertado que causa pressão nas unhas, como sabrinas ou chuteiras, fazendo com que comecem a crescer dentro da pele, é também uma das principais razões. Além dos riscos associados a fatores hereditários e genéticos, à prática desportiva e a traumatismos do dia-a-dia, a ansiedade e os desequilíbrios hormonais podem ainda acelerar o crescimento das unhas, o que faz com haja uma maior tendência para desenvolver este problema podológico. O excesso de transpiração é um outro fator, dado que as unhas se tornam mais moles e, por isso, ficam mais sujeitas a partir-se.

 

Como posso prevenir a “unha encravada”?

Estar atento aos sinais e sintomas, vigiar a sua saúde e visitar com regularidade um podologista são alguns dos cuidados a ter para dar “um passo por cima” deste problema. No dia-a-dia existem ainda alguns cuidados e hábitos de prevenção da “unha encravada”:

Com o verão “à porta”, use calçado arejado e que permita a ventilação do pé, uma vez que os sapatos fechados aumentam o calor e a humidade local;

Cortar as unhas em linha reta, não fazendo um corte arredondado nos cantos, de modo a permitir que a unha cresça para além da pele nas margens;

Não cortar demasiado as unhas;

Ao invés de uma tesoura ou corta-unhas, optar por um alicate de pontas retas, de maneira a não cortar as extremidades dos cantos das unhas;

Escolher um calçado adequado à largura e comprimento do pé, procurando que o sapato não pressione os dedos;

Trocar regularmente de calçado e colocá-lo a arejar, para evitar a concentração de humidade;

Escolher meias de algodão;

Fazer uma higiene cuidada do pé, secando bem os espaços entre os dedos.

 

Por: Miligrama